CORAÇÃO PURO SE EXPRESSA NOS ATOS PUROS
Quarta-feira da XXI Semana
Comum
28 de Agosto de 2013
Texto de Leitura: Mt 23,
27-32
Naquele tempo, disse
Jesus: 27 “Ai de vós, mestres da
Lei e fariseus hipócritas! Vós sois como sepulcros caiados: por fora parecem
belos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda podridão! 28 Assim
também vós: por fora, pareceis justos diante dos outros, mas por dentro estais
cheios de hipocrisia e injustiça. 29 Ai de vós, mestres da
Lei e fariseus hipócritas! Vós construís sepulcros para os profetas e enfeitais
os túmulos dos justos, 30 e dizeis: ‘Se tivéssemos
vivido no tempo de nossos pais, não teríamos sido cúmplices da morte dos
profetas’. 31 Com isso, confessais que
sois filhos daqueles que mataram os profetas. 32 Completai,
pois, a medida de vossos pais!”
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SANTO AGOSTINHO
(28/08)
Neste dia celebramos a festa de
Santo Agostinho. Santo Agostinho nasceu em Tagaste (África) em 354. Depois de
uma juventude conturbada, converteu-se aos 33 anos em Milão, onde foi batizado
pelo bispo Ambrósio. Regressando à sua pátria e eleito bispo de Hipona,
desenvolveu uma enorme atividade por meio da pregação e dos seus escritos
doutrinais em defesa da fé. Ele é um dos grandes Doutores da Igreja. E é um
mestre, teólogo, filósofo, moralista e apologista. Morreu em 430.
Não é fácil falar de nossos próprios
defeitos e fraquezas para os outros, muito menos publicá-los. Mas acontece o
contrário com o Santo Agostinho. Agostinho é um santo que não tem medo nem
vergonha de falar com sinceridade e simplicidade de suas fraquezas e que os
publicou como uma confissão num livro se chama “Confissões” de Santo
Agostinho. Neste livro Santo Agostinho
mostra a realidade nua e crua de sua alma com sinceridade e simplicidade.
Santo Agostinho recebeu uma educação
cristã de sua mãe, Santa Mônica. Mas essa educação materna e o amor à verdade,
que sempre existiu na alma de Agostinho, não o livraram de cair em graves erros
e de levar uma vida moral muito afastada de Deus. Mas ele confessou: “Ninguém
está tão só do que aquele que vive sem Deus. O homem, para onde se dirija, sem
se apoiar em Deus, só encontrará dor”. Por isso ele escreveu: “...fizeste-nos
para Ti, Senhor, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em Ti.
Dá-me, Senhor, saber e compreender qual seja o primeiro: invocar-te ou
louvar-te; conhecer-te ou invocar-te. Mas, quem te invocará sem te conhecer?
Por ignorá-lo, poderá invocar alguém em lugar de outro..... Quem o procura, o
encontra, e tendo-o encontrado, o louvará. Que eu te busque, invocando-te; e que
eu te invoque, crendo em ti: tu nos foste anunciado” (Confissões,I,1). “Quando
estiver unido a ti com todo o meu ser, não mais sentirei dor ou cansaço. Minha
vida será verdadeiramente vida, toda plena de ti” (X,39).
Depois de ter passado anos em busca
da verdade sem encontrá-la, chegou à convicção, com a ajuda da graça que a sua
mãe implorou constantemente, de que só em Cristo é que encontraria a verdade e
a paz para a sua alma. Finalmente ele se converteu. Ele se lamentou porque
tarde demais encontrou Deus: “Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova!
Tarde demais eu te amei! Eis que habitavas dentro de mim e eu te procurava do
lado de fora... Tu me chamaste, e teu grito rompeu a minha surdez. Tua luz
afugentou a minha cegueira. Tu me tocaste, e agora estou ardendo no desejo de
tua paz” (Confissões, X,27). “O céu e a terra estão gritando: “Fomos
feitos por Deus”.
Tudo isso quer nos ensinar que nada
e ninguém é perdido nesta vida, enquanto a nossa fé em Deus continua forte e
inabalável em qualquer situação. Santa Mônica e Santo Agostinho são grandes
provas de tudo isso. O senhor nunca nos nega a sua ajuda. E se tivermos a
desgraça de ofendê-lo gravemente, Ele nos esperará em cada instante, como
esperou durante tantos anos pelo regresso de Santo Agostinho a exemplo do filho
pródigo que voltou para sua casa.
Outros conselhos de Santo Agostinho:
· “Escuta primeiro ao que fala dentro e desde dentro, fala
depois aos que estão fora” (In ps. 139).
· “A
ignorância mais refinada é a ignorância da própria ignorância” (Conf.
5,7). “Com relativa freqüência a ignorância põe máscara e capa de
simplicidade” (idem 2,9). “O reconhecimento da própria ignorância
é a primeira prova de inteligência” (Serm.301,4,3).
· “Quanto mais curioso torna-se o homem por conhecer a vida
alheia, tanto mais relaxado se torna para consertar a sua própria” (Conf.10,3).
“Quanto menos atenção o homem presta aos seus
próprios pecados, tanto mais curioso ele se torna em relação aos alheios. Não
podendo desculpar-se a si mesmo, trata de salvar a pele acusando os outros”
(Serm.19,2). “Amando ao próximo tu limpas os
olho para ver a Deus” (In Joan.17,8). Quanto mais amas, mais alto tu sobes (In ps.
