SER CRISTÃO É VIVER NA
NOVIDADE RADICAL
Sábado
da XIII Semana Comum
06 de Julho de 2013
Texto de
Leitura: Mt 9,14-17
Naquele tempo, 14 os
discípulos de João aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Por que razão nós e
os fariseus praticamos jejuns, mas os teus discípulos não?” 15 Disse-lhes
Jesus: “Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está
com eles? Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles
jejuarão. 16 Ninguém põe remendo de pano novo em roupa velha, porque o remendo
repuxa a roupa e o rasgão fica maior ainda. 17 Também não se põe vinho novo em
odres velhos, senão os odres se arrebentam, o vinho se derrama e os odres se
perdem. Mas vinho novo se põe em odres novos, e assim os dois se conservam”.
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O texto do Evangelho de hoje fala
sobre o jejum. Mas, no contexto do evangelho deste dia, não
deveríamos entender a polemica sobre o jejum dentro do contexto da prática ascética,
isto é, privar-se da comida e da bebida com uma finalidade de penitência ou de
solidariedade com os necessitados, repartindo o que temos com eles.
É evidente que o jejum continua
tendo sentido para os cristãos. É um melhor meio para expressar nossa humildade
e nossa conversão aos valores essenciais diante de uma sociedade dominada pelo
consumismo desenfreado. Até os judeus piedosos jejuavam duas vezes na semana
(segunda-feira e quinta-feira), como também os seguidores de João. O próprio Jesus
jejuou no deserto (cf. Mt 4,2). A Igreja, como sempre, também recomenda o jejum,
particularmente na Quaresma e pelo menos, uma hora antes da comunhão eucarística,
como está escrito no Código de Direito Canônico: “Quem vai receber a santíssima
Eucaristia abstenha-se de qualquer comida ou bebida, excetuando-se somente água e
remédio no espaço de ao menos uma hora antes da sagrada comunhão” (CIC, Cân. 919).
Fala-se de ao menos uma hora antes da sagrada comunhão e não uma hora antes da
missa. Mas podemos entender mal as motivações do jejum ou até cair no egoísmo e
no orgulho. Por isso, a mesma Igreja, nos alerta para duas dimensões essenciais
do jejum: a sua referência a Cristo e a sua dimensão de solidariedade.
Também jejuamos para nos tornarmos sensíveis à fome e à sede de tantos irmãos e
para assumirmos a nossa responsabilidade na resolução dos problemas dos pobres
e carentes. O verdadeiro jejum é dividir o que temos para oferecer a quem nada
tem para viver. É dar nossas roupas para cobrir quem está sem nada para se vestir
(cf. Mt 25,31-46). Sabemos que jamais podemos arrancar totalmente o sofrimento
alheio, mas uma parte dele pode ser aliviada com nossa solidariedade e
compaixão. Ninguém pode entrar no céu feliz deixando o irmão passando fome e
outras necessidades básicas para um ser humano viver dignamente.
Mas no contexto do evangelho de hoje
o jejum deve ser entendido como sinal da espera messiânica. É uma controvérsia que
os discípulos de João provocam, e que essa polêmica se refere à aceitação ou não
de Jesus Cristo como o enviado de Deus. Essa polêmica tem como fundo a queixa
de Jesus. Os discípulos de João e os fariseus não reconhecem Jesus como o
enviado de Deus e, por isso, não mudam de vida. Por esta razão Jesus põe três comparações
sobre si próprio: Primeiro, Jesus é o noivo ou esposo e,
portanto, todos deveriam estar de festa e na festa e não de luto. Segundo,
Jesus é o traje novo que não admite qualquer remendo ou algo de coisa velha posto
no novo. Terceiro, Jesus é o vinho novo que não pode ser colocado
nos odres velhos. Os discípulos de João deveriam aprender a lição porque João
chama a si mesmo de “o amigo do noivo” (Jo 3,29).
O que Jesus quer ensinar através do
texto do Evangelho de hoje é a atitude que os seus seguidores devem ter: a
festa e a novidade radical. Estando com Cristo e sabendo que Cristo está com
eles, os cristãos não devem viver tristes. O cristianismo é, sobretudo, festa
porque se baseia no amor de Deus, na salvação que nos oferece em Cristo Jesus,
na vida que não termina com a morte, pois Cristo Jesus venceu a morte através
de sua ressurreição. Esse mesmo Cristo Jesus nos comunica sua vida e sua graça
na Eucaristia que nos faz vivermos a vida na alegria e na graça apesar de suas
dificuldades, pois nosso Deus é o Deus-Conosco.
Por isso, viver em Cristo e viver
com Cristo significa viver na novidade radical. Crer em Jesus Cristo e segui-Lo
não significa mudar apenas alguns pequenos detalhes, ou por uns remendos novos
para um traje velho ou guardar o vinho novo da fé nas estruturas caducas do
pecado. Seguir Jesus significa mudar o vestido inteiro, é mudar de mentalidade
para enxergar além das aparências, para ampliar o horizonte. É ter um coração novo
que prefere a misericórdia ao sacrifício (Mt 9,13) . Seguir Cristo significa
que os seus ensinamentos devem afetar toda a nossa vida e não somente umas orações
ou práticas piedosas. As praticas religiosas isoladas do compromisso com a vida
e com os necessitados não nos levam para Deus.
P. Vitus Gustama,svd
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