segunda-feira, 25 de março de 2013

FALTA DE ASSIMILAÇÃO COM CRISTO RESULTA NA TRAIÇÃO FATAL
 
 

Quarta-feira da Semana Santa

Texto de Leitura: Mt 26,14-25

 

Naquele tempo, 14um dos doze discípulos, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os sumos sacerdotes 15e disse: “Que me dareis se vos entregar Jesus?” Combinaram, então, trinta moedas de prata. 16E daí em diante, Judas procurava uma oportunidade para entregar Jesus. 17No primeiro dia da festa dos Ázimos, os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?” 18Jesus respondeu: “Ide à cidade, procurai certo homem e dizei-lhe: ‘O Mestre manda dizer: o meu tempo está próximo, vou celebrar a Páscoa em tua casa, junto com meus discípulos’”. 19Os discípulos fizeram como Jesus mandou e prepararam a Páscoa. 20Ao cair da tarde, Jesus pôs-se à mesa com os doze discípulos. 21Enquanto comiam, Jesus disse: “Em verdade eu vos digo, um de vós vai me trair”. 22Eles ficaram muito tristes e, um por um, começaram a lhe perguntar: “Senhor, será que sou eu?” 23Jesus respondeu: “Quem vai me trair é aquele que comigo põe a mão no prato. 24O Filho do Homem vai morrer, conforme diz a Escritura a respeito dele. Contudo, ai daquele que trair o Filho do Homem! Seria melhor que nunca tivesse nascido!” 25Então Judas, o traidor, perguntou: “Mestre, serei eu?” Jesus lhe respondeu: “Tu o dizes”.

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No evangelho lemos novamente a traição de Judas, mas desta vez na versão do evangelho de Mateus. Os detalhes precisos são diferentes, porém o sentido é o mesmo. Precisamente quando Jesus quer celebrar a Páscoa de despedida dos seus, como sinal entranhável de amizade e comunhão, um dos discípulos vai trair Jesus Cristo com apenas trinta moedas de prata, o preço de um escravo segundo Ex 21,32.


Quem vai me trair é aquele que comigo põe a mão no prato”, disse Jesus aos discípulos. “Por a mão no mesmo pratodurante a refeição para um hebreu é um gesto de comunhão, um gesto simbólico de amizade. Pode-se dizer que, da parte de Jesus há o oferecimento de uma amizade para Judas. Jesus também fez refeição com os pecadores para oferecer-lhes seu amor. 


A Eucaristia é também uma refeição na qual Jesus nos oferece a comunhão com Ele: “Quem come minha carne e bebe meu sangue, permanece em mim e eu nele”. Cada Eucaristia é um gesto de amor de Jesus para os pecadores que somos nós quando não recusamos seu amor.


Judas se condena ao recusar a tentativa de Jesus de ser seu amigo. Judas prefere dinheiro ao oferecimento de amor e de salvação. Ele vendeu o Mestre por trinta moedas de prata.


A traição de Judas é sempre impressionante por ter lugar precisamente no círculo mais intimo e próximo do Senhor. É exemplo arrepiante que nos revela a profundidade do coração humano, capaz de mais nobre como o amor, a amizade, o sacrifício pelo bem dos outros, a solidariedade etc., mas também é capaz do mais vil: o ódio, a traição, a maldade e assim por diante. Tudo isto é fruto da liberdade do homem que Deus respeita totalmente, mas o próprio homem é que carrega as conseqüências, pois Deus nunca faz mal para o homem.


Quando o homem emenda o plano de Deus, quando crê que sabe de tudo mais do que o próprio Deus, quando decide em nome de Deus, o homem cai em pecado. É igual àquele que não viveu nem sofreu a conversão, será muito difícil poder dar frutos bons. O demônio nunca quer coisas más e sim coisas boas, porém pelo caminho inadequado. Pecado procura conseguir coisas boas pelo caminho equivocado: por exemplo, pelo roubo ou furto. Matamos Jesus Cristo toda vez que o trairmos, atuando por nossa conta e risco, solidarizando-nos com o pecado.


O caso de Judas deve nos fazer refletir, porque no fundo de nosso coração mora um possível santo ou um possível traidor ou criminoso. Há amigos incondicionais de Cristo e há também falsos amigos, sem contar, obviamente, os inimigos declarados.


A traição jamais estará ausente do cristianismo. Somos seres humanos. Mas a comunidade cristã deve cuidar que os ensinamentos de Jesus sejam claros e explícitos para todos os seus participantes. Assim não haverá surpresas. O fato de ser cristãos pela tradição (ou pela herança de nossos pais) e não pela luta, trará sempre o risco de não nos identificarmos com as exigências do Reino. Se começarem a aparecer os interesses pessoais ou os de grupo, necessariamente aparecerá a traição. Um cristianismo sem claridade e sem o processo de assimilação com os ensinamentos de Cristo, será um campo fértil para a traições, desilusões e amarguras. Ainda que possamos justificar nossas traições, mas nossa alma ficará sempre ferida.


Portanto, precisamos sempre estar vigilantes para que o traidor dos valores não faça sua moradia em nosso coração. Sem vigilância e oração seremos novos Judas na convivência com os demais e venderemos a dignidade dos outros por interesses baratos. Como verdadeiros cristãos, devemos respeitar sempre a dignidade dos outros, pois eles também são Templos de Deus e por isso, são sagrados.


P. Vitus Gustama,svd

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