SÃO BARTOLOMEU, APÓSTOLO
Sábado, 24 de Agosto de 2013
45 Filipe encontrou-se com Natanael e lhe disse: “Encontramos
aquele de quem Moisés escreveu na Lei, e também os profetas: Jesus de Nazaré, o
filho de José”. 46 Natanael disse: “De Nazaré pode sair
coisa boa?” Filipe respondeu: “Vem ver!” 47 Jesus viu Natanael que vinha para ele e comentou: “Aí
vem um israelita de verdade, um homem sem falsidade”. 48 Natanael perguntou: “De onde me
conheces?” Jesus respondeu: “Antes que Filipe te chamasse, enquanto estavas
debaixo da figueira, eu te vi”. 49 Natanael respondeu: “Rabi, tu és
o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel”. 50 Jesus disse: “Tu crês porque te
disse: Eu te vi debaixo da figueira? Coisas maiores que esta verás!” 51 E Jesus continuou: “Em verdade, em
verdade eu vos digo: Vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo
sobre o Filho do Homem”.
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Hoje é a festa de São Bartolomeu,
Apóstolo. Seu nome é patronímico porque é formulado com uma referência
explicita ao nome do pai. Bartolomeu
quer dizer filho de Tholmay (Bar Tholmay). Tholmay quer dizer arado ou
agricultor. O nome de Bartolomeu aparece nos evangelhos sinóticos e nos Atos
dos Apóstolos dentro da lista dos Apóstolos (Mt 10, 3; Mc. 3, 18; Lc. 6, 14;
At. 1, 13). No Quarto Evangelho (evangelho de João) não se encontra o nome de
Bartolomeu. Encontra-se apenas o nome de Natanael duas vezes. A tradição
identifica o Apóstolo Bartolomeu com Natanael (Natanael significa dom de
Deus ou Deus deu).
“Da sucessiva atividade apostólica
de Bartolomeu-Natanael não temos notícias claras. Segundo uma informação
referida pelo historiador Eusébio do século IV, um certo Panteno teria
encontrado até na Índia os sinais de uma presença de Bartolomeu (cf. Hist. eccl.,
V 10, 3). Na tradição posterior, a partir da Idade Média, impôs-se a narração
da sua morte por esfolamento (sua pele é tirada de seu corpo), que se
tornou muito popular. Pense-se na conhecidíssima cena do Juízo Universal na
Capela Sistina, na qual Michelangelo pintou São Bartolomeu que segura com a mão
esquerda a sua pele, sobre a qual o artista deixou o seu auto-retrato. As suas
relíquias são veneradas aqui em Roma na Igreja a ele dedicada na Ilha Tiberina,
aonde teriam sido levadas pelo Imperador alemão Otão III no ano de 983. Para
concluir, podemos dizer que a figura de São Bartolomeu, mesmo sendo escassas as
informações acerca dele, permanece contudo diante de nós para nos dizer que a
adesão a Jesus pode ser vivida e testemunhada também sem cumprir obras
sensacionais. Extraordinário é e permanece o próprio Jesus, ao qual cada um de
nós está chamado a consagrar a própria vida e a própria morte” (Bento XVI AUDIÊNCIA GERAL Quarta-feira,
4 de Outubro de 2006).
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O texto do evangelho de hoje é lido
em função do apóstolo Bartolomeu. E o texto fala sobre Filipe e Natanael em
relação com Cristo. A necessidade de comunicar a experiência de Jesus faz com
que Filipe vá buscar Natanael, como fez André para Simão Pedro, seu irmão.
Filipe identifica Jesus pela sua família e lugar de procedência: “Jesus, Filho
de José de Nazaré” (v. 45).
De imediato, a reação de Natanael é
negativa: “De Nazaré pode sair algo de bom?” (v.46). É possível que com a frase
de desprezo pronunciada por Natanael o evangelista queria refletir a
desconfiança que tinham provocado os movimentos de libertação messiânicos,
surgidos, sobretudo, na região da Galiléia, aos quais se oporá o messianismo de
Jesus.
Diante do ceticismo de Natanael,
Filipe remete-se à experiência. Convida Natanael com palavras quase iguais às
que Jesus usou para convidar os dois discípulos de João a irem ver onde residia
(Jo 1,39). Mas o convite aqui refere-se à pessoa e não ao lugar. Os que não
conhecem a Jesus têm que primeiro conhecê-lo. Jesus jamais se define a si
mesmo; o contato com ele é que fará compreender sua pessoa.
Natanael demonstra seu desejo de
ver Jesus e está disposto a comprovar pessoalmente a afirmação de Filipe.
