JESUS É UM
REI DIFERENTE
E UM MESSIAS HUMILDE
A semana
Santa é inaugurada pelo
Domingo de Ramos
no qual são
celebrados dois aspectos
centrais do mistério
pascal : a vida
ou o triunfo ,
mediante a procissão
de ramos em
honra de Cristo
Rei .
A procissão
de ramos é simbólica, para
dizer que a vida é um caminho , uma procissão , uma
peregrinação para
a vida eterna .
Numa peregrinação tudo
é para frente .
Não tem volta :
nem para as pessoas , nem para as coisas , nem para a história do mundo
e da humanidade . Não
dá para nascer novamente . Nesta peregrinação
o passado é observável, mas não é
modificável. O futuro é modificável, mas não é
observável. Por isso ,
a grande questão
é como aproveitamos cada
momento para nossa própria edificação e para o bem do próximo para
que possamos peregrinar
levemente . Nisto está o sentido de nossa
presença neste mundo .
Nisto está a nossa responsabilidade .
O que
importa nessa primeira parte não é somente o ramo bento e sim a celebração do triunfo
de Jesus. A segunda parte
é a leitura da Paixão
de Jesus ou a morte
de Jesus. Devido a dois
aspectos que
tem este dia
o Domingo de Ramos
(rosto vitorioso )
é chamado também de o “Domingo da Paixão ”
(rosto doloroso ).
A procissão
segue imediatamente a Eucaristia . Do aspecto glorioso dos ramos
passamos ao aspecto doloroso
da Paixão . Celebrar
a paixão e morte
de Jesus é abismar-se na contemplação de
um Deus
a quem o amor
tornou frágil … Por
amor , Ele
veio ao nosso
encontro , assumiu os nossos limites ,
experimentou a fome , o sono , o cansaço , conheceu a
mordedura das tentações ,
tremeu perante a morte ,
suou sangue antes
de aceitar a vontade
do Pai ; e, estendido no chão , esmagado contra
a terra , atraiçoado, abandonado, incompreendido , continuou a amar .
Desse amor resultou vida
plena , que
Ele quis repartir
conosco “até
ao fim dos tempos ”:
esta é a mais espantosa
história de amor
que é possível
contar ; ela é
a boa notícia que
enche de alegria o coração
dos crentes .
Esta transição
não se deduz somente
do modo histórico
em que
transcorreram os fatos e sim porque o triunfo de Jesus no Domingo
de Ramos é sinal
de seu triunfo
definitivo . Os ramos
nos mostram que
Jesus vai sofrer , mas
como Vencedor; vai morrer ,
mas para ressuscitar . Em
outras palavras , o Domingo
de Ramos é inauguração
da Páscoa ou
passagem ou
passo das trevas
à luz , da humilhação
à glória , do pecado
à graça e da morte
à vida .
Jesus é saudado e aclamado como rei , rei dos judeus .
Mas ele
usa um
jumento na sua
entrada triunfal
em Jerusalém e não
um cavalo
real ou
um cavalo
de guerra . Jumento
é animal usado pelos
pobres . Por
isso , Jesus é um
rei diferente
e o Messias humilde .
Jesus É Um Rei Diferente
Jesus é chamado e saudado como
Rei dos judeus
no relato da Paixão . Mas Jesus é um rei diferente .
O verdadeiro rei
é aquele que
salva a vida
do povo mesmo
que , por
isso , sacrifique a própria
vida . O verdadeiro
rei é aquele
que conquista
os corações para
Deus em
vez de dominá-los para
o próprio interesse .
O verdadeiro rei
é aquele que
liberta em
vez de dominar .
O verdadeiro rei
é aquele que
protege e cuida dos outros . Jesus é o rei que protege
o necessitado, sustenta o fraco , visita e
cura o doente
e ferido, e procura o perdido. Por isso , o reinado de Jesus é diferente .
