SER SIMPLES, PRUDENTE E PERSEVERANTE COMO
CRISTÃO
Sexta-feira
da XIV Semana Comum
12 de Julho de 2013
Texto
de Leitura: Mt 10, 16-23
Naquele tempo, disse Jesus aos seus
discípulos: 16 “Eis que eu vos envio como ovelhas no meio de lobos. Sede, portanto,
prudentes como as serpentes e simples como as pombas. 17 Cuidado com os homens,
porque eles vos entregarão aos tribunais e vos açoitarão nas suas sinagogas. 18
Vós sereis levados diante de governadores e reis, por minha causa, para dar
testemunho diante deles e das nações. 19 Quando vos entregarem, não fiqueis
preocupados como falar ou o que dizer. Então naquele momento vos será indicado
o que deveis dizer. 20 Com efeito, não sereis vós que havereis de falar, mas
sim o Espírito do vosso Pai é que falará através de vós. 21 O irmão entregará à
morte o próprio irmão; o pai entregará o filho; os filhos se levantarão contra
seus pais, e os matarão. 22 Vós sereis odiados por todos, por causa de meu nome.
Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo. 23 Quando vos perseguirem numa
cidade, fugi para outra. Em verdade vos digo, vós não acabareis de percorrer
as cidades de Israel, antes que venha o Filho do Homem.
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Estamos ainda no discurso de Jesus
sobre a missão (Mt 9,36-11,1). No texto
do evangelho de hoje Jesus nos recorda que a luta do discípulo na missão contra
o mal está em desvantagem: “Eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos”.
“Ovelha” é a presa fácil para o lobo. Ovelha é mansa, indefesa para qualquer
ataque. Lobo é feroz, forte e persistente.
Como os discípulos devem agir neste
tipo de ação? “Sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas”.
Simples e prudente são as palavras de
Jesus. A simplicidade é a lealdade, transparência, confiança na verdade e a recusa
de qualquer meio de violência. A simplicidade é a transparência do olhar, pureza
do coração, sinceridade do discurso, retidão da alma e do comportamento. A
simplicidade é a espontaneidade, a improvisação alegre, desprendimento, desprezo
do prevalecer. A simplicidade é o esquecimento de si, é nisso que ele é uma
virtude. A simplicidade é a virtude dos sábios e a sabedoria dos santos. O Reino
de Deus se revela na debilidade e na simplicidade de Jesus e de seus
mensageiros. A fortaleza de Deus encontra seu cumprimento na debilidade (cf. 2Cor
12,9). Toda a história da Igreja confirma esta verdade. São os pequenos e os
humildes que fizeram as maiores obras da evangelização, como Madre Teresa de
Calcutá e tantos outros.
Mas a debilidade não é presunção,
nem ligeireza, nem superficialidade ou ingenuidade. Por isso, segundo Jesus, a
debilidade ou a mansidão tem que ser acompanhada com a prudência. A prudência é
a capacidade e a humildade de valorizar e de levar em consideração as situações
concretas para agir sabiamente. Mas trata-se sempre, por suposto, da prudência
de Cristo, não da prudência do mundo baseada em cálculos cínicos, em diplomacia
interesseira e de compromisso sempre em busca de uma salvação própria, que é
uma manifestação do egoísmo. O egoísmo não convive com o amor, pois o amor leva
o homem ao encontro do outro para oferecer-lhe ajuda. O egoísmo devora tudo o
que o outro tem.
“Cuidado com os homens, porque
eles vos entregarão aos tribunais e vos açoitarão nas suas sinagogas. Vós
sereis levados diante de governadores e reis, por minha causa, para dar
testemunho diante deles e das nações”, acrescentou Jesus.
O cristão é aquele que conhece e crê
nas Palavras do Senhor (ensinamentos) e põe em prática os mesmos ensinamentos vivendo
o mesmo estilo de Sua vida. Em outras palavras, o cristão aceita ter a mesma
sorte do Senhor Jesus vivendo o que sabe e crê, ou o cristão não pode ser
chamado como tal ou nem pode ser considerado como cristão. Santo Agostinho
dizia: “O nome de cristão traz em si a conotação de justiça, bondade,
integridade, paciência, castidade, prudência, amabilidade, inocência e piedade.
