CRER EM JESUS SIGNIFICA
SER DISCIPULO-MISSIONÁRIO E NÃO PARAR DE EXISTIR
Terça-feira da II Semana da Páscoa
09 de Abril de 2013
Textos
de Leitura: At 4,32-37; Jo 3,7b-15
Naquele tempo, disse Jesus a
Nicodemos: 7b“Vós deveis nascer do alto. 8O vento sopra
onde quer e tu podes ouvir o seu ruído, mas não sabes de onde vem, nem para
onde vai. Assim acontece a todo aquele que nasceu do Espírito”. 9Nicodemos perguntou: “Como é que isso pode acontecer?” 10Respondeu-lhe
Jesus: “Tu és mestre em Israel, mas não sabes estas coisas? 11Em
verdade, em verdade, te digo, nós falamos daquilo que sabemos e damos
testemunho daquilo que temos visto, mas vós não aceitais o nosso testemunho. 12Se
não acreditais, quando vos falo das coisas da terra, como acreditareis se vos
falar das coisas do céu? 13E ninguém subiu ao céu, a não ser aquele
que desceu do céu, o Filho do Homem. 14Do mesmo modo como Moisés levantou
a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, 15para
que todos os que nele crerem tenham a vida eterna”.
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Jo 3, que começamos a ler já no dia
anterior (na segunda-feira da II Semana da Páscoa), é um capitulo importante
para o evangelho de João porque neste capitulo se narra o primeiro discurso do
ministério público de Jesus através do diálogo com Nicodemos, que é um dos
membros do Sinédrio (trata-se de um homem público importante).
O tema central do diálogo é sobre a
fé. Mas em todo o seu evangelho João não usa o substantivo “fé” (ele usará uma
vez apenas na primeira carta em 1Jo 5,4). Em vez disso, ele usa o verbo “crer”
pelo menos 98 vezes no seu evangelho. E o verbo “crer” aparece com freqüência
precisamente nos lugares privilegiados onde há os seguintes elementos: a
manifestação de Jesus e a resposta de fé ou de incredulidade diante desta
manifestação. A importância da fé no quarto Evangelho aparece pelo fato de que
ela é o escopo da “obra de Deus”. Para João, a fé já é também a vida eterna. Fé
é conhecer o Filho que o Pai enviou, e este conhecer é “vida eterna” (Jo 17,3).
E no evangelho de João aquilo que significa crer pode ser dado em várias
expressões: “receber Jesus”, “vir a Jesus”, “procurá-lo”, “ouvi-lo”, “guardar a
palavra”, “permanecer nele”. O objeto único da fé em João é Jesus. Ao acreditar
em Jesus, o homem terá a vida eterna (cf. Jo 20,30-31)
O texto do evangelho deste dia é a
continuação do texto do evangelho do dia anterior que ainda fala do diálogo
entre Jesus e Nicodemos. Porém, percebemos através da narração do texto que é
muito mais o monólogo de Jesus do que o diálogo com Nicodemos.
Neste monólogo-diálogo Jesus se
apresenta como o único capaz de revelar as coisas do Céu: “Se não acreditais,
quando vos falo das coisas da terra, como acreditareis se vos falar das coisas
do céu? E ninguém subiu ao céu, a não ser aquele que desceu do céu, o Filho do
Homem”. Jesus veio do Céu e por isso, pode falar seguramente sobre
as coisas do céu, pois Ele próprio é o Verbo encarnado (cf. Jo 1,1-3.14).
Conseqüentemente é preciso que o homem olhe para Jesus e viva de acordo com
Suas palavras que são as Palavras da vida eterna (cf. Jo 6,68) a fim de que
seja salvo. Através de sua afirmação neste monólogo-diálogo Jesus anuncia já
que ele será crucificado (será levantado na Cruz) para que todos aqueles que
acreditarem em Jesus sejam salvos: “Do mesmo modo como Moisés levantou a
serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado,
para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna”.
Como podemos traduzir na vida
cotidiana a fé em Jesus? A leitura dos Atos dos Apóstolos nos mostra algumas
pistas. A fé se expressa na escuta atenta à Palavra de Deus. O povo eleito foi
formado não por um decreto e sim pela escuta da Palavra de Deus. Todos que
escutam a Palavra de Deus formam uma comunidade de fé. A fé que nasce da escuta
atenta à Palavra de Deus se transforma também em missão, pois é preciso que a
Palavra de Deus seja proclamada para que todos possam ser salvos. A maioria das
tragédias na Bíblia surgiu por causa da falta da escuta atenta à Palavra de
Deus. Podemos imaginar a vida de um filho ou filha que não quer escutar nada do
conselho dos seus pais.
Além da escuta atenta à Palavra de
Deus, a verdadeira fé deve se traduzir no amor mútuo e pela defesa da vida no
seu início, na sua duração e no seu término na história, pois acreditamos no
Deus da vida que ressuscitou Jesus da morte. Amor é o maior sinal de nossa
pertença a Jesus Cristo (cf. Jo 13,35).
A fé em Jesus se traduz também na
comunhão de vida em torno da Eucaristia. A Eucaristia é o verdadeiro alimento
para a Igreja peregrina que somos todos. A Eucaristia é a fonte e o ponto mais
alto da vida comunitária e cultual. A Eucaristia é “sacramento de piedade,
sinal de unidade, vínculo de caridade, banquete pascal em que se recebe Cristo,
a alma se enche de graça e nos é concedido o penhor da glória futura” (Sacrosanctum
Concilium, 47).
A fé em Jesus nos urge a sermos
missionários. Ser missionário é um dos traços mais importantes do ser cristão. Mas
para ser missionário de Jesus tem que ser primeiro seu discípulo (cf. Mc
3,13-14). Ser discípulo de Jesus supõe abandonar o modo de viver vivido até
então para adotar o estilo de vida de Jesus. Tudo isso implica a conversão. Mas
ser discípulo de Jesus é apenas um ponto de partida. Como discípulo, o cristão
é enviado para fazer os outros discípulos de Jesus (cf. Mt 28,19). Em outras
palavras, o cristão é discípulo para ser missionário. Para ser missionário
precisa ser discípulo de Jesus. E a conseqüência de ser discípulo de Jesus é
ser Seu missionário. O cristão é discípulo-missionário.
P. Vitus Gustama,svd
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