sábado, 25 de junho de 2011

CORAÇAO QUE AMA PERTENCE A DEUS

Texto de leitura: Mt 8,5-17

Queres saber que tipo de pessoa és? Põe à prova teu amor. Se amas as coisas terrenas, és terra. Se amas a Deus, não tenhas medo de dizer: és Deus (Santo Agostinho. In epist. Joan. 2,2,14)

Segundo Mateus, o primeiro milagre operado por Jesus, que é a cura do leproso, foi para um membro do povo de Deus. O segundo milagre foi em favor de um pagão. Tudo é um programa. O movimento missionário da Igreja está presente nesse segundo milagre. A salvação de Deus não está reservada para uns poucos. Deus ama a todos os homens; seu amor rompe as barreiras que levantamos entre nós. Jesus fez seu segundo milagre em favor de um oficial romano, em favor de um pagão. Os romanos eram mal vistos pela população.
       
Senhor, meu empregado está de cama, paralitico”. Ele não pertence a uma Igreja ou a uma religião, porém se comporta como um verdadeiro homem de Deus. É um verdadeiro e autêntico cristão. Podemos encontrar os cristãos em qualquer religião, crença ou grupoVós os reconhecereis pelos seus frutos” (Mt 7,16.20). Com efeito, o paganismo não depende da pertença ou não a uma religião. O paganismo depende do modo de viver e de se comportar para com os demais homens. Por isso, um cristão pode ser um pagão por causa do seu modo de viver não cristão. E aquele que se diz pagão pode ser um verdadeiro cristão se comportar-se como o oficial romano que se preocupa com o bem do outro. Em outras palavras, existem os cristãos pagãos como existem também os pagãos cristãos a partir do modo de viver e de conviver.
       
Ao atender esse oficialpagão” Jesus quer nos mostrar que ele não aceita nossas divisões, nem nossos racismos nem nossas discriminações . O coração de cada seguidor de Jesus deve ser universal e missionário, como o próprio coração de seu Mestre, Jesus Cristo.
       
Senhor, meu empregado está de cama, paralitico”. A oração desse homem serve de exemplo para nós. Ele expõe simplesmente a situação; descreve a doença. E o mais notável é que ele pede em favor do outro, de seu empregado. É uma oração de intercessão. Será que eu rezo somente por mim mesmo, somente pela minha família? Será que tem lugar na minha vida uma oração de intercessão?

O Senhor sente em todo caso o grito de sofrimento, apesar de o doente não estar presente. O Senhor não é insensível. Sua reação é imediata: "Vou curá-lo".
       
É impressionante a profunda humildade desse oficial ao dizer a Jesus: “Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Dize uma palavra e o meu empregado ficará curado”. Este pagão é muito consciente de que a lei judaica o recusa por ser pagão. Ele não quer pôr Jesus em uma situação de “impureza legal”. Por isso, ele quer evitar que Jesus entre em sua casa. “Dize uma palavra e o meu empregado ficará curado“, diz o oficial a Jesus. Este homem valoriza a Palavra de Jesus, porque sua Palavra está cheia de autoridade e de poder. O que interessa ao evangelista Mateus é algo muito distinto: a força da Palavra de Jesus que atua ou opera em quem crê.
       
Pela na Sua Palavra Jesus elogia esse homem: “Em verdade, vos digo: em ninguém em Israel encontrei tanta ”. É a de quem se considera pagão. Mas se comporta como um verdadeiro cristão.
       
Jesus põe em contraste a incredulidade dos seus contemporâneos judeus com a do pagão: “Em verdade, vos digo: em ninguém de Israel encontrei tanta ”. A que Jesus exige é um impulso de confiança e de abandono pelo qual o homem renuncia a apoiar-se em seus pensamentos e em suas forças para abandonar-se à Palavra e ao poder de Aquele em quem acredita.

Antes de receber o Corpo do Senhor na comunhão, repetimos a frase desse oficial romano: “Senhor, eu não sou digno de que entres em minha morada. Dize uma palavra, serei salvo”. A Eucaristia quer curar nossas debilidades. O próprio Senhor Jesus se faz nosso alimento e nos comunica sua vida: “O Pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo. Quem come minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna” (Jo 6,51.54). 

Rio de Janeiro, 25 de junho de 2011
Vitus Gustama, SVD


·        Nãofelicidade onde nãoamor (Santo Agostinho. De div.quaest. 83,25)

·        A alma humana é como uma ave. Escravizada pelo amor terreno, sua plumagem fica pesada de lodo e não pode voar. Porém, quando o lodo dos afetos é removido de suas plumas, a alma recupera a liberdade e com o auxílio das asas do amor de Deus e do amor do próximo alça seu vôo para Deus. Eleva-se, porque ama” (Santo Agostinho. In ps. 121,1)  

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