NOSSA SENHORA RAINHA
Quinta-feira, 22 de Agosto de 2013
Texto de Leitura:
Lc 1,26-38
Naquele tempo: 26 O anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma
cidade da Galiléia, chamada Nazaré, 27 a uma virgem, prometida em casamento a um
homem chamado José. Ele era descendente de Davi e o nome da virgem era Maria 28 O
anjo entrou onde ela estava e disse: 'Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está
contigo!' 29 Maria ficou perturbada com estas palavras e começou a
pensar qual seria o significado da saudação. 30 O anjo, então, disse-lhe: 'Não tenhas
medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. 31 Eis que conceberás e darás à luz um filho,
a quem porás o nome de Jesus. 32 Ele será grande, será chamado Filho do
Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. 33 Ele
reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim'.
34 Maria perguntou ao anjo: 'Como acontecerá isso, se eu
não conheço homem algum?' 35 O anjo respondeu: 'O Espírito virá sobre
ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será
chamado Santo, Filho de Deus. 36 Também Isabel, tua parenta, concebeu um
filho na velhice. Este já é o sexto mês daquela que era considerada estéril, 37 porque
para Deus nada é impossível'. 38 Maria, então, disse: 'Eis aqui a serva do
Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!' E o anjo retirou-se.
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Celebramos
hoje a festa de Nossa Senhora Rainha. O título “Rainha”, dado a Maria, já
começou na Idade Média que podemos encontrar em vários hinos que ainda são
usados até hoje como: Salve Rainha (Salve Regina), Rainha do Céu (Regina Coeli
Laetare), Ave Rainha dos céus (Ave Regina Coelorum).
O título
de Maria como Mãe Rainha não concorre com o título do Cristo Rei, porque não se
situa no mesmo plano do ponto de vista bíblico, isto é, o titulo “Rainha” não
pode ser entendido no plano de domínio, pois somente Cristo é o Rei do universo
(cf. Mt 28,18). Maria recebe o titulo de “Rainha” por causa do atributo de sua
maternidade divina. Maria é Rainha porque ela é mãe do Rei dos reis (cf. Is
9,1-6) e não por causa do domínio como Cristo, Rei do Universo. É uma
transposição da dignidade materna para o plano de serviço, pois Maria é a
discípula de Jesus, aquela que aceita plenamente a vontade de Deus para ser mãe
do Salvador (cf. Lc 1,38).
O titulo
“Rainha” dado a Maria se tornou oficial a partir do pedido de um movimento
internacional chamado “Pela Realeza de Maria” que surgiu em Roma em 1933. Na verdade
esse pedido já tinha feito antes em vários congressos marianos: Lião (1900),
Friburgo (1902) e Einsiedeln (1906). Esse pedido ficou mais forte ainda quando
para Cristo foi dado oficialmente o titulo de Rei em 1925. O movimento
internacional “Pela realeza de Maria” recolheu petições do mundo inteiro para
que fosse dado o titulo de “Rainha” para a mãe do Senhor, Maria. O Papa Pio
XII, em 1954, no centenário da definição do dogma da Imaculada Conceição
proclamou o titulo “Rainha” para Maria, Mãe do Senhor na encíclica Ad Coeli Reginam (Para a
Rainha do Céu). Em 1955 o Papa Pio XII
introduziu, então, oficialmente a festa da Rainha na liturgia da Igreja.
Os títulos da realeza de Maria são
a sua união com Cristo como Mãe e a associação com o seu Filho Rei na redenção
do mundo. Pelo primeiro título, Maria é Rainha-Mãe de um Rei que é Deus, o que
enaltece Maria sobre todas as criaturas humanas; e pelo segundo título, Maria
Rainha é dispensadora dos tesouros e bens do Reino de Deus, em virtude da sua
participação na redenção.
Na instituição desta festa, o Papa
Pio XII convidava os fiéis a aproximarem-se deste “trono de graça e de
misericórdia da Nossa Rainha e Mãe para pedir-lhe socorro na adversidade, luz
nas trevas e alívio nas dores e penas” (cf. Hb 4,16).
Através do evangelho lido neste dia
sabemos que Deus se faz presente em meio de Seu povo por meio de uma mulher
humilde e simples de um povo chamado Nazaré. A partir da visita do Anjo do
Senhor Maria se torna a portadora da graça e da bênção de Deus.
