VIVER CONFORME A JUSTIÇA,
A MISERICÓRDIA E A FIDELIDADE
Terça-feira da XXI Semana
Comum
Texto de Leitura: Mt
23,23-26
Naquele tempo, disse Jesus: 23 Ai de
vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós pagais o dízimo da hortelã, da
erva-doce e do cominho, e deixais de lado os ensinamentos mais importantes da
Lei, como a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Vós deveríeis praticar
isto, sem contudo deixar aquilo. 24 Guias cegos! Vós filtrais o mosquito, mas
engolis o camelo. 25 Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós
limpais o copo e o prato por fora, mas, por dentro, estais cheios de roubo e
cobiça. 26 Fariseu cego! Limpa primeiro o copo por dentro, para que também por
fora fique limpo.
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SANTA MÔNICA
(27/08)
Celebramos hoje a festa de Santa
Mônica, mãe de Santo Agostinho (a festa de Santo Agostinho no dia 28 de
agosto). Ela nasceu em Tagaste, África, em 331, de uma família cristã. Ainda
muito jovem casou-se com Patrício, legionário pagão, com quem teve três filhos:
Agostinho, Navígio e uma filha (que morreu como superiora do mosteiro de
Hipona, em 424).
A vida de Mônica não foi muito
tranqüila, mas terminou feliz. Em primeiro lugar, ela teve aflições pelo
marido. Ela suportou infidelidades conjugais, sem jamais hostilizar, demonstrar
ressentimento contra o marido por isso. Além disso, o marido era um homem de
comportamento esquentado. Mônica se mostrava calma e paciente por causa de sua
vida espiritual profunda. “Depois que ele se refazia e acalmava, ela
procurava o momento oportuno para mostrar-lhe como se tinha irritado sem
refletir”, escreveu Santo Agostinho sobre sua mãe, Mônica, diante do
marido, Patricio (Confissões, IX,19). Era assim que ela conquistava o
marido. O que tem por trás disso é a fidelidade
de Mônica a Deus dia a dia. Por isso, Mônica teve a consolação de levar o
marido à fonte batismal em 371, um ano antes da morte dele.
Após a morte do marido, Patrício,
Mônica se viu sozinha diante da conduta desordenada do filho Agostinho, que aos
16 anos abandonou a vida digna de um filho de Deus. Trata-se de outra aflição
que Mônica tinha. Agostinho era um filho rebelde à graça de Deus, inteligente,
mas indiferente. Por ele, Mônica rezou e chorou. Ela suplicou a Deus com
insistência e não cansou de pedir a ajuda das pessoas sábias. Um dia ela pediu
o conselho do bispo Ambrosio de Milão (festa 07/12). Dele ela recebeu esta
resposta: “Vai em paz, mulher, e continua assim; não te preocupes,
contenta-te com rezar por ele; é impossível que perca o filho de tantas
lagrimas”. Esse pensamento se expressa na coleta da festa: “Ó Deus,
consolação dos que choram, que acolhestes, as lagrimas de Santa Mônica pela
conversão de seu filho, Agostinho....”. Mônica mais uma vez alcançou a graça de
ter conseguido de Deus a conversão de Agostinho. Agostinho recebeu o batismo em
387.
Mônica e Agostinho passaram juntos o
verão na Itália, aguardando a partida de Mônica para a África. As últimas
palavras de Mônica para Agostinho eram estas: “Meu filho, quanto a mim, não
existe nada que me atraia nesta vida. Nem sei mesmo o que estou fazendo aqui, e
por que ainda existo. Uma única coisa que me fazia desejar viver ainda um pouco
era ver-te cristão antes de eu morrer. Deus me concedeu algo mais e melhor:
ver-te desprezar as alegrias terrenas e só a Ele (Deus) servir. O que faço
ainda aqui?”. E dentro de pouco tempo ela morreu (em Óstia) antes de
embarcar de volta à pátria. Era o ano de 387 e tinha 55 anos de idade.
Agostinho ficou tão admirado pela
virtude de sua mãe, Mônica, até chegou a escrever: “Não quero calar os
sentimentos que me brotam na alma a respeito de tua serva, que me deu a vida
temporal segundo a carne e que, pelo coração, fez-me nascer para a vida eterna”.
(Confissões IX, 17). No seu livro “Confissões”, Agostinho dedicou o cap. IX
para falar da virtude de sua mãe, Mônica.
Creio que muitas mães de hoje, que
sofrem pela mesma causa ou outras causas, vêem-se em Santo Mônica e se
identificam com ela. Mônica quer dar a mensagem de esperança para todas as mães
sofredoras que continuem a acreditar em Deus e permaneçam na oração serena. E o
próprio Jesus afirma: “E Deus, não faria justiça a seus eleitos que clamam a
Ele dia e noite, mesmo que os faça esperar?” (Lc 18,7).
