SER
DISCÍPULO-MISSIONÁRIO DE JESUS RESSUSCITADO
Sábado da I Semana da Páscoa
06 de Abril de 2013
Textos de Leitura: At 4,13-21; Mc 16,9-15
9Depois de ressuscitar, na
madrugada do primeiro dia após o sábado, Jesus apareceu primeiro a Maria
Madalena, da qual havia expulsado sete demônios. 10Ela foi anunciar
isso aos seguidores de Jesus, que estavam de luto e chorando. 11Quando
ouviram que ele estava vivo e fora visto por ela, não quiseram acreditar. 12Em seguida, Jesus apareceu a dois deles, com outra aparência,
enquanto estavam indo para o campo. 13Eles também voltaram e
anunciaram isso aos outros. Também a estes não deram crédito. 14Por
fim, Jesus apareceu aos onze discípulos enquanto estavam comendo, repreendeu-os
por causa da falta de fé e pela dureza de coração, porque não tinham acreditado
naqueles que o tinham visto ressuscitado. 15E disse-lhes: “Ide pelo
mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura!”
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Todos os especialistas concordam
que o texto lido neste dia foi acrescentado ao evangelho de Marcos
posteriormente para preencher a ausência das aparições de Jesus após a
ressurreição, as quais relataram os outros evangelhos e outros textos do Novo
Testamento. A exegese moderna reconhece a canonicidade deste texto, mas nega
sua autenticidade como o de Marcos. O próprio evangelho de Marcos termina em Mc
16,8. Esse acréscimo aconteceu ainda na época apostólico.
O texto nos relatou que a aparição
de Jesus aos Onze discípulos aconteceu durante a refeição. A refeição é o
momento fraterno, momento de partilha durante o qual se estreitam os laços de
amizade, de família e de fraternidade mesmo que a qualidade daquilo que se come
e se bebe esteja longe de seu valor nutritivo. O momento da refeição é o
momento sagrado. É o momento de dar graças a Deus pela terra, criada por Deus,
que produz o alimento e pela colaboração do homem em cultivar a terra para
produzir alimentos para todos. Por isso, a ausência de um membro da família é
bastante sentida nesses momentos, especialmente nos dias comemorativos. Um dos
sacramentos instituídos por Jesus é, precisamente, o sacramento da “refeição
fraterna” chamado de Eucaristia. É preciso que a nossa participação na
Eucaristia reflita nossas refeições familiares e fraternas em nossa família. E
que a Eucaristia da qual participamos reflita também nas nossas refeições
familiares e na convivência mais fraterna com os demais.
Durante a refeição é que o Senhor
deu aos Onze discípulos o mandato de anunciar a Boa Nova para o mundo inteiro
(toda criatura): “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda
criatura!”. O mandato de ir pelo
mundo inteiro para evangelizar dado durante a refeição nos quer enfatizar que
toda a atividade de evangelização deve ser feita no espírito de fraternidade e
familiaridade, pois todos nós somos filhos e filhas do mesmo Pai celeste pela
participação na filiação divina de Jesus Cristo que nos deu o mandato de
proclamar a Boa Nova aprofundando nosso laço de fraternidade entre todos.
Graças aos Apóstolos chegou até nós a Boa Nova.
