Texto de leitura: Mt 8,28-34
“Um homem bom é livre, mesmo quando é escravo. Um homem mau é escravo, mesmo quando é rei. Não serve a outros homens, mas a seus caprichos. Tem tantos senhores quantos vícios” (Santo Agostinho. De civ. Dei 4,3)
Depois que Jesus acalmou a tempestade na cena do evangelho anterior, desta vez ele libertou (curou) dois enfermos dando-lhes uma nova oportunidade para viver a vida na sua dignidade. O ato de Jesus de libertar os dois enfermos mostra que Deus da Bíblia é o Deus que entende a realidade humana e chama o ser humano a experimentar seu amor misericordioso.
Mateus agrupa aqui os graus do mal para destacar o poder de Jesus: região pagã, possessão diabólica, cemitério (como lugar de morte), os animais imundos por excelência. Tudo isto tem como função para destacar o poder de Jesus. O poder de Jesus vence qualquer outro poder. Por isso, há um só poder com que nós devemos contar: o poder de Deus. O filosofo B. Pascal dizia que quem não conta com Deus é porque não sabe contar. Crer verdadeiramente em Jesus é ser vitorioso. Mesmo que o mal tenha uma aparência poderosa, ele não tem a ultima palavra nem determina o futuro. Somente o bem tem a marca do futuro, uma marca divina, uma marca eterna.
Pela experiência todos nós sabemos que existe o mal em nossas vidas e também de nossas poucas forças para combatê-lo. Não é por acaso que no Pai-Nosso pedimos a Deus: “Livrai-nos do mal”, que também pode ser traduzido “livrai-nos do mau, do nocivo”. Quando vamos comungar precisamos estar conscientes de que o Pão eucarístico, o Pão da vida que recebemos é Aquele “que tira o pecado do mundo” e Aquele que nos alimenta com o Pão eterno que satisfaz nossos anseios mais profundos.
Mas ao mesmo tempo, como seguidores de Cristo, depois que comungarmos esse Pão da vida, temos que saber ajudar o outro a libertar-se de seus males, e ao mesmo tempo ser pão para os outros, no sentido de ajudar o outro a viver a vida na sua plenitude. Nós temos que ser bons transmissores dessa mesma vida aos demais para que eles alcancem sua liberdade interior e vivam mais gozosamente sua vida humana e cristã.
Mas chama nossa atenção a reação dos gadarenos diante do milagre de libertação de seus dois membros. Eles pedem que Jesus vá embora da sua região. Eles consideram Jesus culpado pela perda de uma manada de porcos e não lhe agradecem pela libertação dos dois homens de seus males. Mas Jesus continua a ir em busca dos corações dóceis ao seu poder.
Rio de Janeiro, 29 de junho de 2011
Vitus Gustama, SVD
"Uma liberdade sem controle, mais que liberais, faz libertinos" (Santo Agostinho. Epist. 157,16)
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