sábado, 3 de agosto de 2013

 
PARTILHA É O MEIO EFICAZ PARA SOLUCIONAR A FOME DA HUMANIDADE

 
Segunda-feira da XVIII Semana Comum
05 de Agosto de 2013
 
Texto de Leitura: Mt 14,13-21


Naquele tempo, 13 quando soube da morte de João Batista, Jesus partiu e foi de barco para um lugar deserto e afastado. Mas quando as multidões souberam disso, saíram das cidades e o seguiram a pé. 14 Ao sair da barca, Jesus viu uma grande multidão. Encheu-se de compaixão por eles e curou os que estavam doentes. 15 Ao entardecer, os discípulos aproximaram-se de Jesus e disseram: “Este lugar é deserto e a hora já está adiantada. Despede as multidões, para que possam ir aos povoados comprar comida!” 16 Jesus porém lhes disse: “Eles não precisam ir embora. Dai-lhes vós mesmos de comer!” 17 Os discípulos responderam: “Só temos aqui cinco pães e dois peixes”. 18 Jesus disse: “Trazei-os aqui”. 19 Jesus mandou que as multidões se sentassem na grama. Então pegou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o céu e pronunciou a bênção. Em seguida partiu os pães, e os deu aos discípulos. Os discípulos os distribuíram às multidões. 20 Todos comeram e ficaram satisfeitos, e dos pedaços que sobraram, recolheram ainda doze cestos cheios. 21 E os que haviam comido eram mais ou menos cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças.

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1. Problema da Humanidade é Também Meu Problema


Este lugar é deserto e a hora já está adiantada. Despede as multidões, para que elas possam ir aos povoados comprar comida!”. Esta foi a sugestão dos discípulos para Jesus para que seja resolvido o problema da fome da multidão.


“Dai-lhes vós mesmos de comer!” Esta é a ordem de Jesus aos discípulos diante da multidão faminta. Jesus não aceita nossa desculpa do tipo: “Não é meu problema! Já tenho meus problemas na minha vida pessoal, familiar e profissional!”. Às vezes nosso coração fica comovido diante das desgraças de alguns de nossos próximos, mas em geral, pensamos que cada um precisa resolver seus próprios problemas. Algo assim pensaram e disseram os discípulos de Jesus diante do problema da fome da multidão.


Diante de nossos problemas, de nossas dificuldades e também diante de nosso pecado pessoal, jamais Deus nos diz: “Não é meu problema!”. Deus nunca nos manda embora ou nos despede para que nós mesmos resolvamos nossos problemas. Deus sente nossos problemas e os vive como próprios Seus. Deus nunca nos deixa sós nos nossos problemas. Nada pode nos separar do amor de Deus (cf. Rm 8,35-39). A encarnação de Deus é uma grande prova de que Deus quer estar conosco em todas as nossas situações e quer compartilhar nossa vida. Seja qual for nossa situação, nossos problemas Pai celeste continua a se interessar por nós. A encarnação de Deus em Jesus Cristo é o máximo modo de nos dizer que Deus se interessa por nós, por cada homem e mulher. Trata-se de um modo que jamais poderíamos imaginar.


2. Partilhar Enriquece Todos


Mas Deus pede nossa colaboração para resolver os problemas da humanidade, a partir daquilo que temos e podemos, mesmo que quantitativamente seja pouco, como Jesus pediu que os discípulos entregassem a Ele os cinco pães e os dois peixes que eles tinham para saciar a fome da multidão (mais de cinco mil pessoas). O pouco que temos, se nós soubermos partilhar se converterá em muito, suficiente para todos e ainda sobrará. Quando algo for compartilhado será sempre muito. É o paradoxo da lógica de Deus que precisamos colocar em prática. O amor de Deus por nós, por cada um de nós, sem exceção nem exclusão alguma se atualiza, se concretiza e se aproxima de nós toda vez que soubermos partilhar o que temos e somos com os demais irmãos, especialmente com os mais necessitados. O pão que partilhamos generosamente com os necessitados se transforma em pão abençoado por Deus, pois sustenta a vida que é sagrada.


Para Jesus, o eterno problema da vida não é a falta do pão, e sim as causas que geram a falta do mesmo na mesa da grande maioria. O que quer se revelar também não é a ausência do pão, e sim a presença do egoísmo, do individualismo, da ganância e da total ausência do amor fraterno. Não agarre aquilo que não vale a pena a ser agarrado, pois ao agarrá-lo, perde seu valor. É o agarrar em vão, pois um dia cada um será obrigado a largar tudo. Ao partilhá-lo, ao contrário, ganha seu valor.


O milagre está na partilha. O problema da fome física e de outras fomes somente pode ser resolvido satisfatoriamente quando nós, homens, aprendemos a partilhar o que temos para com aqueles que não têm nada para viver ou sobreviver. O milagre está na partilha, na solidariedade e no amor entranhável. Sem essa solidariedade, sem essa fraternidade, sem comunicação de bens e sem essa comunhão no amor, não é possível a vida e a abundância da vida. Sem o amor a todos os homens, sem o amor e os sentimentos de Cristo, a Eucaristia que celebramos em sua memória careceria de sentido e todo culto se esvaziará de sentido. Seremos julgados a partir das obras de misericórdia (cf. Mt 25,31-46).


Uma coisa positiva que podemos aprender dos discípulos é a sua atitude de dar-se conta das necessidades dos que estão ao redor, nesse caso da multidão faminta. É uma boa lição para nosso tempo em que existe, evidentemente, uma tendência ao individualismo. Com freqüência passamos indiferentes para os que nos rodeiam sem captar a problemática que podem ter. A frase “problema não é meu” é bastante perigosa para uma convivência mais humana e cristã. Do ponto de vista cristão tal postura é absolutamente insustentável e impensável.


Também hoje conserva atualidade do mandamento dado por Jesus: “Vós mesmos deveis de comer para a multidão faminta”. Nós que participamos e partilhamos o pão da Eucaristia devemos estar dispostos também a partilhar o pão material.

P. Vitus Gustama,svd

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