Os apóstolos são testemunhas da
grande mensagem da ressurreição e sua pregação está em torno da ressurreição do
Senhor. E os apóstolos se defenderam com valentia diante do tribunal como lemos
nos Atos dos Apóstolos. A fé e o contato cotidiano com a Palavra de Deus são
capazes de transformar os mais humildes em homens valentes e seguros de si
mesmos. É a valentia que nasce da liberdade da fé. Os apóstolos (acusados) eram
gente simples e sem cultura, mas os homens seguros e valentes, intérpretes da
Escritura e pregadores que passaram de acusados para acusadores. Não havia
ordens nem ameaças capazes de os fazerem calar porque a força irresistível de
Deus estava com eles. Os seus adversários se encontraram em nítida dificuldade
ou em beco sem saída, e pretendiam ocultar fatos. Mas os fatos, como a cura do
coxo (cf. At 4,13-21), falam ou se argumentam por si mesmos. Negar os fatos tão
evidentes é considerar-se como mentiroso, cego ou manipulador, fruto de um
autoritarismo e arrogância que por trás de tudo isso se esconde algum interesse
pessoal ou coletivo, ou sente-se ameaçado nos seus negócios interesseiros. Mas
quem vive no bem e do bem reconhece facilmente a presença da verdade onde
estiver. Viver de acordo com a verdade é viver na liberdade e na leveza: “Se
permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos e
conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8,32). Quem vive de
acordo com a Palavra de Deus vive na verdade e conforme a verdade. Mas a
verdade é para ser dita com caridade a fim de ganharmos os outros para Deus e
para o bem maior.
“Ide pelo mundo inteiro e
anunciai o Evangelho a toda criatura!”. Os Onze discípulos que saem para
proclamar o evangelho pelo mundo são uns indivíduos duplamente culpáveis. São
culpáveis de ter abandonado o Mestre durante a Paixão. São culpáveis também
pela sua incredulidade depois da ressurreição, como relatou o evangelho de
hoje. Precisamente para estes discípulos é que Jesus de este mandato: “Ide
pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura!”. É levar a mensagem que não pertence aos
discípulos, mas pertence a Jesus Cristo. Isto significa que eles devem se
apoiar totalmente em Jesus Cristo permanentemente para ser fieis à mensagem do
Senhor. Se não se apoiar em Jesus Ressuscitado acontecerão novamente a traição
e a incredulidade. Quem prega não é porque seja melhor e mais inteligente do
que os demais e sim por reconhecer-se pecador que recebeu o perdão de Deus e
por ser incrédulo que foi libertado da incredulidade.
Olhando para a vida e a experiência
dos Onze não temos mais razão para não levar adiante o mandato missionário do
Senhor. Para você, para mim, para nós Jesus também diz: “Ide pelo mundo
inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura”.
Para Refletir:
“Ao
chamar os seus para que o sigam, Jesus lhes dá uma missão muito precisa:
anunciar o evangelho do Reino a todas as nações (cf. Mt 28,19; Lc 24,46-48).
Por isso, todo discípulo é missionário, pois Jesus o faz partícipe de sua
missão, ao mesmo tempo, que o vincula como amigo e irmão. Dessa maneira, como
ele é testemunha do mistério do Pai, assim os discípulos são testemunhas da
morte e ressurreição do Senhor até que ele retorne. Cumprir essa missão não é
tarefa opcional, mas parte integrante da identidade cristã, porque é a extensão
testemunhal da vocação mesma (144).
Quando
cresce no cristão a consciência de pertencer a Cristo, em razão da gratuidade e
alegria que produz, cresce também o ímpeto de comunicar a todos o dom desse
encontro. A missão não se limita a um programa ou projeto, mas é compartilhar a
experiência do acontecimento do encontro com Cristo, testemunhá-lo e anunciá-lo
de pessoa a pessoa, de comunidade a comunidade e da Igreja a todos os confins
do mundo (cf. At 1,8). (145)
Bento
XVI nos recorda que "o discípulo, fundamentado assim na rocha da Palavra
de Deus, sente-se motivado a levar a Boa Nova da salvação a seus irmãos.
Discipulado e missão são como as duas faces da mesma moeda: quando o discípulo
está apaixonado por Cristo, não pode deixar de anunciar ao mundo que só ele nos
salva (cf. At 4,12). De fato, o discípulo sabe que sem Cristo não há luz, não
há esperança, não há amor, não há futuro". Essa é a tarefa essencial da
evangelização, que inclui a opção preferencial pelos pobres, a promoção humana
integral e a autêntica libertação cristã [146] (Documento de Aparecida da V
Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, 144-146).
P. Vitus Gustama,svd
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