O ser humano é um ser vincular . O vínculo é a medula de sua existência . Para tornar-nos aptos , competentes , necessitamos, imprescindívelmente , de colaboração e de ajuda dos outros . O vínculo nos leva a termos o sentimento de pertença . Através da vivência desse sentimento de pertença aprendemos a receber algo de bom dos outros e a dar aos outros o que temos de bom . O perigo , hoje em dia , é esquecer-se desta consciência de pertença e acreditar que somente sou eu o centro de tudo e que os outros devem viver para mim e girar em torno de mim . Conseqüentemente , nós nos convencemos de que sejamos melhores que os outros . É preciso fazer desaparecer essa forma de egoísmo destruidor para que renasça o amor que nos ensina a receber e a dar .
Se cada membro estiver consciente de que o nosso laço vem de Deus , ele se abrirá à experiência do amor de Deus presente na comunidade e no coração de cada membro . Se cada membro se abrir a essa experiência de amor , a comunidade se tornará um lugar de encontro com Deus . Ou segundo Martin Buber como “o lugar da teofania”: “Nós esperamos uma teofania, da qual apenas conhecemos o lugar , e esse lugar se chama comunidade ”.
A experiência do amor de Deus nos leva a amarmos cada um como ele é, e não a comunidade no sentido abstrato . Dietrich Bonhoeffer dizia: “O que ama a comunidade , a destrói; o que ama os irmãos , a constrói”. A comunidade nunca pode ter primazia sobre as pessoas . A beleza e a unidade da comunidade vêm do brilho de cada pessoa , da luz e do amor que há nelas e da maneira como se amam. A comunidade é organizada para proporcionar a transformação e o crescimento das pessoas . Sua finalidade é a pessoa , o amor e a comunhão com Deus . Quando uma comunidade é apenas um lugar de trabalho , ela está ameaçada, pois as pessoas se preocupam com o trabalho e não com as pessoas e seu crescimento .
Vitus Gustama, SVD
Nenhum comentário:
Postar um comentário