sábado, 6 de abril de 2013

ANUNCIAÇÃO DO SENHOR A MARIA
 

08 de Abril de 2013
Segunda-feira da II Semana da Páscoa
 
Texto de Leitura: Lc 1,26-38


Naquele tempo, 26o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, 27a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era descendente de Davi e o nome da Virgem era Maria. 28O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” 29Maria ficou perturbada com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. 30O anjo, então, disse-lhe: “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. 31Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. 32Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. 33Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim”. 34Maria perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso, se eu não conheço homem algum?” 35O anjo respondeu: “O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus. 36Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice. Este é o sexto mês daquela que era considerada estéril, 37porque para Deus nada é impossível”. 38Maria, então, disse: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” E o anjo retirou-se.

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Alguns pensamentos para nossa reflexão nesta solenidade:


1. Na Anunciação, o Anjo de Deus não chama Maria pelo nome, mas chama-a simplesmente de “Cheia de graça”. O termograça’ significa benefício absolutamente gratuito, livre e sem motivo. Também tem outro significado: um efeito do favor divino que torna alguém belo, amável e encantador. A graça da criatura depende da graça de Deus, e não vice-versa.


As grandes promessas de Deus passam pela mulher que é Maria. Por isso, ela faz possível a esperança. Quando o homem sofre crises de morte, aparece uma mulher em estado da graça, como anúncio e promessa.


Na graça reside a completa explicação de Maria, a sua grandeza e a sua beleza. Maria encontrou graça, isto é, favor, junto de Deus; ela é cheia do favor divino. Como as águas preenchem o mar, assim a graça preenche a alma de Maria. Maria é cheia de graça também em outro sentido: ela é bela, daquela beleza que chamamos de santidade. Sendo agraciada, Maria é também graciosa.
   

Esta graça, que consiste na santidade de Maria, tem também uma característica que a coloca acima da graça de qualquer outra pessoa. A Igreja latina expressa isso com o título de “Imaculadaque significa a ausência de qualquer pecado.
 

Que significa para a Igreja, e para cada um de nós, o fato de a história de Maria começar com a palavragraça’? Significa que, para nós também, no começo de tudo, está a graça, a livre e gratuita eleição de Deus, o seu inexplicável favor, o seu vir ao nosso encontro em Cristo e doar-se a nós por puro amor. Significa que a graça é “primeiro princípio do cristianismo”. Cada um de nós tem a explicação de seu próprio ser unicamente no amor com que Deus o amou e amando criou. A salvação, em sua raiz, é graça e não resultado da vontade do homem, como diz S. Paulo: “É pela graça que fostes salvos, mediante a . E isto não é a vós que se deve; é dom de Deus” (Ef 2,8). Na cristã, antes do mandamento vem o dom. O dom que gera o dever, não vice-versa. Não é a lei que gera a graça, mas é a graça que gera a lei. A graça, de fato, é a nova lei do cristão, a lei do Espírito.
  

Maria lembra cada um de nós que tudo é graça. A graça é a característica do cristianismo, que por ela se diferencia de qualquer outra religião. A graça é a presença de Deus. As duas expressões: “cheia de graça” e “o Senhor está contigo são quase a mesma coisa. Esta presença de Deus no homem realiza-se agora em Cristo e por Cristo. De fato ele é o Emanuel, o Deus-Conosco.
 

A primeira coisa que cada um de nós deve fazer como resposta à graça de Deus é dar graças. A graça de Deus tem de ser acompanhada pelo agradecimento do homem. Dar graças significa, antes de tudo, reconhecer a graça, aceitar a gratuidade da mesma. Dar graças significa aceitar-se como devedor, como dependente; deixar que Deus seja Deus. É preciso fazer o possível para renovar cada dia o contato com a graça de Deus que está em nós. Pela graça podemos manter, desde esta vida, o contato com Deus. Precisamos crer na graça, crer que Deus nos ama, que nos é favorável de verdade, pela graça fomos salvos.


2. Maria é a primeira cristã por causa do seu sim a Deus para que possa nascer para a humanidade Jesus Cristo, nosso Salvador. Não era nenhuma princesa nem nenhuma patroa na sociedade do seu tempo. Era uma mulher simples do povo, uma moça pobre. Mas Deus se compadece dos humildes e dos simples. Para Deus tudo é simples, e para o simples tudo é divino. A simplicidade atrai a bênção de Deus e a simpatia humana. O simples, o humilde é o terreno fértil onde a graça de Deus encontra seu lugar e através do qual Deus fala para o mundo.


3. Maria é modelo de nossa vocação cristã. Como ela, um dia, aceitou a Palavra de Deus e acolheu em si o Espírito de Deus e gerou Cristo de sua carne, assim também cada um de nós, seguidores de Cristo há de realizar sua vocação aceitando docilmente a Palavra de Deus, acolhendo em sua vida o Espírito de Deus e continuando no tempo a encarnação de Cristo. Cada um tem a missão de levar Jesus e dá-lo ao mundo, pois o mundo espera pela salvação apesar de sua resistência.
        

