CÁTEDRA DE SÃO PEDRO, APÓSTOLO
FESTA
Sábado, 22
fevereiro de 2014
Primeira Leitura: 1Pd 5,1-4
Caríssimos, 1exorto aos presbíteros que estão entre vós, eu, presbítero como eles, testemunha dos sofrimentos de Cristo e participante da glória que será revelada: 2Sede pastores do rebanho de Deus, confiado a vós; cuidai dele, não por coação, mas de coração generoso; não por torpe ganância, mas livremente; 3não como dominadores daqueles que vos foram confiados, mas antes, como modelos do rebanho. 4Assim, quando aparecer o pastor supremo, recebereis a coroa permanente da glória.
Evangelho: Mt 16,13-19
Naquele tempo, 13Jesus foi à região
de Cesareia de Filipe e ali perguntou aos seus discípulos: “Quem dizem os
homens ser o Filho do Homem?” 14Eles responderam: “Alguns dizem que é João
Batista; outros que é Elias; outros ainda, que é Jeremias ou algum dos
profetas”. 15Então Jesus lhes perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” 16Simão
Pedro respondeu: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. 17Respondendo, Jesus
lhe disse: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano
que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. 18Por isso eu te digo que
tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do
inferno nunca poderá vencê-la. 19Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo
o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na
terra será desligado nos céus”.
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Celebramos hoje a festa da Cátedra
de São Pedro. Trata-se de uma tradição muito antiga, testemunhada em Roma desde
o século IV. Literalmente, a "cátedra" é a sede fixa do Bispo, posta
na igreja matriz de uma Diocese, que por isso a igreja-sede do bispo é chamada
"catedral", e constitui o símbolo da autoridade do Bispo e, em
particular, do seu "magistério", ou seja, do ensinamento evangélico
que ele, enquanto sucessor dos Apóstolos, é chamado a conservar e a transmitir
à Comunidade cristã. Quando o Bispo toma posse da Igreja particular que lhe foi
confiada, ele, com a mitra e o báculo, senta-se na cátedra. Como mestre e
pastor daquela sede ele orientará o caminho dos fiéis da sua diocese, na fé, na
esperança e na caridade exercendo sua missão de santificar, ensinar, e
governar.
Pedro foi escolhido pelo próprio
Senhor como o primeiro entre as partes ou Primus Inter Pares (Mt 16,13-19). Pedro
começou o seu ministério em Jerusalém, depois da Ascensão do Senhor e do
Pentecostes. A primeira "sede" da Igreja foi o Cenáculo, onde Pedro
rezou juntamente com os outros discípulos para que fosse reservado um lugar
especial a Simão Pedro. Em seguida, a sé de Pedro foi em Antioquia,
cidade situada à margem do rio Oronte, na Síria, hoje na Turquia, naquela época
terceira metrópole do império romano, depois de Roma e de Alexandria do Egito.
Daquela cidade, evangelizada por Barnabé e Paulo, onde "os discípulos
receberam, pela primeira vez, o nome de "cristãos"" (At 11, 26),
onde, portanto, nasceu para nós o nome de cristãos, Pedro foi o primeiro
Bispo. Dali, a Providência conduziu Pedro até Roma. Portanto, temos o
caminho de Jerusalém, Igreja nascente, em Antioquia, primeiro centro da Igreja
acolhida pelos pagãos e ainda unida com a Igreja proveniente dos Judeus. Depois
Pedro dirigiu-se para Roma, centro do Império, símbolo do "Orbis" a "Urbs"
que expressa o "Orbis" a terra onde ele terminou com o martírio a sua
corrida ao serviço do Evangelho. Por isso a sede de Roma, que tinha recebido a
maior honra, acolheu também o ônus confiado por Cristo a Pedro, de se colocar
ao serviço de todas as Igrejas particulares, para a edificação e a unidade de
todo o Povo de Deus.
