quinta-feira, 15 de agosto de 2013

 
SOMOS AMADOS DE IGUAL MANEIRA POR DEUS
 

Sábado da XIX Semana Comum
17 de Agosto de 2013
 
Texto de Leitura: Mt 19, 13-15

Naquele tempo, 13 levaram crianças a Jesus, para que impusesse as mãos sobre elas e fizesse uma oração. Os discípulos, porém, as repreendiam. 14 Então Jesus disse: “Deixai as crianças e não as proibais de vir a mim, porque delas é o Reino dos Céus”. 15 E depois de impor as mãos sobre elas, Jesus partiu dali.

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Algumas mães apresentam a Jesus seus pequenos filhos/crianças para serem abençoados (as) por ele. Os discípulos não gostam e as repelem porque as crianças menos de doze anos eram tidas como seres sem valor algum. Em outras palavras podiam atrapalhar os adultos.


Jesus se posiciona contra esta visão distorcida. Por isso, ele afirma: “Deixai as crianças e não as proibais de vir a mim, porque delas é o Reino dos Céus”. Por serem puras, as crianças são o reflexo do Reino dos céus, segundo Jesus. As crianças são tabernáculo vivo no qual o pecado e a maldade não entram.


Os pobres, isto é, os mais carentes, os necessitados são objeto de particular predileção por parte do Senhor (cf. Lc 4,16-21). As crianças, os pequeninos são mais pobres dos pobres: são pobres de idade, de formação, de força (indefesos). A Igreja (todos os batizados) como Mãe deve exercer sua maternidade acolhendo, abrigando e velando sobre todos, especialmente os mais necessitados.


“Deixai as crianças e não as proibais de vir a mim, porque delas é o Reino dos Céus”. As palavras de Jesus soam como uma reclamação ligeira. Para os adultos as “coisas de crianças” representam um segundo plano. Quando avançamos na idade e com a experiência da vida, os adultos começam a ver as “coisas de crianças” como comportamentos superados esquecendo-nos de algo importante numa criança: a pureza, a simplicidade, a sinceridade de sentimentos que são justamente as virtudes que Jesus valoriza mais. Se nós somos complicados, ambíguos e pouco coerentes, tudo isso não será uma conseqüência de não sabermos conservar as virtudes de nossa infância?


Seremos mais felizes e mais serenos, se pusermos em Deus nossa confiança e segurança como uma criança nos seus pais. Se tivermos fé firme em Deus e deixarmos Deus tomar conta de nossa vida (com nossa colaboração), nós encontraremos novamente a serenidade de nossa infância.


“Deixai as crianças e não as proibais de vir a mim, porque delas é o Reino dos Céus”. O Reino anunciado por Jesus se funda na igualdade das pessoas. É um reino de comunhão e fraternidade. Portanto, não pode admitir a exclusão de quem quer que seja. Jesus diz que está reservado um lugar especial no Reino de Deus para as crianças. O Reino de Deus pertence a quem se pareça com as crianças. Não é que o ideal do discípulo seja ser ingênuo e infantil. E sim, ser capaz de confiar plenamente em Deus, não busca segurança por si mesmo, não ter o coração corrompido pela maldade. As crianças são, com efeito, protótipo de fé e de confiança em Deus muito mais que de inocência ou de pureza. Santo Ambrósio perguntou: “Por que se diz que as crianças são aptas para o Reino dos céus? Talvez porque geralmente não têm malícia, não sabem enganar nem se atrevem a enganar-se; desconhecem a luxúria, não desejam as riquezas e ignoram a ambição”.
  

Para sermos como crianças, é necessário que nos disponhamos a mudar profundamente (conversão), e que assimilemos o ensinamento divino. Para isso, temos de cultivar em primeiro lugar uma firme vontade de nos comportarmos como filhos e filhas de Deus, dóceis à vontade de Deus com humildade e simplicidade de espírito.
  

Na vida cristã, a maturidade se dá precisamente quando nos fazemos crianças diante de Deus, filhos pequenos que confiam e se abandonam nele como uma criança que se abandona nos braços de seu pai. Então encararemos os acontecimentos do mundo como são, no seu verdadeiro valor. Esta piedade filial fortalece a esperança e a certeza de chegar à meta, e nos dá paz e alegria nesta vida. Perante as dificuldades da vida, não nos sentiremos nunca sozinhos. Esta certeza será para nós como a água para o viajante no deserto. Sem ela, não poderíamos prosseguir a viagem.


O texto do evangelho de hoje convida cada um de nós a “vir a Jesus”, isto é a crer nele para que possamos possuir o Reino, entrar nele e recebê-lo como uma criança: com sua pequenez.


“Deixem que as crianças venham a mim” não é somente um convite a fazer-se como crianças e sim uma declaração e uma verdadeira promessa feita a todos os que são como as crianças que fazem parte do Reino de Deus.
   

Que tenhamos um coração de uma criança diante de Deus, nosso Pai: uma confiança total e sem limite. Somente a partir da própria debilidade assumida é que é possível reconhecer o senhorio de Deus sobre a historia humana e sobre nossa vida. Os auto-suficientes e aqueles que consideram que podem tudo estão impossibilitados de reconhecer a realidade da graça de Deus. A qualidade essencial que nas crianças se destaca é a humildade, a impotência diante da vida, a necessidade que tem de seus pais. Tudo isto deve ser também nossa atitude diante de Deus. Sejamos como crianças em espírito simples e humilde.


O Senhor Jesus nos reúne ao redor da Mesa eucarística como irmãos seus (cf. Mt 12,48-50) para que juntos celebremos o Banquete do Reino dos céus que se iniciou entre nós estando ainda nós neste mundo. Para Jesus, nosso Senhor, não há espaço nenhum para qualquer diferença social. Ele ama a todos igualmente e ninguém pode se sentir um discriminado, um excluído, um desprezado por causa de sua pobreza, de seu pecado, de sua etnia, de sua cultura ou de sua nação. O Senhor experimentou nossas dores e fez suas nossas feridas (cf. Mt 8,17). Ele recorreu o caminho de entrega no amor até as ultimas conseqüências.


Se quisermos dar-lhe um novo rosto à humanidade devemos seguir seus passos, carregando nossa própria cruz de cada dia até sermos glorificados junto com Ele. Na Eucaristia somos permanentemente convidados a ser nossas as palavras de nova e eterna aliança: “Isto é meu Corpo que se entregue por vós; isto é meu Sangue que é derramado para o perdão dos pecados”. Em outras palavras, ser vida para os outros.

P.Vitus Gustama,svd

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