Não é um
reinado opressivo
e tirânico ; não
se baseia na violência nem na exploração
social e econômica .
É um reinado
de misericórdia caracterizado
pelo serviço humilde e pela paz .
Jesus É Um Messias Humilde
“O primeiro passo na busca
da verdade é a humildade .
O segundo , a humildade .
O terceiro , a humildade .
E o último , a humildade .
Naturalmente , isso
não significa que
a humildade seja a única
virtude necessária
para o encontro
e gozo da verdade ;
mas se as demais
virtudes não
estiverem precedidas, acompanhadas e seguidas
da humildade , a soberba
abrirá o caminho e destruirá suas boas intenções ”
(Santo Agostinho: Epist.
118,3,22).
A humildade ,
do ponto de vista
teológico , não
designa um comportamento
entre as pessoas .
Não se trata
de uma virtude social .
A humildade é a experiência
de nossa própria
insuficiência diante
do infinito e perfeito
Deus . A pró pria palavra
“humildade ”, na sua
etimologia latina
significa pó , chão ,
terra . A humildade
é a própria experiência
com Deus .
Ao experimentar Deus ,
nos sentimos dependentes
dele e tornamo-nos mais humildes . Nós nos esforçamos para vencer nossas limitações .
Mas isso
requer a graça e a ajuda
de Deus para que sejamos pó vivente . Portanto ,
a humildade é a experiência
de si mesmo
na experiência de Deus .
Na vivência
dessa experiência , nivelaremos nossas relações com os
outros ; não
nos sentiremos superiores
aos demais homens ,
pois todos são humildes . A
humildade nos
leva a respeitarmos os outros , pois Deus está neles como
está em mim
também (cf. Mt 25,40.45). O nivelamento das relações
é o fruto da experiência
de nossas próprias limitações e de nossa experiência
com Deus .
Jesus veio como o Messias humilde , simbolizado pelo uso do jumento na sua entrada em Jerusalém. No patíbulo
da cruz , a humildade
divino-humana de Jesus desmascara a escravidão
culpável da arrogância . Todo
o drama da redenção
é o caminho vitorioso
da humildade magnânima
de Jesus que nos
convida e nos torna
aptos para o seu seguimento .
Daqui brota para nós aquela humildade forte
e corajosa que
nos permite olharmos com serenidade para os nossos aspectos menos claros e para o peso dos nossos
pecados , sem
nos esquecermos de louvar
o poder humilde ,
purificador e santificador
de Deus .
Jesus é o Amor
que se rebaixa até
nós para nos exaltar . Esta humildade real
e divina que
habita em Jesus nos
enobrece e nos oferece a incomparável dignidade
de filhos e de filhas de Deus . Por isso , a humildade
em seu
grau mais
perfeito não
está em ser pequeno , mas em fazer-se pequeno
para engrandecer os outros . De fato ,
Deus não
é pequeno , mas
faz-se pequeno para
salvar a humanidade
por amor .
O homem humilde é ateu
de si , é aquele
que não
se considera deus ; a humildade é o ateísmo
de si mesmo .
Que sejamos ateus
de nós mesmos
para que Deus seja verdadeiro
Deus na nossa
vida .
1. Se tu estás preocupado com
tua própria glória ,
como poderás interessar-te seriamente pelo bem dos demais ?
(In ps. 37,8).
2. Não levantarias tão orgulhosamente a cabeça
se não a tivesses vazia
(In ps. 37,8).
3. Para tu alcançares
as alturas necessitas de uma escada . Para alcançares a altura
da grandeza , usa
a escada da humildade
(Serm. 96,3).
4. Como tu podes ser
tão orgulhoso
a não ser que estejas vazio ?
Se tu não
estiveres vazio , não
poderás inflar-te” (In ps. 95,9)
5. Simular humildade é a maior das soberbas
(De sanc. virg. 43,44).
P. Vitus Gustama,svd
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