CONTEMPLAR JESUS PARA SER
SEU SINAL NESTE MUNDO
Segunda-Feira Da XXVIII Semana Comum
13 de Outubro de 2014
Evangelho: Lc 11,29-33
Naquele tempo, 29 quando as multidões se reuniram em
grande quantidade, Jesus começou a dizer: “Esta geração é uma geração má. Ela
busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas. 30 Com efeito, assim como Jonas foi
um sinal para os ninivitas, assim também será o Filho do Homem para esta
geração. 31 no dia do
julgamento, a rainha do Sul se levantará juntamente com os homens desta
geração, e os condenará. Porque ela veio de uma terra distante para ouvir a
sabedoria do Salomão. E aqui está quem é maior do que Salomão. 32 No dia do julgamento, os ninivitas
se levantarão juntamente com esta geração e a condenarão. Porque eles se
converteram quando ouviram a pregação de Jonas. E aqui está quem é maior do que
Jonas”.
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Os judeus pedem a Jesus um sinal
para demonstrar que Ele é verdadeiramente o Messias. Ao pedir um sinal a Jesus,
eles renovam a tentação do deserto. Eles exigem que Jesus proporcione uma prova
palpável ou experimental na ordem das coisas materiais. Por isso, Jesus usa a
expressão “esta geração é uma geração má”. Esta expressão recorda a
geração do deserto que tentou Deus (cf. Ex 15,22-16,36). Exigir sinal ou prova
que sirva para autorizar Jesus e sua chamada à conversão manifesta claramente
uma indisposição para mudar de vida. A raiz desta equivocada exigência de um
sinal é o egoísmo, um coração impuro, que unicamente espera de Deus o êxito
pessoal, a ajuda necessária para absolutizar o próprio eu. Esta forma de
religiosidade representa a recusa fundamental da conversão. Quantas vezes nós
somos escravos do sinal de êxito!
“Nenhum sinal lhe será dado, a não
ser o sinal de Jonas”, diz Jesus. Jonas era um desconhecido para os ninivitas
(Nínive era a capital do reino assírio). Ao chegar nessa capital Jonas
conclamou o povo para a conversão. Apesar de Jonas ser estrangeiro,
desconhecido e sem qualquer credencial para a missão profética, mas por causa
do poder divino de suas palavras, o povo acreditou e se converteu.
“E aqui está quem é maior do que
Jonas”, Jesus acrescenta. Jesus é maior porque Ele é a própria Palavra de
Deus (Jo 1,1) que se tornou carne (Jo 1,14). Só Jesus tem as palavras da vida
eterna (Jo 6,68). Jesus é maior porque Ele é a ressurreição e a vida (Jo 11,25;
cf. o 14,6). Se Jesus é a vida de nossa vida, será ridículo pedir a Ele outro
sinal, pois a nossa vida fala por si de Jesus através do qual tudo foi criado
(Jo 1,3-4). O próprio Jesus, a pessoa de Jesus, em sua palavra e em sua inteira
personalidade, é sinal para todas as gerações.
O outro maior sinal que Deus nos dá
é a sua misericórdia. Jesus se aproxima dos pobres, dos marginalizados e dos
pecadores. Em Jesus eles encontram o Deus misericordioso. Não existe maior
milagre do que reconstruir interiormente um ser humano. Quem não tem olhos para
a misericórdia, continuará a pedir a Jesus milagres que o fazem acreditar.
Diante deste tipo de pessoa Deus permanecerá calado. A misericórdia tem sempre
a grande atração de fazer-nos semelhantes a Deus e de sermos sinais de seu amor
para este mundo.
É preciso que o homem supere o
espaço das coisas físicas, do tangível para poder se situar no ambiente divino
a fim de poder ser redimido. Ao superar esse espaço o homem pode alcançar a
certeza própria das realidades mais profundas e eficazes: as realidades do
Espírito. Este caminho se chama fé que consiste em saber se superar e
abandonar.
A exigência de uma demonstração
física, de um sinal que elimine qualquer dúvida, no fundo, esconde a recusa da
fé e do amor, pois o amor, na sua essência, é um ato de fé, um ato de entrega
de si mesmo, pois “Deus é amor” (1Jo 4,8.16). Atrás dessa exigência se esconde
a miopia de um coração demasiado centrado na busca do poder físico, da
possessão, do ter, poder que tem sua característica histórica, pois tem seu
inicio e seu fim.
Como os ninivitas, precisamos fazer
o jejum para ter maior abertura a Deus. Fazer jejum significa saber
renunciar a algo e dá-lo aos demais; é saber controlar nossas apetências; é
saber nos defender com liberdade interior das contínuas urgências do mundo de
consumismo. Jejuar é purificador. Jejuar não seria privar-se de tudo e sim usar
moderação em tudo, isto é, ser sóbrios. Jejum supõe um grande domínio de si, de
disciplina de olhos, de mente e da imaginação. A falta de sobriedade é uma das
causas pelas quais se obscurecem e se debilitam as melhores iniciativas e
decisões de um cristão. A sobriedade é certamente uma garantia da capacidade de
orar e de apreciar o Espírito Santo. Com a renúncia às coisas Cristo nos chama
à alegria, a uma alegria profunda, nascida da paz da alma. Precisamos rezar sem cessar para estar em
sintonia com a vontade de Deus e a abertura para o próximo. Precisamos fazer
caridade, dividindo aquilo que temos com aqueles que não têm nada para
sobreviver. E que Deus nos conceda a graça de ter um coração renovado em Cristo,
de tal forma que sejamos um sinal de seu amor para todos e possamos, assim, ser
linguagem crível do Senhor, não somente com nossas palavras, mas com uma vida
integra moldada aos ensinamentos de Cristo.
P. Vitus Gustama,svd
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