SER TESTEMUNHA DA FÉ NA VIDA QUE NÃO ACABA
Sexta-Feira, 25
de julho de 2014
Evangelho:
Mt 20,20-28
20 Naquele tempo, a mãe dos filhos
de Zebedeu aproximou-se de Jesus com seus filhos e ajoelhou-se com a intenção
de fazer um pedido. 21 Jesus perguntou: “O que tu queres?” Ela respondeu:
“Manda que estes meus dois filhos se sentem, no teu Reino, um à tua direita e
outro à tua esquerda”. 22 Jesus, então, respondeu-lhes: “Não sabeis o que
estais pedindo. Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber?” Eles
responderam: “Podemos”. 23 Então Jesus lhes disse: “De fato, vós bebereis do
meu cálice, mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha
esquerda. Meu Pai é quem dará esses lugares àqueles para os quais ele os
preparou”. 24 Quando os outros dez discípulos ouviram isso, ficaram irritados
contra os dois irmãos. 25 Jesus, porém, chamou-os e disse: “Vós sabeis que os
chefes das nações têm poder sobre elas e os grandes as oprimem. 26 Entre vós
não deverá ser assim. Quem quiser tornar-se grande, torne-se vosso servidor; 27
quem quiser ser o primeiro, seja vosso servo. 28 Pois, o Filho do Homem não
veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate em favor
de muitos”.
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Sobre Apóstolo São Tiago Maior
O apóstolo Tiago Maior é irmão de
João. Ele ocupa o segundo lugar logo depois de Pedro (Mc 3, 17), ou o terceiro
lugar depois de Pedro e André no Evangelho de Mateus (Mt 10, 2; Lc 6,14) e de
Lucas (6, 14), ou depois de Pedro e de João (At 1,13). Ele faz parte do grupo
dos três discípulos privilegiados (Pedro, Tiago e João) que foram admitidos por
Jesus em momentos importantes da sua vida, especialmente na Transfiguração de
Jesus (Mc 9,2-13; Mt 17,1-13; Lc 9,28-36) e no horto do Getsêmani (Mc
14,32-41;Mt 26,36-46; Lc 22,39-46).
Uma tradição sucessiva, que remonta
pelo menos a Isidoro de Sevilha, relata que São Tiago Maior permaneceu algum
tempo na Espanha para evangelizar aquela importante região que fazia parte do Império
Romano. Mas outra tradição disse que o seu corpo teria sido transportado para a
cidade de Santiago de Compostela na Espanha onde até hoje essa cidade continua
sendo um lugar de veneração e objeto de peregrinações.
Graças ao Apóstolo São Tiago, como a
outros Apóstolos a Boa Noticia de salvação chega até nós hoje. Por nossa vez
não podemos deixar a Palavra de Deus morrer em nossas mãos. Precisamos ser
apóstolos na atualidade.
Mensagem da Festa do Apostolo São Tiago Maior
Sempre que celebramos a festa de um
apóstolo, fazemos memória do fato fundacional da Igreja. Nossa Igreja é chamada
a Igreja apostólica e nossa fé é a fé apostólica, fé que foi nos transmitida
pelos apóstolos, testemunhas oculares da vida de Jesus. Falar da fé apostólica
significa que nossa fé, nossa esperança, nossa vida de comunidade tem como base
a experiência dos apóstolos que estiveram perto de Jesus e o acompanharam até a
morte e testemunharam sua ressurreição. Falar da “fé apostólica” significa
sentir-se parte de uma longa cadeia de homens e mulheres que em muitos lugares
e de muitas maneiras foram atraídos por esse Jesus que os apóstolos conheceram
e viveram a mesma experiência que eles viveram e transmitiram aos demais. Falar
da fé apostólica significa que tudo que cremos e vivemos não é algo que foi
inventado. A fé que os apóstolos viveram e que é transmitida para nós hoje.
O Novo Catecismo da
Igreja Católica no artigo 857 afirma: “A
Igreja é apostólica, porque está fundada sobre os Apóstolos. E isso em três
sentidos:
1.
-foi e continua a ser construída sobre o «alicerce
dos Apóstolos» (Ef 2, 20), testemunhas escolhidas e enviadas em missão
pelo próprio Cristo;
2.
-guarda e transmite, com a ajuda do Espírito Santo que
nela habita, a doutrina, o bom depósito, as sãs palavras recebidas dos
Apóstolos;
3.
-continua a ser ensinada, santificada e dirigida
pelos Apóstolos até ao regresso de Cristo, graças àqueles que lhes sucedem no
ofício pastoral: o colégio dos bispos, assistido pelos presbíteros, em união
com o sucessor de Pedro, pastor supremo da Igreja: ‘Pastor eterno, não
abandonais o vosso rebanho, mas sempre o guardais e protegeis por meio dos
santos Apóstolos, para que seja conduzido através dos tempos, pelos mesmos
chefes que pusestes à sua frente como representantes do vosso Filho, Jesus
Cristo’”.
E no artigo
869 do mesmo Catecismo lê-se: “A Igreja é apostólica: está edificada sobre
alicerces duradouros, que são os Doze apóstolos do Cordeiro; é indestrutível; é
infalivelmente mantida na verdade: Cristo é quem a governa por meio de Pedro e
dos outros apóstolos, presentes nos seus sucessores, o Papa e o colégio dos bispos”.