A sede de Roma, depois destas
migrações de São Pedro, torna-se assim reconhecida como a do sucessor de Pedro,
e a "cátedra" do seu Bispo representou a “cátedra” do Apóstolo
encarregado por Cristo, de apascentar todo o seu rebanho. Portanto, A cátedra
do Bispo de Roma representa não apenas o seu serviço à comunidade romana, mas a
sua missão de guia de todo o Povo de Deus.
Celebrar a "Cátedra" de
Pedro, como fazemos hoje, significa, portanto, atribuir-lhe um forte
significado espiritual e reconhecer-lhe um sinal privilegiado do amor de Deus,
Pastor bom e eterno, que quer reunir toda a sua Igreja e orientá-la no caminho
da salvação.
O texto do evangelho lido na festa
da Cátedra de São Pedro fala da profissão da fé de Pedro. Para Pedro Jesus é “o
Messias, o Filho do Deus vivo”.
As palavras de Pedro são uma
perfeita profissão da fé cristã. Jesus não é somente “o Messias de Deus”, isto é,
“o Ungido por Deus”. Jesus é também “o Filho de Deus vivo”. Aqui, neste texto, “Filho”
não é somente aquele que nasceu de Deus e sim aquele que atua como o próprio
Deus. “O Filho de Deus” equivale à fórmula “Deus entre nós”, o Emanuel (Mt 1,23;18,10;28,20). “Vivo”, na expressão “o
Filho de Deu vivo” (cf. Is 37,4.17; Os 2,1; Dn 6,21) opõe o Deus verdadeiro aos ídolos mortos;
significa esse Deus possui a vida e a comunica para o homem. Trata-se de um
Deus vivo e vivificante, Deus ativo e salvador (Dt 5,26; Sl 83[84],3; Jr 5,2). Também o Filho é,
portanto, Doador de vida (Jo 10,10) e vencedor da morte (Jo 11,25-26).
Crer no Deus vivo e vivificante,
Doador da vida, revelado por Jesus, implica proteger ou defender a vida em
todas as suas instâncias: desde sua concepção, sua duração até seu término
neste mundo. Somente quem crê no Deus vivo e vivificante pode acreditar na vida
eterna, pois a vida não acaba com a morte, pois Deus é a vida (Jo 11,25; 14,6).
“E vós, quem dizeis que Sou?”.
Esta pergunta deve ser entendida no sentido semita. Trata-se, neste sentido, de
uma pergunta sobre a existência de Jesus e sua missão histórica. A resposta a
esta pergunta inclui necessariamente uma opção de adesão a Jesus.
Como resposta à confissão de Pedro,
Jesus constitui Pedro o alicerce sobre o qual edifica a Sua Igreja. Jesus também
garante que a Sua Igreja jamais será destruída pelos poderes da morte. Temos
que manter nossa fé neste Deus vivo e vivificante mesmo que nós, como a Igreja
do senhor, nos encontremos nas situações difíceis, do ponto de vista humano,
pois para Deus nada é impossível (Lc 1,37; cf. Rm 8,31-39).
Três marcas que fazem de Pedro que
se encontra com Cristo, o Pedro da fé: espontaneidade, franqueza e confiança.
Três atitudes que tem que acompanhar também nosso processo para aprofundar
nosso descobrimento-encontro com o Filho de Deus vivo. Três qualidades que
ajudam cada um a crescer como Igreja cimentada na rocha do Apostolo Pedro.
A confissão de Pedro, espontânea,
franca e confiada constrói Igreja. Com esta mesma confissão podemos fazer a
Igreja crescer. Todos nós somos do mesmo rebanho. Nossa tarefa permanente é
fazer o rebanho sempre unido. Para isso, precisamos estar unidos a Cristo, pois
sem ele nada podemos fazer (Jo 15,5). Quando nosso coração não está unido a Cristo, criaremos divisão e desunião entre nós.
P. Vitus Gustama,svd
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