O SENHOR DÁ A PAZ E O
ENTENDIMENTO ONDE SEU NOME É ASSUNTO DA CONVERSA
Quinta-feira da I Semana da Páscoa
04 de Abril de 2013
Texto de leitura: Lc 24,35-48
Naquele tempo, 35os
discípulos contaram o que tinha acontecido no caminho, e como tinham
reconhecido Jesus ao partir o pão. 36Ainda estavam falando, quando o
próprio Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: “A paz esteja convosco!” 37Eles ficaram assustados e cheios de medo, pensando que estavam
vendo um fantasma. 38Mas Jesus disse: “Por que estais preocupados, e
por que tendes dúvidas no coração? 39Vede minhas mãos e meus pés:
sou eu mesmo! Tocai em mim e vede! Um fantasma não tem carne, nem ossos, como
estais vendo que eu tenho”. 40E dizendo isso, Jesus mostrou-lhes as
mãos e os pés. 41Mas eles ainda não podiam acreditar, porque estavam
muito alegres e surpresos. Então Jesus disse: “Tendes aqui alguma coisa para
comer?” 42Deram-lhe um pedaço de peixe assado. 43Ele o
tomou e comeu diante deles. 44Depois disse-lhes: “São estas as
coisas que vos falei quando ainda estava convosco: era preciso que se cumprisse
tudo o que está escrito sobre mim na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos”.
45Então Jesus abriu a inteligência dos discípulos para entenderem as Escrituras, 46e lhes disse: “Assim está escrito: o Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia 47e no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. 48Vós sereis testemunhas de tudo isso”.
45Então Jesus abriu a inteligência dos discípulos para entenderem as Escrituras, 46e lhes disse: “Assim está escrito: o Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia 47e no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. 48Vós sereis testemunhas de tudo isso”.
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A cena do texto do evangelho lido
neste dia é continuação da cena do evangelho do dia anterior. O relato começa
com o testemunho dos discípulos de Emaús, isto é, aqueles que em sua trajetória
viveram a experiência pessoal do encontro com o Senhor ressuscitado no caminho
e na fração do pão. É a experiência que enche seus corações e os impulsiona a
anunciarem ou contarem a grande noticia de que Jesus vive e vive
realmente.
Durante a partilha dessa
experiência, Jesus aparece no meio deles e os saúda com o Shalom (paz): “A paz
esteja convosco!”.
Em que consiste a paz que Jesus nos
oferece? A paz que o Senhor ressuscitado nos oferece não consiste na
tranqüilidade que se sente quando um está plácido e comodamente está sentado ou
vive sem que ninguém ou nada o incomode. A paz de Cristo ressuscitado nos
oferece consiste em saber que somos amados, protegidos e compreendidos por
Deus. Mas receber a paz de Deus não é suficiente para um cristão. Em nome do
Ressuscitado devemos viver e proclamar este tipo de paz para o mundo para que
todos voltem para Deus para receber o Seu perdão. Dizia Santo Agostinho: “Não
basta ser pacifico. É necessário ser promotor da paz. Não basta estar disposto
a perdoar ou ignorar os inimigos, é preciso amá-los e ter compaixão... Deves
amar a paz sem odiar os que fazem a guerra” (Serm. 357,1).
Na Eucaristia o Senhor se faz
presente entre nós para nos manifestar todo o amor que ele nos tem. A partir desse
amor é que Ele nos concede seu perdão e sua paz. Ao participar da Eucaristia,
nós devemos nos sentir amados por ele. Por isso, a participação na Eucaristia
nos compromete a darmos testemunho da vida nova que Deus infundiu em nós. Devemos, portanto, ser
construtores da paz. Trata-se de uma paz que brota do amor sincero que nos faça
próximos do nosso próximo em suas angustias e esperanças.
Depois da ressurreição Jesus
apareceu no meio dos discípulos que estavam com o medo. Mas sem duvida nenhuma
que o assunto entre eles era sobre Jesus. E Jesus já tinha prometido aos
discípulos: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estou Eu
no meio deles” (Mt 18,20). Cada conversa sobre Jesus e assuntos ligados a
ele, Jesus está presente para dar o shalom, a paz e para acalmar qualquer
situação por fervente que ela pareça ser. Ele está presente para dar ajuda em
cada conversa sobre ele e sobre os seus ensinamentos. Jesus aparece no momento
em que a experiência individual começa a ser coletiva, comunitária em Jesus,
sem destruir a experiência pessoal/individual. O Ressuscitado é a força que
interpela à comunidade e é experiência de unidade. Por isso, desta vez, Jesus é
reconhecido na comunidade reunida em Seu nome.
A dúvida e o medo dos discípulos
são evidentes, como em todas as aparições do Ressuscitado. E Jesus tem que
acalmá-los: “Por que estais preocupados e por que tendes dúvidas no coração?”.
Para acabar com a dúvida dos discípulos Jesus come com eles. Mas a comunidade
tem algo para oferecer a Jesus, é algo que os alimenta diariamente: o peixe: “Tendes
aqui alguma coisa para comer?”, pergunta-lhe Jesus. “Deram-lhe um pedaço
de peixe assado”, comenta o evangelista Lucas. Será que temos algo a
oferecer a Jesus ou somente pedimos algo de Jesus?
O fruto da presença de Jesus no
meio dos discípulos que conversam sobre ele é a abertura do entendimento, o
horizonte ampliado sobre a vida: “Jesus abriu a inteligência dos discípulos
para entenderem as Escrituras”, assim comenta o evangelista Lucas.
Nós podemos também reconhecer Jesus
na fração do pão eucarístico, na Palavra bíblica proclamada, meditada e
partilhada, e na comunidade reunida em Seu nome partilhando o que se tem para
quem é carente em tudo. Nós necessitamos, como a primeira comunidade, de uma
catequese especial para que seja aberto nosso entendimento a fim de entendermos
a vida e as coisas que acontecem nela, pois nada escapa do olhar de Deus quando
deixamos que ele tenha espaço nas nossas conversas e quando seu lugar está bem
no meio de nós. Em cada Eucaristia ele aparece no meio de nós e é o principal
alimento no qual se encontra a força necessária para nossa vida. Ao se
alimentar da Eucaristia, cada um deve se converter em força para os outros,
especialmente para aqueles que não têm mais ânimo para lutar, pois estão
céticos em tudo e sobre tudo na vida. Estas pessoas precisam escutar novamente
a promessa infalível de Jesus: “No mundo vocês terão tribulações, mas tenha
coragem: eu venci o mundo” (Jo 16,33b). Cada cristão deve se converter
nesta frase: “Não tenha medo! Jesus venceu o mundo”. O cristão é aquele que
acalma e serena os outros, pois ele sabe que está sempre com o Jesus
ressuscitado.
Com os olhos da fé na Fração do Pão
e na força de sua Palavra é que saiamos da celebração para dar testemunho de
Cristo na vida. Aos Apóstolos, a ultima palavra que lhes dirige é esta: “Vós
sereis testemunhas de tudo isso”. Desde princípio, ser apóstolo é ser
testemunha da ressurreição de Jesus Cristo (At 1,22). Ser cristão é ser
testemunha de que viver a vida com Deus e com todas as suas conseqüências é uma
vida vitoriosa, uma vida que não termina na morte, e sim na ressurreição com
Jesus. Deus pode tardar, mas nunca falha. Atrás da cruz de Jesus está a vida
sem fim. Precisamos ter um olhar penetrante além dos sentidos para entender o
recado de Deus.
P. Vitus Gustama,svd
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