O compromisso da vida cristã é deixar-se fecundar pelo Espírito de Deus, como Maria, escutando a Palavra de Deus que vem por meio de mensageiros, tendo em conta nossa situação e nossas forças, mas respondendo a Deus com confiança e interesse. O cristão deve deixar-se encarnar pela Palavra de Deus.


P.  Vitus Gustama,svd


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DEIXAR-SE GOVERNAR PELO ESPÍRITO DE DEUS
 
Segunda-feira da II Semana da Páscoa
Texto de Leitura: Jo 3,1-8
1Havia um chefe judaico, membro do grupo dos fariseus, chamado Nicodemos, 2que foi ter com Jesus, de noite, e lhe disse: “Rabi, sabemos que vieste como mestre da parte de Deus. De fato, ninguém pode realizar os sinais que tu fazes, a não ser que Deus esteja com ele”. 3Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade, te digo, se alguém não nasce do alto, não pode ver o Reino de Deus”. 4Nicodemos disse: “Como é que alguém pode nascer, se já é velho? Poderá entrar outra vez no ventre de sua mãe?” 5Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade, te digo, se alguém não nasce da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus. 6Quem nasce da carne é carne; quem nasce do Espírito é espírito 7Não te admires por eu haver dito: Vós deveis nascer do alto. 8O vento sopra onde quer e tu podes ouvir o seu ruído, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece a todo aquele que nasceu do Espírito”.
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O evangelho fala do encontro pessoal de Nicodemos com Jesus. Nicodemos era um dirigente judeu muito representativo. Como homem de boa vontade ele ficava impressionado com as palavras e as ações de Jesus. E decidiu procurar conversar com Jesus à noite. A noite, aqui, significa a resistência para deixar-se iluminar por Jesus, como Luz do mundo (Jo 8,12) por causa de uma ideologia que se opõe ao amor gratuito de Deus pelo homem. O mundo da lei que Nicodemos representa é inimigo da vida contida no projeto de Deus. Com sua disposição de conversar com Jesus, Nicodemos se aproxima da luz que é o próprio Jesus. Quanto mais nos aproximarmos de Jesus, mais iluminada ficará nossa vida. Conseqüentemente, seremos reflexos de Deus na convivência com os demais, em vez de ser um peso para os outros.
 
 
Nicodemos começa a conversa com o seu reconhecimento de que Jesus vem de Deus: “Rabi sabemos que vieste como mestre da parte de Deus. De fato, ninguém pode realizar os sinais que tu fazes a não ser que Deus esteja com ele”. Aquele que se preocupa com o bem do próximo ou de todos só pode ser uma pessoa de Deus. Toda ação feita pelo bem da humanidade, ou pela fraternidade é feita sob o impulso do Espírito de Deus embora aquele que a faz não tenha consciência disso: “Toda árvore boa dá bons frutos; toda árvore má dá maus frutos. Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má, bons frutos”, disse Jesus na conclusão do Sermão da Montanha (Mt 7,17-18).
 
 
Diante das palavras de Nicodemos, Jesus afirma: “Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus”. Na Antiguidade, havia a idéia de que, para entrar numa nova religião ou num sistema filosófico, era preciso «renascer». Hoje diríamos que é preciso mudar de mentalidade. Mas o que Jesus quer enfatizar é o nascimento “do alto” ou de Deus. Aquele que nasce de Deus vive sob o impulso do Espírito Santo e sempre se renova. O poder de Deus é capaz de romper com o passado porque é possível esperar de Deus uma vida nova e uma nova força que ninguém pode segurar.
 
 
Por isso, Jesus acrescenta outra afirmação: “O vento sopra para onde quer”. Para o homem antigo o sopro do vento era algo totalmente misterioso. O vento não pode ser segurado, não pode ser colocado num punho e ninguém pode estabelecer sua direção. Jesus usa essa comparação para quem é nascido do Espírito. Aquele que é dominado pelo Espírito de Deus e vive de acordo com seu impulso, não vive sob cálculos humanos, porque sua pessoa e sua existência se fundam em Deus e no Espírito divino. Como dizia Shakespeare: “Sabemos o que somos, mas não o que podemos ser”. Aquele que se deixa conduzir pelo Espírito de Deus terá muitas surpresas de Deus na sua vida. É uma existência que participa do sopro do Espírito e, portanto, de Deus. Os renovadores são pessoas otimistas. Eles vivem profundamente no presente com um olhar de confiança para o futuro.
 
 
Mudança, renovação e transformação são o código do mundo avançado, no entanto nem sempre queremos mudar. Quando estamos felizes, desejamos que o relógio pare, que nada mude: queremos parar o tempo, “imobilizar” o instante fugido. Apenas mudamos quando estamos mal (necessidade) ou quando tememos uma piora. Mas quem quer avançar profissionalmente ou espiritualmente é preciso adotar o código do mundo avançado: renovação, mudança e transformação. “Quem não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus”.
 
P. Vitus Gustama,svd
 
 
 
 

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