JESUS É O AMOR ENCARNADO
DE DEUS
Sábado da XV Semana Comum
19 de Julho de 2014
Evangelho: Mt 12, 14-21
Naquele tempo, 14 os fariseus saíram
e fizeram um plano para matar Jesus. 15 Ao saber disso, Jesus retirou-se dali.
Grandes multidões o seguiram, e ele curou a todos. 16 E ordenou-lhes que não
dissessem quem ele era, 17 para se cumprir o que foi dito pelo profeta Isaías:
18 “Eis o meu servo, que escolhi; o meu amado, no qual ponho a minha afeição; porei
sobre ele o meu Espírito, e ele anunciará às nações o direito. 19 Ele não
discutirá, nem gritará, e ninguém ouvirá a sua voz nas praças. 20 Não quebrará
o caniço rachado, nem apagará o pavio que ainda fumega, até que faça triunfar o
direito. 21 Em seu nome as nações depositarão a sua esperança”.
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Continuamos com as controvérsias
entre Jesus e as autoridades do seu tempo. Nos versículos anteriores do texto
do evangelho deste dia Mt relatou a atividade de Jesus de curar muitos doentes
no Sábado, dia sagrado para os judeus. Relatou-se que Jesus curou um homem de
mão seca dentro da sinagoga (cf. Mt 12,9-13). Era proibido curar no Sábado, o
dia sagrado. Para Jesus o sagrado é o ser humano (cf. 1Cor 3,16-17) e não o
dia. Por isso, para Jesus salvar um ser humano está acima de qualquer lei
religiosa, por mais sagrada que ela pareça ser. A lei religiosa existe em
função do ser humano. Naturalmente os dirigentes do povo desaprovaram a
atividade de Jesus. Por isso, decidiram matá-lo.
A hostilidade dos fariseus (Mt
12,14) é o ponto terminal do relato referido à atividade de Jesus durante o Sábado
numa sinagoga. Diante da hostilidade, Jesus muda seu espaço: “Ao
saber disso, Jesus retirou-se dali”, mas continua curando a todos. Sua tarefa é
ajudar, socorrer e reviver a todos aqueles que se encontram ameaçadas na sua
dignidade.
A maneira de atuar de Jesus é
totalmente contrária à maneira de atuar dos fariseus. Observemos o contraste
nesta controvérsia entre Jesus e seus adversários: Os adversários planejam
matar Jesus, e Jesus planeja um serviço de caridade, de amor e de proximidade
dos necessidades. Os adversários tomam atitudes violentas, e Jesus cumpre a
visão profética de bendizer e de apreciar todos os detalhes da bondade que
estão ao Seu alcance. O mal e o bem, chocando-se mutuamente, caminham em
paralelo. O objeto da ação é o mesmo homem tanto para o bem como para o mal. Um
coração que ama se enfrenta com um coração maldoso. Jesus será vítima disso, mas
Deus bota a vida onde o homem põe a morte. Por isso, Jesus será ressuscitado
por Deus, Seu Pai.
Jesus não lhes responde com ações
violentas. Como verdadeiro Servidor de Deus, Jesus busca que a verdade brilhe
sobre as trevas da morte e da miséria. A missão de Jesus é pacifista, solidária
e defensora da justiça e do direito. Somente de um homem assim, sem pretensões
mundanas é que o povo pode esperar a salvação.
Por que os dirigentes do povo
defendem tanto a lei supostamente sagrada e não defende o ser humano, que é o
filho de Deus, templo do Espírito Santo, segundo São Paulo? (cf.1Cor 3,16-17).
É por causa do império dos interesses econômicos e sociais. Quando o dinheiro
se torna o objetivo da vida de uma pessoa, ela não admite rivais. E se tiver rivais, será eliminado. Quem se
entrega ao dinheiro, não consegue ver mais ninguém senão a si mesmo. O dinheiro
se revela uma arma mais letal do que as armas nucleares, quando usado
unicamente em vista dos interesses de alguns. É por isso que Jesus disse que,
ou se serve a Deus, ou se serve ao dinheiro (cf. Mt 6,24). Quem se preocupa com
a própria glória não se preocupa com o bem do outro.
Jesus age como um profeta: falar em
nome de Deus na defesa da igualdade e da fraternidade, embora Jesus seja mais
do que um profeta, pois ele é a encarnação do amor de Deus, Deus-Conosco. Os
profetas do Antigo Testamento com muita freqüência se atiram contra as
prepotências dos ricos em relação aos pobres, por sensibilidade social, mas,
sobretudo, por sensibilidade teológica no sentido de que as injustiças entre os
homens quebram a relação com Deus. O mal que se faz ao homem é mal feito a Deus
(cf. Mt 25,40.45).
O verdadeiro objetivo da vida de
Jesus é amar para salvar (Jo 3,16). Esse objetivo se expressa da seguinte
maneira: “Não quebrará o caniço rachado, nem apagará o pavio que ainda
fumega, até que faça triunfar o direito”. Jesus veio não para desencorajar
e sim para encorajar. Ele veio não para ameaçar o fraco com condenação e sim
com a compreensão. Jesus veio não para apagar “o pavio que ainda fumega” e sim
para fortalecer sua luz a fim de clarear mais. Por isso, “Em seu nome as
nações depositarão a sua esperança”. Tudo em Jesus era manifestar o amor de
Deus para os homens. Logo, tudo na vida de cada cristão deve ser a manifestação
do amor de Deus, porque o amor humaniza e diviniza, cria a fraternidade e a
comunhão, pois “Deus é amor” (1Jo 4,8.16).
Como cristãos seguidores de Cristo,
nós temos em Jesus nosso espelho para podermos nos ver melhor ou para comprovar
se aprendemos ou não as principais lições de nosso Mestre Jesus. Temos que
fazer chegar para as pessoas a mensagem de amor de Jesus. Mas não devemos impor,
e sim propor, não gritar e sim anunciar motivando, respeitando a situação de
cada pessoa.
Por isso, como cristãos, nós
devemos ser contrários a toda a forma de luta violenta, mas também devemos agir
energicamente com todas as iniciativas e meios não violentos, para afirmar a
justiça, o respeito pelos direitos humanos, pela fraternidade, pela dignidade
de cada pessoa e pela caridade no mundo. Podemos combater o pecado sem eliminar
o pecador, pois Deus odeia o pecado, mas não se cansa de perdoar quem se
converte: “Porventura, tenho Eu prazer na morte do ímpio? Porventura, não
alcançará ele a vida se ele se converter de seus maus caminhos?” (Ez 18,23).
A missão de cada cristão, a exemplo do mestre Jesus, é pacifista, solidária e
defensora da justiça e do direito. É “Não quebrar o caniço rachado, nem
apagar o pavio que ainda fumega, até que faça triunfar o direito”.
P. Vitus Gustama,svd
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