Mt 7,1-5
“Quanto menos atenção o homem presta aos seus próprios pecados , tanto mais curioso ele se torna em relação aos alheios . Não podendo desculpar-se a si mesmo , trata de salvar a pele acusando os outros ”
(Santo Agostinho: Serm. 19,2)
O texto do evangelho de hoje pertence ao Sermão da Montanha (Mt 5-7). O Sermão está já na sua conclusão (Mt 7). Nesta primeira parte da conclusão do Sermão da Montanha Jesus nos alerta para não julgarmos os outros .
O verbo julgar (em grego , krinein) se utiliza aqui em sentido jurídico e equivale a emitir um juízo condenatório sobre uma pessoa , baseando-se nos defeitos que tem. Quem emite este tipo de juízo rompe a relação com a pessoa ajuizada .
E Deus não quer isto . Por isso , Jesus coloca um critério que deve ser usado na comunidade cristã. Quando um cristão perceber algum defeito no outro , ele precisa fixar olhar para os próprios defeitos porque talvez sejam maiores do que os defeitos do outro . A analise crítica da própria realidade ajuda o cristão a compreender as fraquezas dos outros em vez de emitir um juízo . Com a consciência da própria fragilidade , o cristão será movido a compreender e curar a fragilidade do outro . Se não fizer isto é porque este tipo de cristão é hipócrita , isto é, aquele que se acha santo ou perfeito , mas pela emissão do julgamento sobre os outros já revela que é um grande pecador . “A ignorância mais refinada é a ignorância da própria ignorância ”, dizia Santo Agostinho (Confissões , 5,7). “Quanto mais curioso torna-se o homem por conhecer a vida alheia , tanto mais relaxado se torna para consertar a sua própria ”, acrescentou Santo Agostinho (Confissões , 10,3).
De qualquer modo , a rigidez e a hipocrisia em julgar são defeitos que podem ser evitadas se um cristão souber fazer a crítica sobre si mesmo . Olhar para a própria consciência e para o próprio modo de viver é algo indispensável para um cristão conviver fraternalmente com os demais . Olhar para a própria casa é a primeira coisa que deve ser feita . Quem fica olhando para a vida alheia é porque não está cuidando da própria vida . A consciência dos próprios limites e debilidades é a medida para uma crítica evangélica . Um verdadeiro cristão jamais adota uma atitude de orgulho , de menosprezo e de superioridade diante dos demais que o leva a uma postura farisaica de condenação e de recriminação dos defeitos dos outros . Precisamos estar conscientes de que o juízo pertence a Deus e não a nós , pobres pecadores .
Resumindo! Há três razões pelas quais não devemos julgar os outros . Primeiramente , o julgamento pertence a Deus e não a nós , pobres pecadores , porque só Deus conhece profundamente o coração de cada ser humano . Constituir-se em juiz dos outros é uma ousadia irresponsável . É uma ousadia de se colocar no lugar de Deus , de se considerar como Deus , de roubar o lugar . Ao julgar , você esta querendo dizer : “Eu sou Deus e você é pecador ”.
Vitus Gustama, SVD
· “É melhor manter a boca fechada e ser considerado um tolo , do que abri-la e provar sê-lo” (Jo Petty).
· “O reconhecimento da própria ignorância é a primeira prova de inteligência ” (Santo Agostinho: Serm. 301,4,3).
· “Aceita tua imperfeição . É o primeiro passo para alcançares tua perfeição ” ( Santo Agostinho: Serm. 142,10).
· “Dignidade é a capacidade de frear a língua sobre o que nunca deveria ter passado pela cabeça ” (Jo Petty).
· “Aquele que faz fofocas para você , fofocará a seu respeito ” (Jo Petty).
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