SANTA
ROSA DE LIMA
(1586-1617
Sexta-feira, 23 de Agosto de
2013
Texto de leitura: Mt 13,44-46
Naquele
tempo, disse Jesus à multidão: 44'O Reino dos Céus é como um tesouro escondido
no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende
todos os seus bens e compra aquele campo. 45O Reino dos Céus também é como um
comprador que procura pérolas preciosas. 46Quando encontra uma pérola de grande
valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola.
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“Meu Deus, podes
aumentar os sofrimentos, contanto que aumentes meu amor por Ti” (Santa Rosa de Lima).
“Provavelmente não teve na América um
missionário que com suas pregações alcançou mais conversões que as conversões
que Rosa de Lima obteve com suas orações e suas mortificações” (Papa Inocêncio IX)
Santa Rosa
de Lima, a primeira santa canonizada da América (canonizada pelo Papa Clemente
X em 1671), nasceu da descendência espanhola na capital de Peru, Lima, em 20 de
abril de 1586 do casal Gaspar de Flores e Maria de Oliva (um casal humilde. O
pai de Rosa fracassou na exploração de uma mina e a família se viu nas
circunstancias econômicas difíceis).
Rosa de
Lima tinha como nome de Batismo Isabel. Os anos passaram Isabel se revelou cada
vez mais bonita, sorridente e formosa como uma rosa. Por causa de sua beleza
tão encantada, em todos os sentidos, Isabel começou a ser chamada de Rosa. Na
hora de receber o sacramento da confirmação (Crisma) o arcebispo na época
deu-lhe o nome de Rosa definitivamente.
Desde
pequena Rosa de Lima teve uma grande inclinação para a oração e a meditação. “Se
os homens soubessem o que é viver em graça (de Deus), não se assustariam com
nenhum sofrimento, e padeciam de bom grado qualquer pena porque a graça é o
fruto da paciência”, dizia Santa Rosa de Lima.
A graça é
aquilo que nos dá alegria. A graça é também a razão principal de nossa coragem.
O que foi que Deus respondeu a São Paulo, quando se queixava do aguilhão em sua
carne? Deus respondeu: “Basta-te a minha graça” (2Cr 12,9). Todos podem
abandonar-nos, também pai e mãe, diz um Salmo, mas Deus nos acolhe sempre (cf.
Sl 27,10). Por isso, nós podemos afirmar com o salmista: “A graça e a
fidelidade hão de acompanhar-me todos os dias da minha vida” (Sl 23,6).
Ela
também ajudava os pobres e os enfermos. No dia em que sua mãe repreendeu Rosa
por atender, na casa, pobres e enfermos, Rosa lhe contestou: “Quando servimos
aos pobres e aos enfermos, servimos a Jesus. Não devemos nos cansar de ajudar
nosso próximo, porque neles servimos a Jesus” (cf.
Novo Catecismo no. 2449).
Um dia
rezando diante de uma imagem da Virgem Maria apareceu-lhe o Menino Jesus
dizendo: “Rosa, consagra-me a mim todo teu amor!”. A partir de então ela
começou a viver só para amar a Jesus Cristo. Ela se dedicou unicamente a amar a
Jesus Cristo. Seu amor de Deus era tão ardente que, quando falava d’Ele, mudava
o tom de sua voz e seu rosto se acendia como um reflexo do sentimento que
embargava sua alma. Esse fenômeno se manifestava, sobre tudo, quando Rosa se
falava na presença do Santíssimo Sacramento ou quando na comunhão unia seu
coração à Fonte de Amor. Na linguagem do evangelho lido na festa desta Santa,
Santa Rosa de Lima encontrou sua perola preciosa que é seu amor total por e
para Deus.
Um jovem
de alta classe social queria Rosa como namorada e queria casar-se com ela. Os
pais de Rosa ficaram muito entusiasmados porque eram pobres e daria à jovem
Rosa um futuro brilhante. Mas ela, ainda que sua vontade fosse contrária à de
sua família, recusou totalmente a proposta porque seu amor era só para Deus e
renunciava completamente ao matrimônio por brilhante que ele fosse.
Deus a
chamou (morreu) no dia 24 de agosto de 1617 aos 31 anos de idade.
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O evangelho lido na festa de Santa
Rosa de Lima fala do tesouro ou de pérola preciosa. Do ponto de vista de um
homem que busca o sentido de sua vida, o tesouro de sua existência ou de sua
vida é como uma utopia: não sabe onde está, nem sequer sabe se está em algum
lugar ou em nenhum lugar. A busca é um esforço para encontrar algo que não se
tem. Quem busca reconhece uma carência de algo. É uma atitude humilde por si
mesma.
Nesta busca o homem somente conhece
a inquietude de seu coração, porque “onde está teu tesouro, ai estará também
teu coração” (Mt 6,21). Um homem que ainda não encontrou seu tesouro fica
inquieto e busca incessantemente um sentido para sua vida. O coração errático
do homem, sua vontade, pode, nestas circunstancias, fixar-se em qualquer coisa
e agarrar-se a ela como se tivesse encontrado seu tesouro. Mesmo assim, ele
continua inquieto, pois o tesouro do homem não é qualquer coisa. O homem pode
ter tudo, mas se carecer o essencial, ele continuará inquieto.
A busca do Reino de Deus é
compreender uma certa carência essencial em nossa vida, carência que nos
impulsiona a sair de nós mesmos e não repousará até que encontremos essa
realidade que faz completo nosso ser. Por isso, não é a riqueza, nem o êxito,
nem o poder, nem a fama, mas o próprio Deus é o tesouro supremo do homem que o
faz completo. Escondido no nosso mundo, coberto pela carne crucificada de Jesus
de Nazaré, perdido entre os pobres, identificado com eles, está o tesouro do
homem. Jesus é o “lugar de Deus”, e o irmão, o próximo é o “lugar” de encontro
com Jesus. O próximo se transforma, então, em ocasião de salvação. Não é nada
que o homem pode alcançar por si mesmo e somente para si mesmo, pois ele foi
feito por Deus e para Deus na convivência fraterna com os outros. Por isso,
Santo Agostinho rezava: “... Senhor, inquieto está o nosso coração, enquanto
não repousa em Ti” (Confissões I,1). O homem só se encontrará a si mesmo,
somente chegará à sua plena realização na medida em que ele buscar e viver e
conviver de acordo com o Amor que é Deus (cf. 1Jo 4,8.16).
O homem que encontrou o sentido de
sua vida em Deus é um homem alegre e dinâmico, como os dois homens na parábola
que encontraram seu tesouro. Por este tesouro, ele é capaz de se desprender de
tudo, de se despojar de tudo, de compreender a fraqueza do outro, de perdoar,
de reconciliar-se com todos, de ser justo e honesto nos seus negócios, de ser
correto e coerente no seu modo de ser, pois sua vida é direcionada por este
supremo valor. A busca do Reino de Deus modifica nosso esquema de vida e não
pode ser levado adiante sem uma absoluta sinceridade de coração numa serenidade
de oração.
P.
Vitus Gustama,svd
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