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Como foi dito no dia anterior, o
capítulo 23 do Evangelho de Mateus é a página mais violenta. Aqui Jesus
desmascara todos aqueles que se escondem atrás de uma fachada religiosa para
enganar o povo/os outros com o seu ensinamento.
Jesus se enfrentou abertamente com
as autoridades judaicas. Ele os criticava a falta de responsabilidade para o
povo de Deus, pois só pensavam nos próprio interesses e não no bem comum. As comparações
que Jesus faz põe em evidência a mentira com que os fariseus se encobrem. Os fariseus
se mostram como homens extremamente cumpridores da lei, mas não lhes importa a
justiça nem a fidelidade a Deus: “Vós pagais o dízimo da hortelã,
da erva-doce e do cominho e deixais de lado os ensinamentos mais importantes da
lei como a justiça, a misericórdia e a fidelidade”. Aparentemente
são homens puros, mas em seu interior somente acumulam a cobiça, a corrupção e
a maldade.
Os cristãos receberam, no Batismo,
uma das três funções: a função profética. A comunidade cristã é chamada e
enviada para continuar a ação profética de Jesus. A comunidade cristã não pode
guardar silêncio diante dos lideres escrupulosos que enganam o povo com
mentiras e projetos fantasiosos. É preciso ler atentamente o que tem
entrelinhas e fora de linhas todos os projetos apresentados à população. Quem
tem um olhar profético e permanece em Cristo percebe tudo com facilidade.
“Vós pagais o dízimo da hortelã,
da erva-doce e do cominho e deixais de lado os ensinamentos mais importantes da
lei como a justiça, a misericórdia e a fidelidade”.
Os judeus eram minuciosos em algumas
bagatelas e não se preocupavam com os assuntos importantes. Jesus nos recorda
as grandes exigências de todos os tempos: a justiça, a misericórdia e a
fidelidade. Justiça é reconhecer os direitos dos outros, é dar a outro o que
lhe compete ou lhe pertence. Não tem como praticar a caridade sem praticar a
justiça. Para praticar a caridade o homem tem que reconhecer o direito do
outro. Simplesmente, podemos dizer que a justiça é dar a alguém o que é dele e
dar a mim o que é meu. A caridade é dar a alguém o que é meu. Do mesmo modo
podemos dizer quer não tem como pedir o perdão de Deus se não formos capazes de
ser misericordiosos para com os outros. Não tem como sermos fieis, se nossa
vida for contaminada pelas traições praticadas violando nossa própria dignidade
e consequentemente a dignidade dos outros.
Vós pagais o dízimo da hortelã, da
erva-doce e do cominho, e deixais de lado os ensinamentos mais importantes da
Lei, como a justiça, a misericórdia e a fidelidade.
Hoje diríamos: a ajuda aos mais
pobres, a defesa dos débeis e dos oprimidos, a pureza do coração, a honestidade
profissional, a justiça social, respeito devido a toda pessoa, e assim por
diante. Jesus quer que a fidelidade às observâncias cultuais seja o reflexo de
uma fiel observância do amor aos demais durante toda a vida.
Os defeitos apresentados no
evangelho de hoje não são exclusivos dos fariseus, podemos tê-los também hoje
em dia. Na vida há coisas de pouca importância para as quais há que dar pouca
importância. E há outras coisas muito mais transcendentes para as quais vale a
pena que se preste atenção a elas. Em outras palavras temos que dar a
importância para as coisas de acordo com seus valores para nossa vida e nossa
salvação.
Um dos defeitos dos fariseus era o
dar importância às coisas insignificantes, pouco importantes diante de Deus, e
descuidar das coisas que verdadeiramente vale a pena como a justiça, a misericórdia
e a fidelidade. Seremos como os fariseus se reduzirmos nossa vida de fé a meros
ritos exteriores sem nenhuma ligação com nossa vida de cada dia. Seremos fariseus
se dermos mais importância ao parecer do que ao ser, à aparência do que à
transparência. Tudo é puro quando sai de um coração limpo. A impureza do
coração afasta a pessoa da vontade de Deus. Pelo contrário, buscando-se a
pureza interior, tudo o mais se torna puro. Autenticidade atrai, a falsidade
afasta as pessoas. Uma pessoa simples atrai a simpatia dos outros; uma pessoa
complicada afasta as outras pessoas de seu círculo.
Ao fazer qualquer coisa devemos
também nos perguntar: será isto serve para o bem e para a vida eterna?
P. Vitus Gustama,svd
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