sexta-feira, 10 de junho de 2011

AMOR- VOCÊ ME AMA?
Jo 21,15-23
        
Um dia, levantei-me de manhã cedo para assistir o nascer do sol. A beleza da criação divina estava além de qualquer criação. Enquanto eu assistia, louvei a Deus pelo seu belo trabalho. Sentado , senti a presença de Deus comigo. Ele me perguntou: “Você me ama?” Eu respondi: “É claro, Deus! Você é meu Salvador”.
        
Então ele perguntou: “Se você tivesse alguma dificuldade física, ainda sim me amaria?” Eu fiquei perplexo. Olhei para meus braços, pernas e para o resto do meu corpo e me perguntei quantas coisas eu não seria capaz de fazer, as coisas que eu dava por certas. E eu respondi: “Seria difícil, Senhor, mas eu ainda Te amaria”.
        
Então, o Senhor disse: “Se você fosse cego, ainda amaria minha criação?” Comecei a pensar e a me perguntar: “Como eu poderia amar algo sem a possibilidade de vê-lo? Então, eu pensei em todas as pessoas cegas no mundo e quantas delas ainda amam a Deus e Sua criação. Então, eu respondi: “É difícil pensar nisso, mas ainda Te amaria, Senhor”.
        
O Senhor, então, perguntou-me: “Se você fosse surdo, ainda ouviria Minha Palavra?” Como poderia ouvir algo sendo surdo? Então, eu entendi. Ouvir a Palavra de Deus não é simplesmente usando os ouvidos, mas nosso coração. Eu respondi: “Seria difícil, mas eu ainda ouviria a Tua Palavra”.
        
O Senhor novamente perguntou: “Se você fosse mudo, ainda louvaria Meu Nome?” Como poderia louvar sem uma voz? Então, me ocorreu: Deus quer que cantemos de toda nossa alma e de todo nosso coração. Não importa como possa parecer. E louvar a Deus não é sempre com uma canção, mas quando somos oprimidos, nós louvamos a Deus com nossas palavras de gratidão. Então, eu respondi: “Embora eu não pudesse fisicamente cantar, eu ainda louvaria Teu Nome, Senhor”.
        
E o Senhor perguntou: “Você realmente Me ama?” Com coragem e forte convicção, eu respondi seguramente: “Sim, Senhor! Eu Te amo, Tu és o único e verdadeiro Deus!” Eu pensei ter respondido bem, mas então Deus perguntou: “Então, por que pecas?” Eu respondi: “Porque eu sou apenas um ser humano. Não sou perfeito!” “Mas por que em tempos de paz você vagueia ao longe? Por que somente em tempos de problemas você ora com fervor?” Sem respostas. Somente lágrimas.
        
O Senhor continuou: “Por que cantas somente nas confraternizações e nos retiros, nas festas de aniversário? Por que me buscas somente nas horas de adoração? Por que me perguntas coisas tão egoístas? Por que me fazes perguntas tão sem ?” As lágrimas continuavam a rolar em minha face. “Por que você está com vergonha de mim? Por que você não está espalhando as boas novas? Por que em tempos de opressão, você chora a outros quando eu lhe ofereço Meu ombro para você chorar nele? Por que cria desculpas quando lhe dou oportunidades de servir Meu Nome? Você é abençoado com vida. Eu não lhe fiz para que jogasse este presente fora. Eu lhe abençoei com talentos para Me servir, mas você não progride em conhecimento. Eu falei com você, mas seus ouvidos estavam fechados. Eu mostrei minhas bênçãos, mas seus olhos se voltaram para outra direção. Eu lhe mandei servos, mas você se sentou ociosamente enquanto eles eram afastados. Eu ouvi suas orações e respondi a todas elas”.
        
Eu tentei responder, mas não havia resposta a ser dada. “VOCÊ ME AMA REALMENTE?” Eu não pude responder. Como eu poderia? Eu estava inacreditavelmente constrangido. Eu não tinha desculpas. O que eu poderia dizer?
        
Quando meu coração chorou e as lágrimas brotaram, eu disse: “Por favor, perdoe-me, Senhor! Eu não sou digno de ser seu filho”.
        
O Senhor respondeu: “Esta é Minha graça, minha criança. Você é minha criação, você é minha criança. Eu nunca te abandonarei. Quando você chorar, Eu terei compaixão e chorarei com você. Quando você estiver alegre, Eu vou rir com você. Quando você estiver desanimado, Eu te encorajarei. Quando você cair, Eu vou te levantar. Quando você estiver cansado, eu te carregarei. Eu estarei com você até o final dos tempos e te amarei para sempre”.
        
