SEGUIR A JESUS CRISTO
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Sexta-feira da XVII Semana
Comum
02 de Agosto de 2013
Texto de Leitura: Mt 13,
54-58
Naquele tempo, 54 dirigindo-se para a sua
terra, Jesus ensinava na sinagoga, de modo que ficavam admirados. E diziam: “De
onde lhe vem essa sabedoria e esses milagres? 55 Não é ele o filho do
carpinteiro? Sua mãe não se chama Maria, e seus irmãos não são Tiago, José,
Simão e Judas? 56 E suas irmãs não moram
conosco? Então, de onde lhe vem tudo isso?” 57 E ficaram escandalizados
por causa dele. Jesus, porém, disse: “Um profeta só não é estimado em sua
própria pátria e em sua família!” 58 E Jesus não fez ali
muitos milagres, porque eles não tinham fé.
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“‘Não é ele o filho do carpinteiro?
Sua mãe não se chama Maria... Então, de onde lhe vem tudo isso?’. E ficaram
escandalizados por causa dele”.
Os conterrâneos de Jesus, os
nazarenos, acham conhecer Jesus, mas na verdade eles não O conhecem na sua
profundidade. Não há nada que seja tão perigoso do que a pretensão de saber de
tudo. Uma pessoa que tem essa pretensão se fecha em si mesma e deixa de
aprender. A falta da humildade impede alguém de aprender mais e de continuar a
crescer e impede alguém de ser irmão do outro. A pessoa que se fecha em si se
torna conservadora. Todo conservador não tem futuro, pois não aceita qualquer
novidade. Ela acha que não tenha mais nada para aprender. Certamente essas
pessoas são os familiares de Jesus; são os mais próximos de Jesus.
Tenho medo de que essas pessoas
sejamos nós também. Nós que achamos seguidores de Jesus, freqüentadores de
cultos ou celebrações, mas não queremos andar ou caminhar atrás de Jesus para
segui-Lo. A palavra “seguir” supõe movimento, dinâmica, peregrinação. O
verdadeiro seguidor é aquele que sempre olha para aquilo que seu Mestre faz, e
escuta aquilo que o Mestre diz e ensina. O verdadeiro seguidor é aquele que mantém
a mente e coração abertos, disponíveis, e prestes a renunciar tudo para
aprender além do que já sabe ou supostamente sabe. Só seguindo atrás de Jesus é
que poderemos ver muito mais coisas na vida e entenderemos o significado de
cada coisa e acontecimento. Quem vive dentro de quatro paredes vê sempre as
mesmas coisas e por isso, não há surpresa nem novidade. Ao sair do quatro para
ir à rua, começam as surpresas para sua vida.
“Não é ele o filho do
carpinteiro?”.
Os nazarenos reprovam a origem
humilde de Jesus. Para eles, Jesus é nada mais do que um simples filho de um
carpinteiro. Por ser filho de um carpinteiro, as palavras de Jesus não valem
para eles embora nelas se encontrem toda a verdade. Eles esperam um Messias
cheio de glória e poder; um messias misterioso, celestial e transcendente. Mas
Deus não encaixa em nossas idéias estereotipadas. Deus cabe no nosso coração,
mas não cabe na nossa cabeça, pois o coração sente aquilo que os olhos não
vêem. O coração compreende quando a mente se tranqüiliza. Além disso, é preciso
que ouçamos aquilo que alguém diz e não para aquele que o diz.
Os nazarenos preferem a imagem de
Deus que eles têm na cabeça ao próprio Deus. Para eles, Jesus é cotidiano
demais para ser Deus. Este é o maior perigo para qualquer adepto de qualquer
religião ou Igreja: identificar a imagem que tem de Deus com o próprio Deus.
Por isso, vale a pena cada um fazer esta pergunta: “A imagem de Deus que você
tem será que é o próprio Deus?”. Muitas vezes abandonamos o próprio Deus para
ficar com a imagem que achamos que seja Deus. Muitas vezes condenamos os outros
a partir da imagem de Deus que temos. Quem sabe que os que se acham crédulos
são muito mais incrédulos como os próprios conterrâneos de Jesus.
“Um profeta só não é estimado em sua própria
pátria e em sua família!”. E Jesus não fez ali muitos
milagres, porque eles não tinham fé.
As pessoas da cidade de Jesus
(vilarejo de Nazaré), do lugar de seu trabalho não se dispõem de tempo para
meditar se ali há um Profeta ou mais que um Profeta. Basta-lhes a vida
rotineira. Falta-lhes a fome da verdade. Falta-lhes o discernimento. Falta-lhes
a reflexão sobre a realidade. E a novidade do Reino trazida por Jesus suscita
neles apenas dúvidas, suspeitas e gozação. É o grande desafio da própria encarnação.
É o grande mistério da fé. A fé somente floresce em campos fecundos que se
deixam regar com chuva do céu.
Ao longo da história tem tido muitas
pessoas inspiradas por Deus para denunciar situações injustas e más condutas. Algumas
são conhecidas. Mas há muitíssimos profetas anônimos, gente que se atreve a
denunciar o que é injusto e desonesto. Muitos desses profetas pagam com a própria
vida pela denúncia feita, pois os que defendem os próprios interesses, e não os
interesses comuns não têm piedade de eliminar quem os denuncia.
Uma das funções como batizados é a função
profética: anunciar o bem e denunciar o mal. Um batizado não pode ficar em silêncio
diante da desonestidade e da injustiça. O silêncio nos faz cúmplices. Somos chamados
a ser profetas na nossa atualidade.
Não somente somos chamados a
denunciar, mas também a ouvir os que denunciam. Quem sabe que dentro dessa denúncia
estamos nós também, pois muitas vezes nos sentimos tão cômodos em nossa vidinha
tão perfeitamente organizada, em nossas próprias idéias tão formadas e
preestabelecidas, em nossa maneira inflexível de entender as coisas, em nossa
imagem estática de Deus que nos fazem surdos diante do apelo para o bem. Se há
verdade na denúncia, temos que agradecer a Deus, pois é um chamado para
voltarmos a trilhar o caminho do bem. Fé é caminhada. Quando ficamos
incomodados, paramos de ter fé. É mais cômodo crer em um Deus todo-poderoso que
controla tudo o que ocorre do que em um Deus que sofre com seus filhos, que é
crucificado para salvar os outros filhos de Deus, e em um Deus que nos criou
para que resolvamos as injustiças do mundo. No ritmo da velocidade do avanço tecnológico
precisamos estar atentos para ver e ouvir o que Deus quer nisto tudo. Não tapemos
nossos ouvidos nem fechemos nossos olhos nem paralisemos nossa mente. Precisamos
tempo todo estar atentos ao que ocorre para que possamos nos posicionar como
filhos e filhas de Deus, luz do mundo e sal da terra. Precisamos ter muita
flexibilidade e disponibilidade para acolher aquilo que Deus nos quer dizer,
inclusive através de quem menos esperamos, pois o Espírito de Deus sopra para
onde quer e por quem quer.
P. Vitus Gustama,svd
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