Como podes explicar a apropriação de tal nome se tua conduta mostra tão poucas
dessas muitas virtudes?” (De vit. Christ.6).
Jesus não esconde a verdade aos
cristãos: o evangelho provoca, muitas vezes, a oposição e perseguição. Se como cristãos
somos perseguidos é porque nossa fé é profética por natureza. O profetismo,
isto é anunciar e denunciar, é um aspecto constitutivo do cristianismo. O cristão
deve anunciar o Reino de Deus neste mundo e denunciar os valores que
desumanizam a própria humanidade e pisam sobre a fraternidade e a igualdade. Se
a fé cristã deixar de ser profética, ela passará a ser algo vergonhoso, pois não
iluminará mais a humanidade nem dará sabor à vida. Se os cristãos ficarem
calados diante da injustiça, da opressão, da maldade ou do pecado para não complicar
sua própria existência, eles viverão um cristianismo falso. Se os cristãos optarem
por Deus em favor dos homens, eles entrarão em conflito com os poderes políticos
ou ideológicos que os escravizam, e sofrerão a perseguição, a incompreensão e
todo tipo de calamidades. Jesus anuncia a impossibilidade de viver
autenticamente a fé sem um compromisso pessoal contra todo tipo de pecado.
Jesus recomenda a prudência e
promete a assistência do Espírito capaz de animar a vida do cristão e dar a
valentia para superar as dificuldades: “Quando vos entregarem, não fiqueis
preocupados como falar ou o que dizer. Então naquele momento vos será indicado
o que deveis dizer. Com efeito, não sereis vós que havereis de falar, mas sim o
Espírito do vosso Pai é que falará através de vós”. Mas podemos ser
perseguidos por vivermos os valores ensinados por Cristo, mas jamais podemos
ser perseguidores.
O discípulo é pobre e está sem arma
e deve ser desarmado; ele é somente rico na fé e na validez do anuncio, pois
trata-se da Palavra de Deus que tem por objetivo salvar os homens e será a
ultima palavra para a humanidade. A missão exige um ambiente de debilidade para
forçar o discípulo a ter fé permanentemente em Deus e para tirar qualquer tipo
de ilusão como discípulo. É Deus quem opera e não os homens. Os homens são
instrumentos nas mãos de Deus.
Jesus reconhece que a oposição e a
perseguição vêem, muitas vezes, da própria família: “O irmão entregará seu
irmão à morte. O pai, seu filho. Os filhos levantar-se-ão contra seus pais e os
matarão”. O ódio pode nascer em qualquer pessoa e em qualquer lugar. Jesus
nos sugere uma só solução: “Permanecei fieis!”. É conservar a firmeza e o
valor, contra toda decepção, contra toda oposição e contra todo fracasso. O que
conta é a salvação eterna. Precisamos saber que Jesus está conosco. Na
obscuridade do fracasso estamos seguros de que Jesus, com toda certeza, virá e
salvará os seus. Mas Jesus nos alerta e nos afirma: “Aquele que perseverar até
o fim, será salvo”. Será que sou perseverante em tudo como cristão?
Perseverança é a capacidade de resistir até o fim por causa da meta (nobre) a
ser alcançada.
O discípulo é pobre e está sem arma
e deve ser desarmado; ele é somente rico na fé e na validez do anuncio, pois
trata-se da Palavra de Deus que tem por objetivo salvar os homens e será a
ultima palavra para a humanidade. A missão exige um ambiente de debilidade para
forçar o discípulo a ter fé permanentemente em Deus e para tirar qualquer tipo
de ilusão como discípulo. É Deus quem opera e não os homens. Os homens são
instrumentos nas mãos de Deus.
P. Vitus Gustama, SVD
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