CRER EM JESUS, PÃO DA
IMORTALIDADE SIGNIFICA NÃO PARAR DE EXISTIR
Quinta-feira da III Semana da Páscoa
18 de Abril de 2013
Texto: Jo 6,44-51
Naquele tempo, disse Jesus à
multidão: 44“Ninguém pode vir a mim, se o pai que me enviou não o atrai. E eu o
ressuscitarei no último dia. 45Está escrito nos
Profetas: ‘Todos serão discípulos de Deus’. Ora, todo aquele que escutou o Pai
e por ele foi instruído, vem a mim. 46Não que alguém já tenha
visto o Pai. Só aquele que vem de junto de Deus viu o Pai. 47Em verdade, em verdade
vos digo, quem crê possui a vida eterna. 48Eu sou o pão da vida. 49Os vossos pais comeram o
maná no deserto e, no entanto, morreram. 50Eis aqui o pão que desce
do céu: quem dele comer, nunca morrerá. 51Eu sou o pão vivo descido
do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha
carne dada para a vida do mundo”.
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Continuamos com o discurso de Jesus
sobre o Pão da vida que é ele próprio. No texto de hoje o que se acentua é a fé
em Jesus como condição para ter a vida eterna (veja Jo 35-40). A frase que a
resume melhor é v.47: “Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim
possui a vida eterna”.
A passagem do evangelho deste dia
se abre com uma afirmação categórica de Jesus sobre a intervenção do Pai na
vida do cristão: “Ninguém pode vir a mim se o Pai que me enviou não o atrai”.
O interessante desta afirmação é que Jesus a clarifica em seguida: “Não é que
alguém tenha visto o Pai”. Isto nos estabelece a necessidade de saber entender
a forma em que Deus intervém em nossa vida. Certamente não o faz com aparições
e sim no silêncio da vida cotidiana. Segundo Jesus na cotidianidade da vida é
que podemos descobrir a presença de Deus.
Os verbos usados no texto anterior
(Jo 35-40) são ver, vir e crer. E hoje se acrescenta um algo novo: a graça: “Ninguém
pode vir a mim se o Pai que me enviou não o atrai”. “Vir a mim” é outra
forma de crer em Jesus. Mas para vir a Jesus o homem necessita da graça de
Deus: o Pai precisa atrair o homem. Esta afirmação quer dizer que a fé é um dom
de Deus. E esse dom requer uma decisão pessoal. A graça é o papel divino. A
correspondência a esta graça é o papel da liberdade humana. Com esta afirmação
Jesus quer colocar em destaque a necessidade absoluta da graça de Deus: é
necessária uma iluminação interior que vem de Deus para compreender as coisas
de Deus, para vir a Cristo Jesus, para ter a fé. Esta iluminação divina é dada
a todos, mas o homem pode resistir diante dela. É o grande mistério da
responsabilidade livre do homem. Deus propõe e nunca impõe. Isto significa que a
responsabilidade recai sobre o próprio homem. O homem é livre para aceitar ou
para recusar. Mas o próprio homem vai assumir as conseqüências de sua
liberdade, e não Deus que com sua graça oferece sempre o melhor para o homem. A
partir disso, posso me perguntar: Será que eu escuto o Senhor? Será que eu
respondo à graça de Deus? Será que eu me deixo instruir e a atrair pelo Pai?
Em seguida Jesus fez a seguinte
afirmação: “Em verdade, em verdade vos digo, quem crê possui a vida eterna.
Eu sou o pão da vida. Os vossos pais comeram o maná no deserto e, no entanto,
morreram. Eis aqui o pão que desce do céu: quem dele comer, nunca morrerá. Eu
sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente”.
O primeiro Livro da Bíblia, o
Gênesis, afirma que Deus fez o homem para a imortalidade, pois estava num
jardim onde havia a arvore da vida (cf. Gn 2,8-9). E o último Livro, o
Apocalipse, afirma que Deus voltará a dar esta imortalidade (cf. Ap 2,7.11.17).
Agora Jesus afirma no texto do
evangelho de hoje que esta imortalidade nos é dada de volta pela fé em Jesus e
pela comunhão do Corpo do Senhor. Ter fé em Jesus significa não parar de
existir: “Em
verdade, em verdade vos digo, quem crê possui a vida eterna... Eu sou o pão
vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente”. O alimento
eucarístico, recebido na fé, põe o fiel em posição, já desde agora, no
presente, de uma vida eterna à qual a morte física não a afeta absolutamente: “Quem
crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” (Jo 11,25).
No final da leitura do evangelho
deste dia mudou o discurso. Começou a soar o verbo “comer”. A nova repetição:
“Eu sou o Pão vivo” tem agora outro desenvolvimento: “O Pão que eu darei é
minha carne para a vida do mundo”. Onde Jesus entregou sua carne pela vida do
mundo foi na cruz. Mas as palavras que seguem e que leremos amanhã (Jo 6,52-59)
apontam também claramente para a Eucaristia, onde celebramos e participamos
sacramentalmente de sua entrega na cruz. A Eucaristia é antecipação da glória
celestial como dizia Santo Inácio de Antioquia: “Partimos o mesmo pão
que é remédio de imortalidade, antídoto para não morrer, para viver para sempre
em Jesus Cristo”.
Jesus pede a cada um de nós uma disponibilidade
aberta a descobrir, a ler e a encontrar-se com Deus Pai no interior da própria
vida. Isto é que permite abrir-se e deixar-se penetrar por uma mensagem que
mudará a maneira de apreciar a realidade e a vida, de relacionar-se uns com os
outros e de entender Deus e de captar o sentido da vida e dos seus
acontecimentos. Segundo Jesus, há duas coisas que podemos fazer a partir da
cotidianidade: escutar o Pai em Jesus, o Verbo divino feito homem e reproduzir
as obras que Jesus fez através das condições que cada um tem.
“Eu sou o pão vivo descido do céu.
Quem comer deste pão viverá eternamente”. Quem comungar o Corpo do Senhor,
quem se alimenta da Palavra de Jesus deve respeitar, proteger e defender a vida
em todas as suas etapas. Jesus ama a vida, pois Ele é a própria vida (Jo 11,
25; 14,6). Logo, todo cristão deve amar a própria vida e a vida dos demais
homens.
P. Vitus Gustama,svd
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