Jesus assume a iniciativa e
descreve Natanael como modelo de israelita porque nele não existe falsidade. A
qualificação “verdadeiro israelita” que Jesus aplica a Natanael, o homem sem
falsidade, qualifica-o como alguém que conserva a autenticidade da primeira
época e não atraiçoou ao seu Deus. Com isso, Jesus mostra sua intenção de
integrar o verdadeiro Israel na comunidade de Jesus/messiânica, renovando a
eleição feita outrora por Deus (Os 9,10).
O verdadeiro encontro com Jesus
sempre muda a vida de qualquer pessoa completamente. Vários relatos dos
evangelhos nos mostram essa verdade. Quando se encontrou com Jesus
Natanael/Bartolomeu mudou completamente de vida: de uma atitude insolente quase
agressiva: “De Nazaré pode sair coisa boa?” para uma rendida confissão de fé:
“Mestre, Tu és o Filho de Deus, tu és o rei de Israel”. O verdadeiro encontro
com Jesus transforma: uma pessoa agressiva em uma pessoa doce, gentil, educada;
uma pessoa dura em uma pessoa flexível; uma pessoa que ataca em uma pessoa que
reconcilia; uma pessoa que atrapalha em uma pessoa que ajuda; uma pessoa
preocupada em uma pessoa serena; uma pessoa violenta em uma pessoa pacífica; um
bandido crucificado com Ele em companheiro de viagem para o Paraíso: “Hoje
mesmo tu estarás comigo no Paraíso” (Lc 23,43); Zaqueu, de ladrão em amigo de
Jesus (Lc 19,2-10); a Samaritana, de uma mulher frívola em evangelizadora (Jo
4,28-30.39-42); São Paulo, de um assassino em grande evangelizador (At 9,1-19);
até a água Jesus transformou em vinho saboroso (cf. Jo 2,1-11), pois “para Deus
nada é impossível” (Lc 1,37). Basta ler a Bíblia, poderíamos aumentar esta
lista.
A mudança da vida de Natanael/
Bartolomeu brotou de um testemunho, da mediação de Felipe: “Vem e verás!”. Com
estas palavras Natanael/ Bartolomeu ficou plasmado e foi ao encontro de Jesus e
a partir daquele encontro sua vida mudou completamente; ele passou a ser um dos
apóstolos de Jesus, aquele que é enviado para levar o que é digno, o que salva
para os outros homens. “Venha e você verá!”. O apóstolo Bartolomeu, plasmado
nesta frase, ilumine também nosso viver.
No
evangelho de hoje Jesus faz o elogio sobre Natanael/ Bartolomeu: “Ai vem um
israelita de verdade, um homem sem falsidade”. É muito difícil ser buscador da
verdade e estar disposto a ser fiel à mesma, inclusive até sentir o desprezo e
abandono de muitos em nome da verdade: tudo para ser apostolo, missionário. Os
apóstolos ouviram dos lábios de Jesus: “Ide e pregai, batizai e perdoai, curai
e sarai. A primeira missão da Igreja é evangelizar: levar e espalhar o que é
bom para a dignidade da vida humana e para sua salvação.
Os
apóstolos acabaram sua vida no martírio como Bartolomeu. Foram testemunhas da
verdade e fieis até a morte. Graças ao testemunho dos apóstolos o evangelho
chegou até nós. Nós formamos uma cadeia com eles pelo evangelho. É preciso que
continuemos essa obra tirando o que é bom dentro de nós para que todos possam
viver felizes como irmãos de uma família evangelizadora apesar da resistência do
mundo. O sentido de nossa vida está na partilha do bem e da alegria, na
solidariedade e na compaixão com os necessitados e na certeza de nosso futuro
com Deus que se inicia já agora neste mundo sendo evangelizadores. O apostolo
Bartolomeu interceda por nós!
A memória
dos Apóstolos nos fala de nossa própria vocação. Também fomos chamados por
Cristo. Alguém nos apresentou Jesus, ou alguém nos introduziu na presença de
Jesus Cristo, como Filipe para Natanael, ou simplesmente fomos chamados por
Cristo através de outros meios, ou simplesmente ouvimos o que Jesus nos disse: “Segue-me!”.
A nós, como para cada um dos Apóstolos, foi confiada uma missão na Igreja
conforme nossas capacidades e nossas responsabilidades. Não podemos deixar que
nossa vocação fique adormecida. Ser enviado (ser apóstolo) para anunciar o bem
e servir a Igreja do Senhor nos irmãos faz parte de nosso ser Igreja. Sejamos
colaboradores da fé e da Igreja e não consumidores da fé!
P.Vitus
Gustama,svd
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