segunda-feira, 12 de agosto de 2013

 
CORREÇÃO FRATERNA NA CARIDADE  E CONCÓRDIA NA ORAÇÃO


Quarta-feira da XIX Semana Comum
14 de Agosto de 2013
 
Texto de Leitura: Mt 18,15-20

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 15 “Se teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas em particular, à sós contigo! Se ele te ouvir, tu ganhaste o teu irmão. 16 Se ele não te ouvir, toma contigo mais uma ou duas pessoas, para que toda a questão seja decidida sob a palavra de duas ou três testemunhas. 17 Se ele não vos der ouvido, dize-o à Igreja. Se nem mesmo à Igreja ele ouvir, seja tratado como se fosse um pagão ou um pecador público. 18 Em verdade vos digo, tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu. 19 De novo, eu vos digo: se dois de vós estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que quiserem pedir, isto vos será concedido por meu Pai que está nos céus. 20 Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome eu estou ali, no meio deles”.
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Estamos acompanhando o quarto discurso de Jesus no evangelho de Mateus (Mt 18). Neste quarto discurso o que se enfatiza é a vida comunitária na fraternidade.


A passagem do evangelho de hoje quer dar resposta às seguintes questões: que atitude tomar em relação a quem erra? Em outras palavras, como corrigir o irmão que peca/erra? (Correção fraterna).
   

A correção fraterna é norma antiqüíssima, como lemos em Lv 19,17: “Deves repreender teu próximo, e assim não terás a culpa do pecado”. Com a correção fraterna nos tornamos um para o outro ocasião de salvação. Somente entre irmãos é que pode haver correção. Ser irmão significa sentir-se responsável pelo crescimento do outro e, portanto, gozar de seu bem ou capacidade e sentir seu mal. É ir além da indiferença e do medo, da inveja, da rejeição e do ciúme.


Nós não praticamos a correção fraterna a partir da agressividade e da condenação imediata de quem errou. A correção fraterna deve ser guiada pelo amor e pela compreensão na busca do bem do irmão: estender a mão para ajudá-lo, dirigir-lhe uma palavra de ânimo e ajudá-lo na sua recuperação.
   

A correção fraterna é uma atividade espiritual, pois deve ser feita à luz do Espírito de Deus para não transformá-la em censura e juízo que exprimem mais superioridade que fraternidade. A correção fraterna é um modo de ser e crescer juntos, de ligar a própria vida à vida de quem me está “próximo”, de conceber a fraternidade como evento de salvação. A correção fraterna me faz descobrir o irmão e me faz irmão para o outro. A correção fraterna faz alguém pôr-se ao lado do outro para caminhar junto.
     

A Igreja, todos nós, não constitui uma comunidade de perfeitos, mas de pessoas em busca da perfeição. Ninguém de nós é perfeito, e não é porque seguimos a Jesus é que estejamos livres de cometer erros. São João diz: “Se dissermos: ‘Não temos pecado’, enganamo-nos a nós mesmos e a verdade não está em nós... Se dissermos: ‘Não pecamos’, fazemos dele um mentiroso, e a sua palavra não está em nós” (1Jo 1,8.10). Todos nós, membros da Igreja de Jesus Cristo, somos convidados a manifestar nossa responsabilidade para com o irmão que erra ou peca. Não se trata de condenar, mas de fazer a correção fraterna para que se estabeleça o amor. A lei do amor, com certeza, obriga a um esforço para reconduzir o irmão que erra ao bom caminho.


O pecador ou um irmão que errou não descobrirá o perdão de Deus se não tomar consciência da misericórdia de Deus que atua na Igreja (entre os seus membros) ou em cada comunidade e na assembléia eucarística. Todos nós somos co-responsáveis na comunidade.
     

Por isso, há uma coisa que absolutamente não deve ser feita (mas infelizmente, a primeira que se faz): espalhar a notícia do erro cometido. Porque isto é difamação. A difamação presta-se somente a humilhar quem errou, a irritá-lo, a fazê-lo teimar no mal. É mesmo que perder para sempre a oportunidade de recuperar o irmão. A difamação pode destruir o homem, como diz o Eclesiástico: “Um golpe de chicote deixa marca, mas um golpe de língua quebra completamente os ossos” (Eclo 28,17). A difamação (língua) pode matar um irmão, pode arruinar uma família e pode destruir um casamento. Há quem pense que por ter falado a verdade pode ficar tranqüilo. A questão é de que modo se transmite a verdade. A verdade que não produz amor, mas que provoca perturbação e desunião, que gera discórdias, ódios e rancores, não deve ser dita. A verdade nua e crua, às vezes, provoca o efeito contrário do amor. A verdade que mata opõe-se à vida. Como dizia São Francisco de Sales: “Uma verdade que não é caridosa procede de uma caridade que não é verdadeira”. A verdade, então, está submetida à caridade. Precisamos levar em consideração o grande respeito e prudência em ditar a verdade. O que se diz e como se diz devem ser levados sempre em consideração.


Além da correção fraterna o texto do evangelho de hoje fala também da oração partilhada ou comunitária. Segundo Jesus, a oração eficaz somente pode ser fruto da superação da própria agressividade, do próprio egoísmo e dos interesses individuais. Quando houver concórdia entre os membros de uma comunidade, isto é, união dos corações, quando há preocupação recíproca (um cuida do outro), quando reinar a igualdade, pois todos são do mesmo Pai celeste, a oração se tornará eficaz e chegará até Deus: “Eu vos digo: se dois de vós estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que quiserem pedir, isto vos será concedido por meu Pai que está nos céus. Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome eu estou ali, no meio deles”.


Acreditamos que em Deus não há espaço para as pessoas que pensam só em si mesmas, que se preocupam só com sua própria vida espiritual, pois no Reino de Deus não há espaço para os egoístas, pois Deus é Amor. Ele quer encontrar um povo, quer relacionar-se com pessoas que vivem em comunidade vivida na fraternidade. Pois onde dois ou três estarem reunidos em nome do Senhor Jesus, ele está no meio deles (v.20). Neste versículo se exprime a certeza de que Deus está no meio da comunidade quando ela se reúne no seu nome e quando a comunidade faz tudo no Espírito do Senhor. A presença de Jesus no coração de uma comunidade fraterna é o que qualifica a oração cristã. Quando os que crêem rezam juntos, revelam a própria fé, reconhecendo-se irmãos e irmãs, e assim proclamam ao mundo o seu pertencer ao Cristo ressuscitado. Assim os discípulos que rezam juntos criam interiormente um movimento de comunhão, fazem crescer um só coração e uma só alma (cf. At 4,32).


P. Vitus Gustama,svd

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