E os apóstolos são as testemunhas da
ressurreição de Jesus Cristo; são testemunhas de que para aquele que aceita
Jesus Cristo não conhece a morte, pois ressuscitará como Jesus Cristo
ressuscitou. Os apóstolos são proclamadores do triunfo de Jesus sobre a morte,
portanto, são os primeiros anunciadores da salvação para todos os homens. E os
apóstolos faziam tal proclamação com valentia, sem medo porque era fruto da
convicção profunda que produz a verdadeira fé.
Como diz São Paulo: “Sustentados pelo mesmo espírito de fé, conforme o
que está escrito: ‘Eu creio e, por isso, falei’, nós também cremos e, por isso,
falamos, certos de que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará
também com Jesus e nos colocará ao seu lado” (2Cor 4,13-14). Quando você tem
realmente convicção de uma coisa, você jamais se entregará. Você vai lutar até
o fim. Assim foi a vida dos apóstolos. A valentia e a ousadia dos apóstolos não
se detinham nem sequer diante das ameaças dos poderosos porque estavam com uma
grande convicção da ressurreição do Senhor. São Tiago foi o primeiro de todos a
pagar com sua própria vida a intrepidez de seu testemunho.
Nós somos encarregados de continuar
no mundo esse mesmo testemunho dos apóstolos. Somos chamados e enviados a ser
testemunhas da ressurreição, da vida sem fim. Se nós acreditamos realmente na
ressurreição, devemos respeitar a vida, nossa própria e a dignidade da vida dos
outros no seu início, na sua duração e no seu fim na história. Quem desrespeita
a própria vida e a vida dos outros, nega a ressurreição. Se realmente
acreditamos na ressurreição temos que ter certeza de que a vida não termina
aqui, pois a vida é de Deus (cf. Jo 11,25; 14,6). Se acreditamos realmente na ressurreição
devemos ter certeza de que os que nos precederam estão em comunhão conosco e
intercedem por nós como nossos irmãos. Se realmente acreditamos na ressurreição
não devemos prolongar nossa tristeza pelo falecimento de nosso irmão/ nossa irmã,
nosso pai/nossa mãe, marido/esposa, filho/filha, pois eles apenas voltaram para
a casa do Pai (cf. Jo 14,1-6). Se acreditamos realmente na ressurreição,
devemos ter certeza de que o amor dos que nos precederam para a eternidade não morre,
pois o amor é o nome próprio de Deus: “Deus é amor”, disse são João (1Jo 4,8.16).
São Paulo escreveu: “Se o Espírito d'Aquele que ressuscitou Jesus de entre
os mortos habita em vós, Ele, que ressuscitou Cristo Jesus de entre os mortos,
também dará vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós”
(Rm 8, 11). E o Novo Catecismo da Igreja Católica afirma: “Crer na
ressurreição dos mortos foi, desde o princípio, um elemento essencial da fé
cristã. A ressurreição dos mortos é a fé dos cristãos: é por crer nela que
somos cristãos” (Artigo 991):
Portanto, devemos revisar com
seriedade a nossa fé na ressurreição e a qualidade de nossa maneira de
testemunhar essa fé: se nosso testemunho realmente provém de uma convicção
interior ou não. A prova disto é a nossa perseverança em tudo a exemplo dos
apóstolos.
Por isso, ser cristão, como lição
tirada do evangelho deste dia, não pode ser um pretexto para situar-se bem no
mundo, para ficar nos primeiros postos ou posições, como pediram os dois
irmãos, Tiago e João. Se viver desta maneira, a religião é capaz de cair no
perigo de fanatismo e na violência. Ser cristão é seguir Jesus Cristo. Seguir
Cristo significa acompanhá-lo em cada momento. É adotar a vida dele na nossa
vida e sua missão na nossa missão.
O maior perigo para qualquer
cristão, especialmente para aqueles que trabalham na Igreja do Senhor é o
mesmo: converter a autoridade em poder e domínio e não em serviço. Quem busca o
poder, e uma vez no poder será difícil perceber e achar que está errado. Toda
autoridade que se exerce como poder e não como serviço tiraniza e oprime. Quem
exerce a autoridade puramente como serviço ao irmão e à comunidade tem um
mérito extraordinário. O poder já é perigoso, muito mais ainda super-poderoso.
Celebrar a Eucaristia é comer o pão
e beber o cálice. Com esse gesto de comunhão significamos nossa comunhão com
Jesus e com os irmãos. Comungamos, então, com a causa de Jesus. Assim damos
sentido à nossa fé e nos envolvemos na missão da Igreja, fundada sobre os
apóstolos.
Na Igreja de Cristo todos nós somos
chamados a servir no espírito de Jesus. Servir é adorar a Deus em ação. Servir é fazer algo de bom
sem esperar nada de troca ou de reconhecimento. Uma Igreja que não serve, não
serve para nada. Servir pela salvação dos demais é o centro do cristianismo. O
poder e o serviço se excluem. A ambição de poder é o câncer do serviço. O poder
pode servir para muitas coisas, mas não serve para tornar bons os homens. Geralmente
os maus líderes produzem os maus funcionários. A competitividade na Igreja do Senhor faz desaparecer a
solidariedade, a compaixão, a igualdade e a colaboração. A competitividade
sempre torce para que a vida do outro não dê certo para que ele possa estar em
destaque solitariamente para ser adorado pelos demais. O cristão existe para os
outros e é batizado para os outros.
Não é a missão de Cristo na terra
situar seus seguidores nos melhores postos e conceder honras, e sim salvar os
homens com um amor que jamais morre.Toda autoridade na Igreja é fazer os outros
crescerem no bem e para salvar as pessoas.
P.Vitus Gustama, SVD
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