AMOR: A PARTIR DE DEUS O MUNDO
É GOVERNADO POR AMOR
Quarta-feira da II Semana da Páscoa
10 de Abril de 2013
Texto
de Leitura: Jo 3,16-21
16Deus amou tanto o mundo,
que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas
tenha a vida eterna. 17De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo
para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. 18Quem
nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, porque não
acreditou no nome do Filho unigênito. 19Ora, o julgamento é este: a luz veio ao mundo, mas os homens
preferiram as trevas à luz, porque suas ações eram más. 20Quem
pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, para que suas ações não
sejam denunciadas. 21Mas quem age conforme a verdade aproxima-se da
luz, para que se manifeste que suas ações são realizadas em Deus.
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“Deus amou tanto o mundo, que deu o seu
Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna”
(Jo 3,16). Esta frase é uma síntese bíblica que condensa todo o quarto
Evangelho (Evangelho de João). O quarto Evangelho foi escrito para que
acreditemos em Jesus, oferta de amor e salvação de Deus para a humanidade, e
para que, crendo nele, tenhamos a vida em seu nome (cf. Jo 20,31). E esta
oferta tem um motivo e uma finalidade e um meio. O motivo da oferta é o amor
apaixonado de Deus pela humanidade: “Deus
amou tanto o mundo que entregou o seu Filho único”. E a finalidade desta
oferta é a salvação da humanidade: “...para
que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”. E o meio
para que o amor de Deus chegue até a humanidade é a encarnação de Deus em Jesus
Cristo. Jesus é a manifestação tangível do amor do Pai (1Jo 4,9). O objeto da
fé em Jo é acreditar em um Deus que nos ama e que este Deus acampou no meio de
nós (Jo 1,14).
A partir da frase acima mencionada
sabemos quem é Deus? Muitas definições foram feitas sobre Deus tanto a partir
da filosofia como da teologia em geral e outras disciplinas científicas e
exatas, mas nenhuma definição mais certa e curta do que a de São João: “Deus é
amor” (1Jo 4,8.16). Esta frase é carregada de mistério e de promessa, toda
nossa história. É a frase nuclear e radiante. Esta frase, ao meditá-la e
vivê-la no dia-a-dia, tem a capacidade de manter a esperança no mundo e tem uma
força tremenda para o homem continuar sua luta pela dignidade, pois o amor é a
ultima palavra da vida. “O Amor é a nossa origem. O Amor é o chamado
constante na vida. O Amor é a plenitude da vida. No entardecer da nossa vida
seremos julgados no amor” (Santo Agostinho).
A resposta para o porquê da
criação, da encarnação e da redenção é o amor de Deus por todos nós. Toda a
atividade de Deus é uma atividade amorosa. Se cria, Ele cria por amor; se
governa as coisas, o faz no amor; quando julga, julga com amor. Tudo quanto faz
é expressão de sua natureza, e sua natureza é amar. Amar é dar-se a si mesmo. O
plano de salvação não tem outro fundamento que o incompreensível amor de Deus
por nós todos e por cada um de nós em particular. Por amor anda Deus em nossa
busca pelos caminhos do mundo. É um Deus que não tem medo de sacrificar até o
próprio Filho para resgatar todos nós, pecadores e perdidos, por amor. O homem
nenhum na face da terra sacrificaria seu próprio filho para resgatar os outros.
Somente o Deus apaixonado por nós todos.
Deixar de olhar para Deus que se
encarna em Jesus será para nós uma perdição eterna e será para nós uma
infelicidade sem fim. Levado por seu amor, Deus salta o abismo que nos separava
dele e se aproxima de nós para nos dar o que mais quer: seu “único Filho”. Mais
ainda, entregou seu único Filho à morte para que todos nós tenhamos vida. E
esta vida dada para nós gratuitamente se renova em cada Eucaristia para que
sejamos um dom para os outros; para que façamos o bem também para os outros.
Jamais um cristão pode fazer o mal ou ser cúmplice do mal.
O melhor comentário para este texto
de Jo 3,16 é a primeira carta de São João 4,18-21: “No amor não há temor.
Antes, o perfeito amor lança fora o temor, porque o temor envolve castigo, e
quem teme não é perfeito no amor. Mas amamos, porque Deus nos amou
primeiro. Se alguém disser: Amo a Deus,
mas odeia seu irmão, é mentiroso. Porque aquele que não ama seu irmão, a quem
vê, é incapaz de amar a Deus, a quem não vê. Temos de Deus este mandamento: o
que amar a Deus, ame também a seu irmão”.
Será que amamos realmente Deus?
A Paixão e morte de Jesus Cristo são
a manifestação suprema do amor de Deus pelos homens. Deus é amor, amor que se
difunde e se prodiga; e tudo se resume nesta grande verdade que tudo explica e
o ilumina. É necessário ver a história de Jesus sob esta luz. “Ele me amou e
sacrificado por mim”, escreveu São Paulo (Gl 2,20). Cada um precisa repetir
esta frase a si mesmo. O amor de Deus por nós culmina no sacrifício do Calvário.
A entrega de Cristo constitui uma chamada estimulante e apressada para
corresponder a esse amor: amor com amor se paga. O homem foi criado à imagem e
semelhança de Deus (Gn 1,27), e Deus é amor (1Jo 4,8.16). Por isso, o coração
do homem está feito para amar e quanto mais se ama, mais se identifica com Deus
e somente quando ama, o homem pode ser feliz.
Num mundo acostumado ao comércio,
ao preço das coisas, é difícil entender a gratuidade, é difícil entender a ação
de Deus que quer dialogar, amar com liberdade a todos, oferecendo a
oportunidade de salvação, graça e vida. Nós, na nossa vida cotidiana, damos uma
parte de nossa vida, enquanto Deus dá tudo para a humanidade. Por isso, quando
ele pedir do homem, Deus não pede muito do homem, mas pede tudo do homem.
P. Vitus Gustama,svd
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