PAGÃO QUE ENSINA O CRENTE A CRER NA PALAVRA
DE DEUS
Sábado da XII Semana Comum
29 de Junho de 2013
Texto de leitura: Mt 8,5-17
Naquele tempo, 5 quando Jesus entrou
em Cafarnaum, um oficial romano aproximou-se dele, suplicando: 6 “Senhor, o meu
empregado está de cama, lá em casa, sofrendo terrivelmente com uma paralisia”. 7
Jesus respondeu: “Vou curá-lo”. 8 O oficial disse: “Senhor, eu não sou digno de
que entres em minha casa. Dize uma só palavra e o meu empregado ficará curado. 9
Pois eu também sou subordinado e tenho soldados sob minhas ordens. E digo a um:
‘Vai!’, e ele vai; e a outro: ‘Vem!’, e ele vem; e digo a meu escravo: ‘Faze
isto!’, e ele faz”. 10 Quando ouviu isso, Jesus ficou admirado, e disse aos que
o seguiam: “Em verdade, vos digo: nunca encontrei em Israel alguém que tivesse
tanta fé. 11 Eu vos digo: muitos virão do Oriente e do Ocidente, se sentarão à
mesa no Reino dos Céus, junto com Abraão, Isaac e Jacó, 12 enquanto os
herdeiros do Reino serão jogados para fora, nas trevas, onde haverá choro e
ranger de dentes”. 13 Então, Jesus disse ao oficial: “Vai! E seja feito como tu
creste”. E, naquela mesma hora, o empregado ficou curado. 14 Entrando Jesus na
casa de Pedro, viu a sogra dele deitada e com febre. 15 Tocou-lhe a mão, e a
febre a deixou. Ela se levantou, e pôs-se a servi-lo. 16 Quando caiu a tarde, levaram
a Jesus muitas pessoas possuídas pelo demônio. Ele expulsou os espíritos, com
sua palavra, e curou todos os doentes, 17 para que se cumprisse o que foi dito
pelo profeta Isaías: “Ele tomou as nossas dores e carregou as nossas
enfermidades”.
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Segundo Mateus, o primeiro milagre
operado por Jesus, que é a cura do leproso, foi para um membro do povo de Deus.
O segundo milagre foi em favor de um pagão. Tudo é um programa. O movimento
missionário da Igreja já está presente nesse segundo milagre. A salvação de
Deus não está reservada para uns poucos. Deus ama a todos os homens; seu amor
rompe as barreiras que levantamos entre nós. Jesus fez seu segundo milagre em
favor de um oficial romano, em favor de um pagão. E os romanos eram mal vistos
pelo Povo eleito.

Ao atender esse oficial “pagão”
Jesus quer nos mostrar que ele não aceita nossas divisões, nem nossos racismos
nem nossas discriminações. O coração de cada seguidor de Jesus deve ser
universal e missionário, como o próprio coração de seu Mestre, Jesus Cristo. E cada
cristão deve reconhecer e aceitar com facilidade qualquer pessoa do bem,
independentemente de sua crença.
“Senhor, meu empregado está de
cama, paralitico”. A oração desse homem serve de exemplo para nós. Ele
expõe simplesmente a situação; descreve a doença. E o mais notável é que ele
pede em favor do outro, de seu empregado. É uma oração de intercessão. Será que
eu rezo somente por mim mesmo e somente pela minha família? Será que tem lugar
na minha vida uma oração de intercessão? Será que eu rezo pelos outros,
especialmente pelos necessitados e por aqueles dos quais não gosta de mim ou
por aqueles das quais eu não gosto? (cf. Mt 5,43-47).
O Senhor sente em todo caso o grito
de sofrimento, apesar de o doente não estar presente. O Senhor não é
insensível. Sua reação é imediata: "Vou curá-lo".
Mas é impressionante a profunda
humildade desse oficial ao dizer a Jesus: “Senhor, eu não sou digno de que
entres em minha casa. Dize uma só palavra e o meu empregado ficará curado”.
Este pagão é muito consciente de que a lei judaica o recusa por ser pagão.
Ele não quer pôr Jesus em uma situação de “impureza legal”. Por isso, ele quer
evitar que Jesus entre em sua casa. “Dize uma só palavra e o meu empregado
ficará curado“, diz o oficial a Jesus. Este homem valoriza a Palavra de Jesus,
porque a Palavra de Deus está cheia de autoridade e de poder. O que interessa
ao evangelista Mateus é algo muito distinto: a força da Palavra de Jesus que
atua ou opera em quem crê.
O oficial romano estava muito
seguro do poder de Jesus, e por isso, ele disse: “Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Dize
uma só palavra e o meu empregado ficará curado”. Ele olha para Jesus como
quem tem autoridade em Sua palavra, pois entende que a enfermidade e o mal têm
que obedecer a Ele assim como os soldados obedecem ao seu general: “Pois eu
também sou subordinado e tenho soldados sob minhas ordens. E digo a um: ‘Vai!’,
e ele vai; e a outro: ‘Vem!’, e ele vem; e digo a meu escravo: ‘Faze isto!’, e
ele faz”. Para ele, Jesus Cristo é um grande “general” de todas as forças
do universo. É uma maravilhosa comparação. O mais maravilhoso ainda é o tamanho
da fé desse oficial romano.
Pela fé na Sua Palavra Jesus elogia
esse homem: “Em verdade, vos digo: em ninguém em Israel encontrei tanta fé”.
É a fé de quem se considera pagão. Mas se comporta como um verdadeiro cristão.
Jesus põe em contraste a
incredulidade dos seus contemporâneos judeus com a fé do pagão: “Em verdade,
vos digo: em ninguém de Israel encontrei tanta fé”. O tamanho da fé do “pagão” não
se encontra no meio do Povo eleito. A fé que se encontra no “pagão” não se
encontra naqueles que se dizem fieis ou crentes. O “pagão” ensina o crente a acreditar na
Palavra de Deus, pois ela é eficaz. É uma grande ironia! A fé que Jesus exige é
um impulso de confiança e de abandono pelo qual o homem renuncia a apoiar-se em
seus pensamentos e em suas forças para abandonar-se à Palavra e ao poder de
Aquele em quem acredita.
Antes de receber o Corpo do Senhor
na comunhão, repetimos a frase desse oficial romano: “Senhor, eu não sou digno
de que entres em minha morada. Dize uma só palavra, serei salvo”. A Eucaristia
quer curar nossas debilidades. O próprio Senhor Jesus se faz nosso alimento e
nos comunica sua vida: “O Pão que eu darei é a minha carne para a vida do
mundo. Quem come minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna” (Jo
6,51.54). A vida de Cristo que recebemos na comunhão deve transformar nossa
vida em vida para os demais homens. O oficial romano nos ensina a nos
preocuparmos com o bem do outro e a crermos no poder eficaz da Palavra de Deus.
P.Vitus Gustama, SVD
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