CHAMADOS A SER COMO
AQUELE QUE VEM DO ALTO
Quinta-feira da II Semana da Páscoa
11 de Abril de 2013
Texto
de Leitura: Jo 3, 31-36
31“Aquele que vem do alto
está acima de todos. O que é da terra, pertence à terra e fala das coisas da
terra. Aquele que vem do céu está acima de todos. 32Dá testemunho
daquilo que viu e ouviu, mas ninguém aceita o seu testemunho. 33Quem
aceita o seu testemunho atesta que Deus é verdadeiro. 34De fato,
aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus, porque Deus lhe dá o espírito
sem medida. 35O Pai ama o Filho e entregou tudo em sua mão. 36Aquele
que acredita no Filho possui a vida eterna. Aquele, porém, que rejeita o Filho
não verá a vida, pois a ira de Deus permanece sobre ele”.
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“Aquele que vem do alto está acima
de todos”.
Esta expressão significa ocupar uma posição de poder e de domínio. Jesus obteve
essa posição como Senhor sobre todos com sua ressurreição e glorificação. Jesus
é superior a todos os demais seres humanos, porque ele experimentou a
intimidade profunda do Pai. Por isso, Jesus é distinto e superior a todos os
anteriores enviados de Deus. Toda a vida de Jesus teve como pano de fundo o
amor que ele colocou como o Mandamento Novo (Jo 13,34). O amor é o eixo
condutor da vida. Este amor foi tão tenso na vida e missão de Jesus que o Pai
não hesitou em colocar nas mãos do Filho, inclusive o poder de julgar a vida de
quem se negar a crer nele. a superioridade divina consiste no amor. Se Jesus
ocupa essa posição superior a todos os demais seres humanos não devemos ter
medo do resto. Precisamos acreditar cegamente nele para que possamos também triunfar.
Hoje o evangelho nos convida a
deixarmos de ser “mundanos”, a deixarmos de ser homens que somente falam de
coisas mundanas, para passarmos a falar como “aquele que vem de cima” que é
Jesus. É preciso olharmos para cima, para o céu para poder ordenar nossa vida
aqui em baixo, no mundo. É necessário que em todo momento e circunstância nos
esforcemos a ter o pensamento de Deus, que tenhamos ambição de ter os mesmos
sentimentos de Cristo. Se atuarmos como “aquele que vem de cima” descobriremos
facilmente o sentido da vida, das coisas e das pessoas ao nosso redor. Se
tivermos os sentimentos como os “daquele que vem do alto”, amaremos todos os
seres humanos sem exceção e nos preocuparemos em cuidar da nossa própria vida e
da vida dos demais, inclusive da vida da natureza criada por Deus.
“O que é da terra pertence à terra
e fala das coisas da terra”. Ser da terra é ser limitado por um horizonte
terreno incapaz de ver além da aparência. É não ter o conhecimento imediato de
Deus.
Cada cristão deve saber identificar
as duas classes de consciências pelas quais o ser humano pode optar: o terreno
(inferno, egoísta, prepotência etc.) ou o celestial (amor, partilha,
fraternidade, igualdade, etc.). Estes dois pólos de consciência expressam
realmente os elementos com os quais cada um se identifica: um busca seus
próprios interesses (ser interesseiro); o outro busca a criação de uma
sociedade igualitária, mais fraterna, mais justa, mais honesta e assim por
diante.
O celestial e o terreno influenciam
nossa maneira de viver de cada dia. Mas no fim, o celestial triunfará e o
terreno fracassará apesar da aparência vitoriosa. Fica apenas na aparência.
Quem fica na aparência, vive apenas na superficialidade. Santo Agostino dizia: “Amando
a Deus nos tornamos divinos; amando o mundo nos tornamos mundanos... O amor ao
mundo corrompe a alma; o amor ao Criador do mundo a purifica... A virtude é a
ordem de amor”.
A verdade está em Deus e por isso,
a verdade é eterna e imutável; os meios não são imutáveis nem eternos. A busca da
verdade será sempre um exercício de modéstia, pois trata-se de indagar e não de
possuir a verdade. O nosso conhecimento nunca é absoluto nem total e sim sempre
parcial, pois vemos as coisas apenas do nosso ângulo, mas ainda tem outros
ângulos. A verdade é uma só e universal e nunca parcial. Ou é a verdade ou não
é verdade.
Deveríamos nos perguntar hoje: em
quem cremos; em quem confiamos, quais são as fontes onde buscamos a verdade?
Lamentavelmente temos experiência do que é a mentira. Muitas vezes fabricamos
fatos inexistentes só para nos aparentar bons. Mentira é aquela distorção do
real que gera desconfiança, medo, distancia e confusão. Diante da mentira se
situa a Verdade, mencionada na página do evangelho de hoje. A verdade é o
próprio Deus (Jo 14,6) e por isso, gera a vida. A verdade é o conhecimento do
sentido da vida. A mentira gera a morte. “O que é da terra pertence à terra e
fala das coisas da terra”. Mas “Aquele que vem do alto está acima de todos”. A
que você pertence: às coisas do alto ou à terra?
P. Vitus Gustama,svd
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