DESCANSO NECESSÁRIO COM
JESUS
Sábado Da IV Semana
Do Tempo Comum
08 de Fevereiro de 2014
Naqueles dias, 4o rei Salomão foi a Gabaon para oferecer um sacrifício, porque esse era o lugar alto mais importante. Salomão ofereceu mil holocaustos naquele altar. 5Em Gabaon, o Senhor apareceu a Salomão, em sonho, durante a noite, e lhe disse: “Pede o que desejas e eu to darei”. 6Salomão respondeu: “Tu mostraste grande benevolência para com teu servo Davi, meu pai, porque ele andou na tua presença com sinceridade, justiça e retidão de coração para contigo. Tu lhe conservaste esta grande benevolência, e lhe deste um filho que hoje ocupa o seu trono. 7Portanto, Senhor meu Deus, tu fizeste reinar o teu servo em lugar de Davi, meu pai. Mas eu não passo de um adolescente, que não sabe ainda governar. 8Além disso, teu servo está no meio do teu povo eleito, povo tão numeroso que não se pode contar ou calcular. 9Dá, pois, a teu servo, um coração compreensivo, capaz de governar o teu povo e de discernir entre o bem e o mal. Do contrário, quem poderá governar este teu povo tão numeroso?” 10Esta oração de Salomão agradou ao Senhor. 11E Deus disse a Salomão: “Já que pediste estes dons e não pediste para ti longos anos de vida, nem riquezas, nem a morte de teus inimigos, mas sim sabedoria para praticar a justiça, 12vou satisfazer o teu pedido; dou-te um coração sábio e inteligente, como nunca houve outro igual antes de ti. 13Mas dou-te também o que não pediste, tanta riqueza e tanta glória como jamais haverá entre os reis, durante toda a tua vida.
Evangelho: Mc 6,30-34
Naquele tempo, 30os apóstolos reuniram-se com Jesus e
contaram tudo o que haviam feito e ensinado. 31Ele
lhes disse: “Vinde sozinhos para um lugar deserto e descansai um pouco”.
Havia, de fato, tanta gente chegando e saindo que não tinham tempo nem para
comer. 32Então foram
sozinhos, de barco, para um lugar deserto e afastado. 33Muitos os viram partir e reconheceram
que eram eles. Saindo de todas as cidades, correram a pé, e chegaram lá antes
deles. 34Ao desembarcar, Jesus
viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem
pastor. Começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas.
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1. Revisão Da Vida Apostólica
Anteriormente Jesus chamou os Doze
para depois enviá-los à missão (Mc 6,7-13). Depois de sua primeira “missão”, os
discípulos voltaram a se reunir com Jesus: “Naquele tempo, os apóstolos
reuniram-se com Jesus...”
Muitos cristãos compreendem hoje
que sua fé se torna robusta quando decidem reunir-se, no espírito do Senhor,
com outros irmãos para partilhar e dialogar sobre sua fé. Este é um dos
sentidos da assembléia eucarística dominical: depois de sua missão durante a
semana, os cristãos se reúnem junto a Jesus na companhia de outros irmãos da fé.
“Os apóstolos contaram tudo (a Jesus)
o que haviam feito e ensinado”. Trata-se de uma revisão da vida apostólica.
Esta revisão de nossa vida com Jesus é uma das formas mais úteis de nossa oração.
Cada noite nós deveríamos criar ocasião para “relatar” a Jesus “o que temos
feito”. Se fizermos isso diariamente, a nossa participação na celebração eucarística
dominical ficará mais rica e profunda.
2. Descansar com Jesus Uma solicitude pastoral
Depois de ouvir seu relato Jesus
convidou os Apóstolos: “Vinde sozinhos para um lugar deserto e descansai
um pouco”. Trata-se de uma
necessidade de silêncio, de recolhimento, de solidão. É essencial para os
homens de todas as épocas, especialmente é indispensável para o homem moderno
na agitação de vida de hoje.
A resposta de Jesus se concreta em
levá-los com Ele para um lugar onde ninguém possa perturbá-los para descansar
com Ele e n’Ele. Esse convite nos recorda aquilo que o próprio Jesus disse no
evangelho de Mateus sobre a importância do descanso com o Senhor e no Senhor:
“Vinde a Mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo e Eu vos
darei descanso” (Mt 11,28). Jesus conjuga muito bem o trabalho e a oração. Dedica-se
prioritariamente à evangelização, mas sabe buscar momentos de silêncio e oração
para si e para os seus, mesmo que dure apenas pouco tempo como aconteceu no
relato do evangelho de hoje.
Convidar os discípulos para
descansar na solidão também é um gesto muito humano de Jesus. Jesus sabe o que
é a fatiga e busca, muitas vezes, a solidão (no monte, no campo ou de noite). O
ativismo nos esgota e empobrece. Não é bom o “stress”, ainda que seja
espiritual. Quando não há o equilíbrio interior, todos cairão no nervosismo e
diminuirá a eficácia humana e evangelizadora. Necessitamos da paz e da
serenidade. Todos os que trabalham, também pelo Reino, necessitam de uma certa
serenidade e um certo equilíbrio mental e psíquico. As pessoas que trabalham
pelo Reino têm que ser pessoas de paz e de serenidade.