No evangelho de Luas, através da saudação
do Anjo do Senhor, Maria é chamada de “cheia de graça”, expressão que
primordialmente na linguagem bíblica do Antigo Testamento designa aos que são objeto
de uma especial benevolência da parte de Deus, o que leva como conseqüência a
abundância de bênçãos sobre sua pessoa. A partir dessa saudação sabemos que não
há titulo maior para Maria que ser chamada de “cheia de graça”: a amada de
Deus, amada pela graça, sem mérito.
A palavra “graça” designa o amor e
o carinho com que Deus ama a seu povo pobre e simples; designa a fidelidade com
que Deus sustenta Seu povo e com que Ele o acompanha. Deus ama porque quer amar
e fazer o bem para o povo (não é uma retribuição ou recompensa por algum mérito
do homem). Deus faz isso para que o povo simples e humilde descubra seu valor
de pessoa. Além disso, Deus ama para que o povo comece a amar com um amor
verdadeiro e comece a libertar-se de tudo que possa impedir a manifestação deste
amor.
Maria vive simplesmente a sua fé e
da sua fé e ora naturalmente, sem saber que Deus pôs nela os olhos complacentes
para fazê-la Mãe do Rei dos reis, Jesus Cristo. Ela está tão cheia de graça até
o anjo não a chama pelo nome, mas chama-a simplesmente “cheia de graça”:
“Alegra-te, ó cheia de graça” (Lc 1,28). Na graça reside a completa explicação
de Maria, a sua grandeza e a sua beleza. Maria pode fazer suas, em toda a
verdade, as palavras do Apóstolo Paulo: “Pela graça de Deus, sou o que sou”
(1Cr 15,10). Maria, por isso, é cheia do favor divino.
Além disso,
Maria é a primeira cristã por causa do seu sim a Deus para que através dela
possa nascer para a humanidade Jesus Cristo, nosso Salvador. Não era nenhuma
princesa nem nenhuma patroa na sociedade do seu tempo. Era uma mulher simples
do povo, uma moça pobre. Mas Deus se compadece dos humildes e dos simples. Para
Deus tudo é simples, e para o simples tudo é divino. A simplicidade atrai a
bênção de Deus e a simpatia humana. O simples, o humilde é o terreno fértil
onde a graça de Deus encontra seu lugar e através do qual Deus fala para o
mundo.
De certa
forma, podemos dizer que com o sim de Maria à vontade de Deus a Igreja começou.
A Virgem Maria, no momento de sua eleição radical e no momento de seu sim a
Deus foi início e imagem da Igreja. Quando ela aceitou o anúncio do anjo, da
parte de Deus, pode-se dizer que começou a Igreja: a humanidade, nela
representada, começou a dizer sim à salvação que Deus lhe ofereceu. Nela e
através dela a humanidade foi abençoada. Podemos olhar, por isso, para Maria
como modelo de fé e motivo de esperança e de alegria.
Maria é,
atmbém, modelo de nossa vocação cristã. Como ela aceitou a Palavra de Deus e
acolheu em si o Espírito de Deus e gerou Cristo de sua carne, assim também cada
um de nós, seguidores de Cristo há de realizar sua vocação aceitando docilmente
a Palavra de Deus, acolhendo em sua vida o Espírito de Deus e continuando no
tempo a encarnação de Cristo. Cada um tem a missão de levar Jesus e dá-lo ao
mundo, pois o mundo espera pela salvação apesar de sua resistência.
Portanto,
aprendemos de Maria a viver ao ritmo de Deus, deixando que Deus disponha
livremente de nossa vida, segundo seu projeto de amor: “Faça-se!”. Aprendemos
também de Maria a manter uma atitude que nem sempre é fácil: colocar Deus e os
outros como centro. Maria é de Deus e do povo. Na terra e no céu Maria vive na
comunidade e para a comunidade. Ela desempenha seu papel para o bem de todos,
porque Cristo reina em cada um dos homens (cf. Mt 25,40.45). Aprendemos também
a seguir o exemplo de Maria Imaculada, pois ela está cheia de graça para
descobrirmos o mal que corrói o nosso coração e a convivência fraterna.
P.
Vitus Gustama, svd
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