quarta-feira, 13 de março de 2013

TESTEMUNHAR A FÉ EM DEUS COM OBRAS BOAS
 
Quinta-feira da IV Semana da Quaresma
14 de Março de 2013
 
Textos: Ex 32,7-14 ; Jo 5, 31-47

Naquele tempo, disse Jesus aos judeus: 31“Se eu der testemunho de mim mesmo, meu testemunho não vale. 32Masum outro quetestemunho de mim, e eu sei que o testemunho que ele dá de mim é verdadeiro. 33Vós mandastes mensageiros a João, e ele deu testemunho da verdade. 34Eu, porém, não dependo do testemunho de um ser humano. Mas falo assim para a vossa salvação. 35João era uma lâmpada que estava acesa e a brilhar, e vós com prazer vos alegrastes por um tempo com a sua luz. 36Mas eu tenho um testemunho maior que o de João; as obras que o Pai me concedeu realizar. As obras que eu faço dão testemunho de mim, mostrando que o Pai me enviou. 37E também o Pai que me enviou dá testemunho a meu favor. Vós nunca ouvistes sua voz, nem vistes sua face, 38e sua palavra não encontrou morada em vós, pois não acreditais naquele que ele enviou. 39Vós examinais as Escrituras, pensando que nelas possuís a vida eterna. No entanto, as Escrituras dão testemunho de mim, 40mas não quereis vir a mim para ter a vida eterna! 41Eu não recebo a glória que vem dos homens. 42Mas eu sei que não tendes em vós o amor de Deus. 43Eu vim em nome do meu Pai, e vós não me recebeis. Mas, se um outro viesse em seu próprio nome, a este vós o receberíeis. 44Como podereis acreditar, vós que recebeis glória uns dos outros e não buscais a glória que vem do único Deus? 45Não penseis que eu vos acusarei diante do Pai. Há alguém que vos acusa: Moisés, no qual colocais a vossa esperança. 46Se acreditásseis em Moisés, também acreditaríeis em mim, pois foi a respeito de mim que ele escreveu. 47Mas se não acreditais nos seus escritos, como acreditareis então nas minhas palavras?”

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O texto do evangelho de hoje é a continuação do texto do evangelho do dia anterior em que relatou a cura de um paralítico no Sábado. Os judeus da época criticaram Jesus que curou o paralítico, pois a cura aconteceu no Sábado que era o dia sagrado para eles. Dessa vez os judeus questionaram a autoridade de Jesus em fazer essa cura no dia de Sábado.


Um dos problemas que o evangelho de João enfrenta é o da autoridade de Jesus questionada pelos seus adversários, porque Jesus não faz parte do grupo dos escribas, nem é da descendência sacerdotal, e sim vem de um lugar desconhecido, Nazaré. Mas o fundamento de sua autoridade está na sua comunhão plena com o Pai. O fruto desta profunda comunhão com o Pai é a sua preocupação em fazer o bem para os homens em qualquer circunstância. Somente tem autoridade quem faz alguém crescer. As palavras cheias de autoridade de Jesus e suas obras pelo bem de todos falam por si de que Jesus está em plena comunhão com o Pai. Quem pratica o bem normalmente fala menos de si, pois as obras falam por ele. Quem pratica o bem é porque ele está em sintonia com o Bem maior, que é Deus, mesmo que ele não tenha consciência disso.


Quando nosso coração estiver duro ficaremos cegos diante das obras boas daquele que consideramos adversário. A dureza de coração dos adversários de Jesus os leva a um ódio sempre crescente contra Jesus, pois eles se preocupam apenas com a própria gloria e o próprio interesse. E esse ódio terminará no assassinato de Jesus.


A cura do paralitico no Sábado (Jo 5,1-15) cria uma violenta oposição entre Jesus e os escribas que João descreve sob a forma de processo através do uso da palavra “testemunha/ testemunho”. Jesus está sozinho para se defender. Logo seu testemunho ficaria sem validade nenhuma, pois a jurisprudência judaica determina: para que um testemunho seja válido são exigidas duas ou três testemunhas (Jo 5,31). Jesus apela para as obras pelo bem da humanidade. Essas obras mostram que Jesus está com o Pai e faz o que o Pai continua fazendo: “Meu Pai trabalha e eu também”. Logo sua testemunha mais válida é o Pai. Trata-se de um testemunho que se verifica nas obras e milagres (= sinais) que Jesus opera em favor da humanidade e não para a autopromoção.


Jesus quer nos dizer que para convencer os outros que realmente acreditamos em Deus temos que mostrar não com palavras e sim com as obras. Não basta falar do amor, temos que aprender a amar também através do perdão mútuo. Além disso, Jesus quer nos ensinar a abrirmos nossos olhos e o nosso coração diante do bem que os outros podem fazer. Ninguém é exclusivo para fazer o bem. Ninguém pode encurtar a mão de Deus para fazer o bem. Somos convidados a reconhecer o bem praticado por quem quer que seja. Todos os cristãos devem fazer parte de um grupo: o grupo do bem. No seio da Igreja de Cristo não pode nem deve existir outro tipo de grupo. Ou você é de Cristo por se preocupar somente com o bem que deve ser praticado ou você não é de Cristo se você não se preocupa com o bem praticado. O bem não tem fronteiras. Deus pode usar qualquer ser humano para praticar o bem. Por isso, não podemos encurtar a mão de Deus. Quem pratica o bem é de Deus independentemente de quem quer que ele seja. Quem não pratica o bem não tem nada a ver com Deus, mesmo que alguém se considere cristão. Por isso, falar da é uma coisa. Falar da experiência de é outra coisa. Falar de amor é uma coisa. Falar amorosamente é outra coisa. Não basta não cometer algum crime ou algum mal, é preciso praticar o bem. Praticando o bem você afasta o mal e a felicidade é atraída. O bem praticado é o sinal da abertura diante do Bem Absoluto: Deus.


No evangelho de hoje Jesus reprovou seus conterrâneos por não ter escutado realmente Moisés: “Se acreditásseis em Moisés, também acreditaríeis em mim, pois foi a respeito de mim que ele escreveu”. Em Ex 32,7-14 Moisés reprova a atitude do povo, pois ao descer da montanha de Sinai, onde havia estado para falar com Deus, encontrou o povo adorando uma estátua de bezerro de metal.


O homem se rebaixa quando dá importância para as coisas, e gasta tempo para dar atenção maior para as coisas menos importantes que não edificam o ser humano. A adoração ao verdadeiro Deus através da vivência do amor fraterno é a única que não rebaixa o ser humano. “Quanto mais amas, mais alto tu sobes” (Santo Agostinho)


Quem procura a própria gloria e o próprio interesse será difícil saborear a convivência fraterna, pois haverá somente disputa e o jogo de interesse. O jogo de interesse para o próprio bem e não para o bem comum acabará com a comunidade. O homem se rebaixará, se ele der tanta importância às coisas mais do que às pessoas.  Quem não procurar a glória de Deus, mas, somente os próprios interesses e a própria glória, vai alimentar a própria vida com o ódio cada vez mais crescente contra os outros irmãos que não realizarem esses interesses. “Ali onde se destrói a comunhão com Deus, destrói-se também a raiz e o manancial da comunhão entre nós” (Bento XVI).

P. Vitus Gustama,svd

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