Eu jamais chorara daquela maneira antes. Como pude ter sido tão frio? Como pude ter magoado Deus como fiz?
        
Eu perguntei a Deus: “Quanto me amas?” O Senhor, então, esticou Seu braço e eu vi em Suas mãos enormes buracos sangrentos. Logo, curvei-me aos pés de Jesus Cristo, Meu Salvador, e pela primeira vez eu orei verdadeiramente........

 
Fonte: desconhecido (estava nos meus arquivos).
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Reflitamos o texto do evangelho lido neste dia: Jo 21,15-23:

Cada aparição de Cristo Ressuscitado aos seus apóstolos, especialmente em São João, sempre termina com uma “transmissão de poderes”. São João coloca intencionalmente esta transmissão depois da ressurreição (ao contrario de Mt 16,13-20) para deixar bem claro que os poderes missionários da Igreja é a irradiação da gloria do ressuscitado ( “todo poder foi me dado... ide, pois”: Mt 28,18-19), e não para o uso próprio ou para dominar os demais.

No texto do evangelho deste dia, antes de transmitir o “poder de apascentar” o povo de Deus (“minhas ovelhas”) Cristo Ressuscitado pergunta a Pedro se ele ama a Jesus com o amor ágape. “Ágape” é uma palavra grega que significa o amor que se dirige unicamente para o outro, incondicional e que não espera nada em troca. É uma doação pura de si mesmo. Para servir e trabalhar com e para o Senhor pelo bem dos demais é necessário ter amor puro no coração. Jesus morreu por amor aos homens (Jô 13,1; 15,14). A Igreja de Cristo conduzida por Pedro e seus sucessores deve se converter em sacramento visível do ágape, do amor fraterno, de doção de si. Cada líder na Igreja do Senhor, desde o Papa até aos agentes pastorais, deve ser transformado em líder de amor. Por isso, é sempre um desafio de todos os dias.

Sim, Senhor, eu te amo”, responde Pedro. “Apascenta as minhas ovelhas”, diz Jesus a Pedro. A intimidade da e a resposta de amor de Pedro não são escritas para ser saboreadas sentimentalmente e sim para ser transformadas em responsabilidade. Se me ama, Pedro, então, apascenta as minhas ovelhas. O amor a Jesus se transforma em responsabilidade de cuidar dos demais, pois eles são de Jesus (“minhas ovelhas”). Ao dizer que ama a Deus, o homem se transforma em responsável pelos outros. Amor e responsabilidade são, para Jesus, uma moeda de dois lados.

Jesus chama Pedro por seu nome original “Simão, filho de João”. E Pedro escuta atentamente a voz do Senhor. Seu coração foi crescendo em maturidade e agora compreende que Jesus não é o Messias político que ele esperava (Jo 13,37; 18,10) e sim o ser humano generoso quesua vida em serviço à humanidade deprimida e abandonada (Jo 15,13.15). Agora Pedro se encontra disponível para seguir a Jesus, o Caminho, não sob seus próprios interesses e sim animado pelo Espírito do Ressuscitado. A tríplice pergunta e afirmação são uma rememoração do itinerário do discípulo. Pedro partiu de uma adesão fervorosa, chegou à negação (Jo 18,27), passou pela dura experiência da morte de Jesus e agora chega a um novo ponto de partida. A adesão de Pedro não é simples militância e sim é amor entranhável por um ser humano que lhes ensinou o verdadeiro caminho para Deus: o caminho de amor que se transforma em serviço à comunidade: “Apascenta minhas ovelhas”.

Em silêncio neste dia Jesus chama cada um de nós por nosso nome original e pergunta: “Você me ama mais do que qualquer pessoa e qualquer coisa do mundo e em qualquer situação?”. Ele não nos pergunta se temos condições de assumir uma tarefa ou não, e sim se amamos verdadeiramente o Senhor. Primeiro é amar. Depois é servir. Servir sem amor transforma qualquer um em escravo. Servir com amor transforma cada um de nós em parceiro do Senhor. Podemos dar sem amar, mas não podemos amar sem dar. Aquele que semeia cortesia colhe amizade, e aquele que planta delicadeza colhe amor. O amor é firme como rocha em que as ondas do ódio batem em vão.

Rio de Janeiro, 10 de junho de 2011
Vitus Gustama, SVD


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