83,10)
· Não Andes averiguando quanto tens, mas o que tu és (Serm. 23,3). Dentro do coração sou o que sou (Conf. 10,3).
Conserve o que tens dentro e não terás de temer
nada de fora (In ps. 35,17). O
homem não se torna bom por possuir coisas boas. Ao contrário, o homem bom torna
boas as coisas que possui, ao usá-las bem (Epist. 130,2,3).
· O homem não se movimenta pelos pés, mas pelos afetos. Até os próprios
pés ele move por afetos (In ps. 9,15). Quanto
mais cresce teu amor, maior é tua perfeição. A perfeição da alma é o amor
(In epist. Joan. 9,2). Amando o próximo
limpas os olhos para ver Deus (In Joan. 17,8). Tempera tua ciência com amor e tua ciência será útil. Não
por si mesma, mas pelo amor (In Joan. 18,6). O homem novo canta um cântico novo quando vive uma vida
nova, a vida do amor. Cantar é sempre sinal de felicidade e coisa de amantes
(Serm. 34,1,1).
___________
“Ai de vós, mestres da Lei e
fariseus hipócritas! Vós sois como sepulcros caiados: por fora aparecem belos,
mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda podridão”.
Mais acusações de Jesus contra a
hipocrisia dos fariseus e escribas: aparecer por fora o que não é por dentro.
Antigamente, hipócrita era quem,
simulando virtudes, nobres sentimentos e boas qualidades, enganava as outras
pessoas no intuito de conquistar a estima delas. Um hipócrita sempre quer
parecer bom. Ele refugia na simulação de possuir virtudes. Ele não se preocupa
em ser bom, mas em parecer bom. “Onde não há virtude não há retidão”,
dizia Santo Agostinho. “A simulação de uma virtude é sacrilégio duplo: une à
malicia a falsidade”, acrescentou Santo Agostinho.
Jesus critica duramente a distância
que há em nós entre o “parecer” e o “ser”; entre o que deixamos que apareça de
nossa vida e o que ocultamos. Se alguém falar muito de si pode ser uma forma de
se ocultar. “Quem não sabe julgar o que merece crédito e o que merece ser
esquecido presta atenção ao que não tem importância e se esquece do essencial”
(Buda). Jesus quer que tenhamos o mesmo cuidado tanto de nossa aparência como de
nosso interior. A dignidade da pessoa humana não consiste em parecer bom, mas
em ser bom. De uma pessoa de bondade só saem as coisas boas. Mas um coração não
convertido nunca produz frutos bons para a convivência.
Para denunciar a hipocrisia dos
mestres da Lei e dos fariseus, Jesus serve-se, no evangelho de hoje, de uma expressão
forte. Ele chama os fariseus e escribas de “sepulcros caiados”: belos por fora,
cheios de podridão por dentro.
Os sepulcros, na cultura judaica,
eram cuidadosamente pintados de branco, de modo a serem bem visíveis. Desta
forma, evitava-se o contato das pessoas com o túmulo e, por extensão, com o
cadáver nele sepultado. Se os sepulcros fossem tocados por inadvertência,
impedia a pessoa de participar das atividades religiosas, pois ficou impura.
Jesus compara a vida dos mestres da
Lei e os fariseus a um sepulcro. Não adianta querer esconder cadáveres no
porão, porque eles acabam cheirando mal. Como sepulcros caiados, eles parecem
justos por fora, mas por dentro estão repletos de hipocrisia e de maldade. De
que adiantam a beleza exterior e esplendor externo quando há miséria interior?
Mas Jesus não se deixa enganar
porque ele conhece o coração de cada ser humano. O olhar de Jesus é o de Deus:
não fica na superfície, mas penetra profundamente, atinge o coração e vê o que
está no íntimo do homem, a parte mais recôndita da alma.
Não estamos isentos do exibicionismo
e da hipocrisia dos escribas e fariseus. Se cada um de nós empregar na busca do
bem todo o tempo e todas as energias que desperdiça em mendigar os louvores dos
outros, talvez tenha a consciência tranqüila e a satisfação de ser admirado.
Mas, preferindo os louvores em vez do bem, ele está convulsionando a ordem das
coisas e acabará ficando com o coração vazio.
A dignidade da pessoa humana não
consiste em parecer bom/boa, mas em ser bom/boa. O verniz encobre o mal, mas
não o suprime; um sepulcro pintado de branco parecerá menos lúgubre, mas
continuará um sepulcro.
Nós andamos, muitas vezes,
preocupados com o que os outros pensam de nós. Mas na verdade devemos trabalhar
pela pureza de nosso interior para que nossos atos e ações também sejam puros e
não simplesmente para agradar ninguém. E nós mesmos também queremos, muitas
vezes, que os outros se comportem como desejamos. Na verdade precisamos estar
em sintonia com o querer de Jesus Cristo. Jesus quer que estejamos preocupados
com a justiça, a fidelidade e a misericórdia, como ele falou no evangelho do
dia anterior.
A pergunta que cada um de nós deve
fazer, como mensagem do evangelho deste dia: “Será que nossa aparência de
piedade é autêntica ou falsa?”. O nosso modo de viver é que vai dar a resposta
exata para esta pergunta.
P. Vitus Gustama,svd
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