quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

 
CÁTEDRA DE SÃO PEDRO, APÓSTOLO

FESTA

Sábado, 22 fevereiro de 2014


Primeira Leitura: 1Pd 5,1-4
 
Caríssimos, 1exorto aos presbíteros que estão entre vós, eu, presbítero como eles, testemunha dos sofrimentos de Cristo e participante da glória que será revelada: 2Sede pastores do rebanho de Deus, confiado a vós; cuidai dele, não por coação, mas de coração generoso; não por torpe ganância, mas livremente; 3não como dominadores daqueles que vos foram confiados, mas antes, como modelos do rebanho. 4Assim, quando aparecer o pastor supremo, recebereis a coroa permanente da glória.


Evangelho: Mt 16,13-19


Naquele tempo, 13Jesus foi à região de Cesareia de Filipe e ali perguntou aos seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” 14Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista; outros que é Elias; outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas”. 15Então Jesus lhes perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” 16Simão Pedro respondeu: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. 17Respondendo, Jesus lhe disse: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. 18Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. 19Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus”.
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Celebramos hoje a festa da Cátedra de São Pedro. Trata-se de uma tradição muito antiga, testemunhada em Roma desde o século IV. Literalmente, a "cátedra" é a sede fixa do Bispo, posta na igreja matriz de uma Diocese, que por isso a igreja-sede do bispo é chamada "catedral", e constitui o símbolo da autoridade do Bispo e, em particular, do seu "magistério", ou seja, do ensinamento evangélico que ele, enquanto sucessor dos Apóstolos, é chamado a conservar e a transmitir à Comunidade cristã. Quando o Bispo toma posse da Igreja particular que lhe foi confiada, ele, com a mitra e o báculo, senta-se na cátedra. Como mestre e pastor daquela sede ele orientará o caminho dos fiéis da sua diocese, na fé, na esperança e na caridade exercendo sua missão de santificar, ensinar, e governar.


Pedro foi escolhido pelo próprio Senhor como o primeiro entre as partes ou Primus Inter Pares (Mt 16,13-19). Pedro começou o seu ministério em Jerusalém, depois da Ascensão do Senhor e do Pentecostes. A primeira "sede" da Igreja foi o Cenáculo, onde Pedro rezou juntamente com os outros discípulos para que fosse reservado um lugar especial a Simão Pedro. Em seguida, a sé de Pedro foi em Antioquia, cidade situada à margem do rio Oronte, na Síria, hoje na Turquia, naquela época terceira metrópole do império romano, depois de Roma e de Alexandria do Egito. Daquela cidade, evangelizada por Barnabé e Paulo, onde "os discípulos receberam, pela primeira vez, o nome de "cristãos"" (At 11, 26), onde, portanto, nasceu para nós o nome de cristãos, Pedro foi o primeiro Bispo. Dali, a Providência conduziu Pedro até Roma. Portanto, temos o caminho de Jerusalém, Igreja nascente, em Antioquia, primeiro centro da Igreja acolhida pelos pagãos e ainda unida com a Igreja proveniente dos Judeus. Depois Pedro dirigiu-se para Roma, centro do Império, símbolo do "Orbis" a "Urbs" que expressa o "Orbis" a terra onde ele terminou com o martírio a sua corrida ao serviço do Evangelho. Por isso a sede de Roma, que tinha recebido a maior honra, acolheu também o ônus confiado por Cristo a Pedro, de se colocar ao serviço de todas as Igrejas particulares, para a edificação e a unidade de todo o Povo de Deus.


A sede de Roma, depois destas migrações de São Pedro, torna-se assim reconhecida como a do sucessor de Pedro, e a "cátedra" do seu Bispo representou a “cátedra” do Apóstolo encarregado por Cristo, de apascentar todo o seu rebanho. Portanto, A cátedra do Bispo de Roma representa não apenas o seu serviço à comunidade romana, mas a sua missão de guia de todo o Povo de Deus.


Celebrar a "Cátedra" de Pedro, como fazemos hoje, significa, portanto, atribuir-lhe um forte significado espiritual e reconhecer-lhe um sinal privilegiado do amor de Deus, Pastor bom e eterno, que quer reunir toda a sua Igreja e orientá-la no caminho da salvação.


O texto do evangelho lido na festa da Cátedra de São Pedro fala da profissão da fé de Pedro. Para Pedro Jesus é “o Messias, o Filho do Deus vivo”.


As palavras de Pedro são uma perfeita profissão da fé cristã. Jesus não é somente “o Messias de Deus”, isto é, “o Ungido por Deus”. Jesus é também “o Filho de Deus vivo”. Aqui, neste texto, “Filho” não é somente aquele que nasceu de Deus e sim aquele que atua como o próprio Deus. “O Filho de Deus” equivale à fórmula “Deus entre nós”, o Emanuel (Mt 1,23;18,10;28,20). “Vivo”, na expressão “o Filho de Deu vivo(cf. Is 37,4.17; Os 2,1; Dn 6,21) opõe o Deus verdadeiro aos ídolos mortos; significa esse Deus possui a vida e a comunica para o homem. Trata-se de um Deus vivo e vivificante, Deus ativo e salvador (Dt 5,26; Sl 83[84],3; Jr 5,2). Também o Filho é, portanto, Doador de vida (Jo 10,10) e vencedor da morte (Jo 11,25-26).


Crer no Deus vivo e vivificante, Doador da vida, revelado por Jesus, implica proteger ou defender a vida em todas as suas instâncias: desde sua concepção, sua duração até seu término neste mundo. Somente quem crê no Deus vivo e vivificante pode acreditar na vida eterna, pois a vida não acaba com a morte, pois Deus é a vida (Jo 11,25; 14,6).


“E vós, quem dizeis que Sou?”. Esta pergunta deve ser entendida no sentido semita. Trata-se, neste sentido, de uma pergunta sobre a existência de Jesus e sua missão histórica. A resposta a esta pergunta inclui necessariamente uma opção de adesão a Jesus.


Como resposta à confissão de Pedro, Jesus constitui Pedro o alicerce sobre o qual edifica a Sua Igreja. Jesus também garante que a Sua Igreja jamais será destruída pelos poderes da morte. Temos que manter nossa fé neste Deus vivo e vivificante mesmo que nós, como a Igreja do senhor, nos encontremos nas situações difíceis, do ponto de vista humano, pois para Deus nada é impossível (Lc 1,37; cf. Rm 8,31-39).


Três marcas que fazem de Pedro que se encontra com Cristo, o Pedro da fé: espontaneidade, franqueza e confiança. Três atitudes que tem que acompanhar também nosso processo para aprofundar nosso descobrimento-encontro com o Filho de Deus vivo. Três qualidades que ajudam cada um a crescer como Igreja cimentada na rocha do Apostolo Pedro.


A confissão de Pedro, espontânea, franca e confiada constrói Igreja. Com esta mesma confissão podemos fazer a Igreja crescer. Todos nós somos do mesmo rebanho. Nossa tarefa permanente é fazer o rebanho sempre unido. Para isso, precisamos estar unidos a Cristo, pois sem ele nada podemos fazer (Jo 15,5). Quando nosso coração não está unido a Cristo, criaremos divisão e desunião entre nós.
 
P. Vitus Gustama,svd

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