quinta-feira, 21 de março de 2013

DEUS FALA E SE REVELA ATRAVÉS DAS OBRAS DE AMOR
 
Sexta-feira da V Semana da Quaresma
22 de Março de 2013
 

Textos de Leitura: Jo 10,31-42

Naquele tempo, 31os judeus pegaram pedras para apedrejar Jesus. 32E ele lhes disse: “Por ordem do Pai, mostrei-vos muitas obras boas. Por qual delas me quereis apedrejar?” 33Os judeus responderam: “Não queremos te apedrejar por causa das obras boas, mas por causa de blasfêmia, porque sendo apenas um homem, tu te fazes Deus!” 34Jesus disse: “Acaso não está escrito na vossa Lei: ‘Eu disse: vós sois deuses’?  35Ora, ninguém pode anular a Escritura: se a Lei chama deuses as pessoas às quais se dirigiu a palavra de Deus, 36por que então me acusais de blasfêmia, quando eu digo que sou Filho de Deus, eu a quem o Pai consagrou e enviou ao mundo? 37Se não faço as obras do meu Pai, não acrediteis em mim. 38Mas, se eu as faço, mesmo que não queirais acreditar em mim, acreditai nas minhas obras, para que saibais e reconheçais que o Pai está em mim e eu no Pai”. 39Outra vez procuravam prender Jesus, mas ele escapou das mãos deles. 40Jesus passou para o outro lado do Jordão, e foi para o lugar onde, antes, João tinha batizado. E permaneceu ali. 41Muitos foram ter com ele, e diziam: “João não realizou nenhum sinal, mas tudo o que ele disse a respeito deste homem, é verdade”. 42E muitos, ali, acreditaram nele.

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O evangelho nos apresenta um clima cada vez mais tenso entre os judeus e Jesus. Os judeus querem uma declaração clara de Jesus sobre suas origens. Mas eles estão instalados em sua ortodoxia e com um pensamento já feito. E por isso, eles não permitem outros pontos de vista. A pior prisão é a prisão mental em que não tem mais humildade em aprender.


O evangelho de hoje nos relata que os judeus pegaram pela segunda vez pedras para apedrejar Jesus. Mas Jesus lança a seguinte pergunta: “Tenho-vos mostrado muitas obras boas da parte de meu Pai. Por qual dessas obras me apedrejais? (...) Mas se as faço, e se não quiserdes crer em mim, crede nas minhas obras, para que saibais e reconheçais que o Pai está em mim e eu no Pai(Jo 10,32. 38). As obras de Jesus pelo bem da humanidade, especialmente pelos necessitados, demonstram sua unidade com Deus. Quem pratica o bem é de Deus, embora ele não confesse expressamente sua em Deus. Quem é de Deus e tem fé em Deus, deve praticar o bem como Jesus. Mas essas obras não convencem os contemporâneos de Jesus porque suas cabeças estão cheias de “razoes”. Ao contrário, pegaram pedras para atirar em Jesus. Quem atira pedras nos outros é porque tem um coração de pedra. Um coração de pedra sempre machuca e fere os outros. “O coração do homem é como a mó de um moinho; se jogardes trigo, tereis farinha; se jogardes pedras, tereis cascalho” (Fulton Sheen).


Jesus sofreu sua Paixão muito antes da Sexta-feira Santa. Ele viveu as ultimas semanas de Sua vida terrena rodeado de inimigos que querem eliminá-lo para sempre deste mundo. Ele experimenta o sofrimento moral e psicológico: ele é mal julgado pelas pessoas que deformam a verdade. Tudo isto é doloroso.


Jesus sempre nos relembra que somente os limpos de coração verão a Deus (cf. Mt 5,8). Se eu não estou preparado para amar, se não há em mim um desejo sincero de conhecer Deus, não O verei na minha vida e em outras pessoas, mesmo que tenha tantas evidências, como aconteceu com os contemporâneos de Jesus. Que essa cegueira seja temporária.


“Crede nas minhas obras”. “Olham para minhas obras!”, diz Jesus. A qualidade do homem, em certo sentido, se aprova pelas suas obras. Jesus demonstra ser enviado e Filho de Deus com as obras de amor que realiza. As únicas coisas que testemunham uma missão divina não são sequer as palavras (se não quiserdes crer em mim) e sim as obras. Santo Agostinho dizia: “O homem não se torna bom por possuir coisas boas. Ao contrário, o homem bom torna boas as coisas que possui, ao usá-las bem”. A própria pessoa que pratica as boas obras pode até ficar calada ou estar em silêncio, mas as obras gritam por si e por ele. Das obras boas de Jesus devem deduzir a unidade entre Ele e o Pai (v. 38b). O Pai e Jesus têm o mesmo objetivo: dar vida ao homem: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundancia” (Jo 10,10).


Quando Jesus diz aos seus adversários: “Se não quiserdes crer em mim, crede nas minhas obras, para que saibais e reconheçais que o Pai está em mim e eu no Pai”, eles não têm resposta. Como de costume, eles apelam simplesmente à violência (Jo 7,30; 8,20.59). Eles querem apedrejar Jesus. O apedrejamento era o castigo por gravíssimos pecados, entre eles era a blasfêmia.


O evangelho de são João quer explicar a seus leitores quem é realmente Jesus, em nome de quem vem e atua. Também quer explicar-lhes porque as autoridades do seu tempo chegaram a crucificar Jesus: porque não entenderam Suas palavras nem interpretaram seus gestos e seus milagres (sinais).


A bondade é o preço de aluguel que devemos pagar pelo espaço que ocupamos neste planeta, pois o planeta não é nosso e sim é de Deus. Deus criou tudo pela pura bondade e por amor à humanidade. O “preço” que devemos “pagar” é a bondade praticada e o amor fraterno vivido diariamente.


Não pode deixar de nos perguntarmos: “Quantas pedras atiramos aos que não pensam ou não falam como nós? Teríamos nós, como Jesus nos diz, que é precisoolhar para as obras” e aprender a reconhecer nelas o único sinal inequívoco do Reino: o amor. É preciso que abramos os olhos do coração e contemplemos a realidade como Deus a . No fim descobriremos que o rosto de amor nos chama à vida e que nos promete a vida. Quando usarmos o coração na convivência com os demais, as pedras que estão nas nossas mãos vão cair todas no chão e as usaremos para construir uma casa de fraternidade. Façamos cada obra por pequena que ela seja de uma forma grandiosa. O que faz grandiosa uma obra é o amor com que a fazemos. A bondade é um investimento que nunca falha, pois tem a marca de eternidade.

 
P. Vitus Gustama,svd

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