O trabalho de um verdadeiro pastor
ou de qualquer líder cristão não é fácil, pois ele tem que manter a unidade e a
segurança do seu rebanho. Por isso, quem é enviado como pastor, e, quem é
encarregado de ser líder dos outros numa comunidade necessita de descanso. Mas
o descanso dos pastores e dos lideres cristãos é feito com e no grande Pastor.
Eles fazem seu descanso no Pastor dos pastores. O descanso dos pastores
consiste em saber “estar” com Jesus: escutá-Lo, viver com Ele, aprofundar em
sua comunhão de vida como pastor. É aprender do grande Pastor sobre como deve
conduzir e rebanhar as ovelhas do qual ele próprio faz parte. As ovelhas são do
Senhor (Jo 21,17) e não dos líderes.
Esse convite para descansar com e
no Senhor é a primeira solicitude de Jesus como Pastor para aqueles que são
encarregados de alguma tarefa na comunidade de irmãos. Esse convite tem como
característica a comunhão de ministério com Jesus. Essa comunhão ajudará os
pastores e os demais líderes da comunidade a terem a mesma solicitude de Jesus
para com todos e para com a multidão que, em cada momento da história vive
“como ovelhas sem pastor”, pois o pastor é Jesus e somente Ele. Entender isso
significa entender a grande missão dos que são enviados, em Seu nome, com o
objetivo de conduzir a humanidade para o grande Pastor, Jesus Cristo.
3. Somos Chamados a Ser
Seguidores Compassivos como Jesus
Depois de um rápido descanso dos
Doze com Jesus o evangelista Marcos nos relatou com as seguintes palavras: “Ao desembarcar, Jesus viu
uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor.
Começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas”.
Esta frase reproduz a situação
refletida em 1Rs 22,17: “Vejo todo o Israel espalhado pelas montanhas como
um rebanho sem pastor” (cf. Nm 27,17). Trata-se de uma imagem clássica na
literatura bíblica no contexto de acusação aos pastores que não cumprem sua
missão de rebanhar (unir e reunir) suas ovelhas. E Jesus se apresenta como o
verdadeiro Pastor, pois ele dá sua vida pelo rebanho (Jo 10,14-15).
Cristo é o Bom Pastor (Jo
10,11-15). Ele dá Sua vida em todo momento, também quando não lhe resta tempo
nem para comer. Ali está Ele, buscando um tempo para descansar em companhia de
seus discípulos, mas para os necessitados de Deus, Ele oferece Seu amor. é como
o pai de uma família que, depois de uma jornada cansativa, volta para casa com
o único desejo de descansar. Mas ao ver que seus filhos lhe pedem algo que lhe é
impossível humanamente, tira suas últimas forças para brincar e fazer felizes
seus filhos, dando-lhes o melhor de si, ainda que o corpo exija um descanso.
Os cristãos dentro da comunidade,
de um modo ou de outro, participam do serviço pastoral para com os demais,
imitando e representando Jesus Cristo, Pastor de todos. Onde estiver e para
onde for, o cristão faz tudo em nome de Cristo. Ele representa Cristo em qualquer
lugar. Ele é cristão para todos os momentos e lugares.
Jesus teve compaixão da multidão
que vivia sem nenhuma orientação e começou a ensinar-lhes muitas coisas. Jesus
teve tempo para a multidão necessitada. Ter tempo para os demais, especialmente
para os necessitados é o ponto alto de uma vocação pastoral na Igreja de Jesus.
Isso supõe a renúncia aos próprios planos, interesses e horários em função do
bem de todos. O cristão existe para servir os demais.
O mundo de hoje continua a estar
desorientado como “ovelhas sem pastor”, pois, no meio do avanço tecnológico,
muitas pessoas morrem de fome. No meio da democracia ainda se encontram os
ditadores que adormentam e sacrificam os pequenos e inocentes da sociedade. No
meio de tanta facilidade tecnológica encontram-se os imprudentes que fazem
tantas famílias chorarem pela perda de seus entes-queridos precocemente. No
meio da luta pela solidariedade global encontram-se os gananciosos capazes de
pisar sobre os outros em nome do prazer. O perigo e o prazer crescem no mesmo
ramo. O fato de que em nossa civilização tão avançada há tantos homens morrem
de fome ou são vitimas de uma guerra ou de um poder desenfreado, ou de uma
imprudência, demonstra que os chefes que dirigem atualmente o mundo não olham
para o povo e sim para os próprios interesses ou para os interesses
partidários. É preciso ter progresso na verdade, na justiça na caridade.
Cristo quer que todos os cristãos
ajudem esta humanidade a encontrar os caminhos da verdade e da felicidade, da
paz e do verdadeiro progresso. Ser seguidor de Cristo significa aprender a
olhar para os outros com um coração cheio de carinho, ser responsável pelos
outros irmãos e falar-lhes do sentido da vida. A maneira com que tratamos um
ser humano é a forma com que tratamos a nosso Senhor. Isso não exige explicação
e sim contemplação (cf. Mt 25,40.45). O dia mais desperdiçado de todos é aquele
no qual não conseguimos fazer alguém sorrir ou deixamos de fazer o outro
sorrir. Um sorriso não custa tanto quanto a eletricidade, no entanto, ilumina
muito mais do que ela.
P. Vitus Gustama,svd
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