JESUS É A LUZ DE
NOSSA VIDA
Segunda-feira da V Semana da Quaresma
18 de Março de 2013
Textos: Dn
13,1-9. 15-17.19-30.33-62; Jo 8,12-20
Naquele tempo: 12 Disse Jesus aos fariseus:
'Eu sou a luz do mundo.Quem me segue, não andará nas trevas, mas terá a luz da
vida.' 13 Então os fariseus
disseram: 'O teu testemunho não vale, porque estás dando testemunho de ti
mesmo.' 14 Jesus respondeu: 'Ainda
que eu dê testemunho de mim mesmo, o meu testemunho é válido, porque sei de
onde venho e para onde vou. Mas vós não sabeis donde venho, nem para onde vou. 15 Vós julgais segundo a carne, eu não
julgo ninguém, 16 e se eu julgo, o meu
julgamento é verdadeiro, porque não estou só, mas comigo está o Pai, que me
enviou. 17 Na vossa Lei está escrito
que o testemunho de duas pessoas é verdadeiro. 18 Ora, eu dou testemunho de mim mesmo e também o Pai,
que me enviou, dá testemunho de mim.' 19 Perguntaram então: 'Onde está o teu Pai?' Jesus
respondeu: 'Vós não conheceis nem a mim, nem o meu Pai. Se me conhecêsseis,
conheceríeis também o meu Pai.' 20 Jesus disse estas coisas, enquanto estava ensinando
no Templo, perto da sala do tesouro. E ninguém o prendeu, porque a hora dele
ainda não havia chegado.
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“Eu sou a luz do
mundo” diz Jesus.
A metáfora da luz se entende facilmente:
é o contrário da escuridão/obscuridade e da cegueira. E no sentido simbólico, é
o contrário do ódio e da mentira.
Todos nós temos a experiência da
luz (menos um cego de nascença). A luz não só torna claro e mostra a
beleza do universo, mas também ela é condição de sobrevivência. As plantas sem
o sol morrem. Na escuridão ninguém pode produzir nada. A luz nos faz
percebermos a beleza das cores. A luz serve para iluminar os objetos. A luz
existe não para ser olhada diretamente, pois pode causar a cegueira. Não se
deve olhar para a luz, mas para as coisas iluminadas ou caminho iluminado.
No AT, Deus é o Criador da luz. Ao
criar a luz e dividir o tempo entre luz e trevas, Deus acabou com o primitivo
estado de caos (Gn 1,3). A luz é criada por Deus, por isso, ela é um sinal que
manifesta visivelmente alguma coisa de Deus. Em outras palavras, a luz é o
reflexo da glória de Deus. O Sl 104,2 descreve a luz como vestimenta em que
Deus se envolve. Como luz, quando Deus aparece, seu esplendor é semelhante ao
dia e das suas mãos saem raios (Hab 3,3s). A luz é, então, a glória ou
esplendor de Deus.
No NT a luz é reflexo da divindade.
A nuvem luminosa na transfiguração mostra a presença de Deus (Mt 17,5). Deus
habita em luz inacessível (1Tm 6,16). Deus é luz (1Jo 1,5). E quem obedece aos
seus mandamentos andam na luz (1Jo 1,7). A luz de Deus é vista em Jesus, que é
a luz do mundo (Jo 3,19; 8,12; 9,5;12,35s.46). Jesus é a luz que ilumina todo
homem (Jo 1,9) por meio da vida que ele tem dentro de si (Jo 1,4) e brilha para
os homens (1Jo 2,8-10). Jesus é também a luz para guiar os pagãos (Lc 2,32). O
cristão através de sua participação na luz e na vida de Deus por meio de Jesus
transforma-se em instrumento de luz para aqueles que se acham nas trevas.
Para o AT e para o judaísmo, a luz
era símbolo da Lei e da sabedoria. De ambas se dizia que eram a luz dos homens.
No mundo helenista a luz simbolizava o conhecimento de Deus. Os primeiros
cristãos consideraram o evangelho como a luz. Com sua auto-apresentação ou
auto-revelação “Eu sou a luz”, Jesus atribui à sua pessoa o que se havia dito
da lei, de sabedoria, do conhecimento de Deus e do evangelho. Jesus ilumina o
mistério da existência humana e procura e traz a salvação para os homens que a
haviam esperado da lei. Para Jesus é necessário que o homem aproveite a luz do
dia, isto é, a presença de Jesus. Sua ausência significa a irrupção/invasão do
mundo das trevas, do mundo antidivino. E
a fé em Jesus, Luz do mundo, possibilita o homem enxergar a vida da maneira que
Deus a vê.
Na série de afirmações de Jesus, o
repetido “Eu sou” do evangelho de João, ouvimos hoje o “Eu sou a Luz do mundo:
quem me segue não andará nas trevas” que repetirá também depois da cura do cego
de nascimento.
Esta declaração de Jesus alude à
cerimônia da festa judaica das luzes. A Luz é a designação do Messias, por sua
obra de libertação, de felicidade e de alegria. A frase “Eu sou a Luz do mundo”
significa que Jesus é o Messias e toma o posto da Lei, sendo ao mesmo tempo, o
resplendor da vida: “O que foi feito nele era a vida e a vida era a luz
dos homens” afirma o Prólogo (Jo 1,4) e para toda a humanidade (Is
42,6s; 49,6.9).
No capitulo 7 (Jo 7,37-39), Jesus
se apresentava como a fonte da água/Espírito; agora se define como o guia: “Eu
sou a Luz do mundo. Quem segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida”
(8,12). Seguir a Jesus exige uma decisão pessoal para orientar a vida. Como
guia para nosso caminhar pela vida, Jesus nos convida a segui-lo para caminhar
sempre na claridade. A pessoa de Jesus, seus ensinamentos, seus exemplos de
vida são luz que ilumina toda nossa existência, tanto nas horas boas como nas
horas de sofrimento ou de contradição. Por isso, a metáfora da luz é entendida
facilmente: é o contrário da escuridão e da cegueira. E em sentido simbólico, o
contrário do ódio e da mentira. Seguir Jesus significa encontrar o Caminho que
com segurança nos conduz ao Pai, ao Céu sem tropeços.
Como discípulos seus, o Senhor nos
convida também a sermos luz para o mundo; a levar a luz da esperança no meio
das violências, desconfianças e medos de nossos irmãos; a levar a luz da fé no
meio das obscuridades, dúvidas e interrogações; a levar a luz do amor no meio
de tanta mentira, rancor e vingança.
Jesus afirma no Sermão da Montanha: “Vós sois a luz do mundo. Uma
cidade construída sobre a montanha não fica escondida. Não se acende uma
lâmpada para colocá-la debaixo de uma caixa, mas sim no candelabro, onde ela
brilha para todos os que estão em casa. Assim também brilhe a vossa luz diante
das pessoas, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está
nos céus” (Mt 5,14-16).
As palavras de Maria, a Mãe do
Senhor, nas bodas de Cana: “Fazei tudo o que Ele vos mandar” (Jo 2,5) são o
caminho para que Jesus seja Luz do mundo e para que nós iluminemos o mundo ao
nosso redor com esta mesma Luz. A vida de Deus que habita em cada um de nós
deve ser manifestada através de nossas boas obras. Mediante elas Deus
continuará nos iluminando. Não podemos nos converter em ocasião de pecado, de
escândalo, de tropeço para os demais. O Senhor nos diz que somos a luz do
mundo. Para sermos a luz do mundo precisamos contemplar a verdadeira Luz que é
Jesus Cristo. Ao contemplá-lo, seremos reflexos seus no mundo.
P. Vitus Gustama,svd
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