JESUS NOS CHAMA: É
PRECISO OUVI-LO E SEGUI-LO
Sexta-Feira da XIII Semana Comum
04 de Julho de 2014
Evangelho: Mt 9,9-13
Naquele tempo, 9 Jesus viu um homem
chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e disse-lhe: “Segue-me!” Ele
se levantou e seguiu a Jesus. 10 Enquanto Jesus estava à mesa, em casa de
Mateus, vieram muitos cobradores de impostos e pecadores e sentaram-se à mesa
com Jesus e seus discípulos. 11 Alguns fariseus viram isso e perguntaram aos
discípulos: “Por que vosso mestre come com os cobradores de impostos e
pecadores?” 12 Jesus ouviu a pergunta e respondeu: “Aqueles que têm saúde não
precisam de médico, mas sim os doentes. 13 Aprendei, pois, o que significa:
‘Quero misericórdia e não sacrifício’. De fato, eu não vim para chamar os
justos, mas os pecadores”.
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Depois da cura do paralítico (Mt
9,1-8), Jesus se encontra com Mateus, cobrador de impostos e o chama para
segui-lo: “Segue-me!”.
Mateus é um homem que o povo
detesta, pois um colaborador do governo romano na cobrança de impostos. Os
publicanos se enriquecem ilicitamente, especialmente, a custo dos pobres. Por
isso, é uma profissão odiada.
No texto do evangelho de hoje Jesus
mostra sua autonomia e autoridade em escolher quem ele quiser para ser seu discípulo.
Nunca podemos entender perfeitamente o mistério da escolha de Deus. Para a
sociedade na época, Mateus jamais poderia ser um dos discípulos do Senhor, pois
ele era um ladrão diplomado, um ladrão do dinheiro público, um impuro que
tornaria o grupo dos discípulos impuro com sua adesão, pois ser cobrador de
impostos significava ser pessoa impura na visão dos fariseus e dos sacerdotes.
Mas Jesus desobedece aos padrões de uma cultura que manipula as pessoas e impõe
a Nova Lei (cf. Mt 5,17ss). Porque “De fato, eu não vim para chamar os
justos, mas os pecadores”, disse Jesus. A comunhão de Jesus com os
pecadores para libertá-los não o torna impuro e sim o mostra como o Libertador
do homem do seu passado escuro.
Qualquer pessoa pode perguntar-se:
“Como pode Deus estar presente em certos ambientes, como o de Mateus,
especialmente tão repugnantes, maus ou perversos, em certas situações injustas
como a vida vivida pelo publicano Mateus?”. Deus se encontra ali para curar,
para salvar: “Quero misericórdia e não sacrifício”. Todo o Evangelho,
quando se trata de Deus, nos urge que saibamos ultrapassar a noção de justiça e
descobrir a Misericórdia infinita de Deus pelos pecadores. Deus não se cansa de
perdoar e de se encontrar com os pecadores, os perdidos da vida para salvá-los,
pois Jesus, o Deus-Conosco, veio para chamar e salvar os pecadores.
Jesus chama Mateus para segui-lo:
“Segue-me” (Mt 9,9). E ele o segue (Mt 9,9). Ele diz a mesma coisa para Simão e
André (Mt 4,19) e para Tiago e João (Mt 4,21). O termo “seguir” (akoloutheo,
em grego) aparece 90 vezes no NT. E Mateus imediatamente segue a Jesus. Como
Jesus transformou os pescadores de peixes em pescadores de homens, assim também
transformou um cobrador de impostos, um pecador público num “escriba do Reino
de Deus”, num discípulos e mais ainda, num apóstolo. Quem entra na esfera de Jesus deixa de ser
como antes.
Os fariseus
se escandalizam ao ver a cena .
Para eles um observante da Lei
jamais se senta à mesa
com os publicanos que
são pecadores
públicos . Mas
aquele que
ensina o caminho
de Deus , como
Jesus, não pode atuar
assim : “Quero misericórdia e não
sacrifício ”. Somente
os enfermos necessitam de médico e não os sãos. Jesus está sentado à mesa
porque Ele quer transmitir a Palavra de Deus que salva para poder mudar a vida
daqueles que se encontram no caminho errado e concerte-los. Jesus quer
transformá-los em homens justos. Por isso, o que Jesus para os fariseus é duro: “Aprendei, pois, o que
significa: ‘Eu quero misericórdia e não sacrifício’”. Este “eu” é Jesus que é
o Deus-Conosco. É Aquele que não pode aceitar um sacrifício se antes não se fez a reconciliação
com os irmãos (cf. Mt 5,23-24), se não se vive uma atitude de dom aos demais.
“Segue-me!”. O verbo “seguir”, em
sentido próprio, significa “ir atrás de alguém”; e no sentido figurado
significa “ser discípulo”, “ir em seguimento de alguém”. Seguir significa
andar, avançar, ver mais, aprender mais. Quem andar, quem caminhar vai
encontrar muita coisa no caminho. Quem fica parado e paralisado vê menos.
Seguir a Jesus significa romper
todo o passado, e abandonar tudo para trás (cf. Mt 4,18-22;9,9s;19,21;Lc
9,61;Mc 10,28), submetendo-se com fé e obediência à salvação oferecida em
Cristo. Seguir também tem sentido de imitação. Neste sentido seguir significa
unir-se com Jesus numa comunhão de vida e de destino; é modelar-se segundo o
exemplo de Jesus (cf. Jo 13,15.34;15,12;1Ts 1,6;1Cor 11,1;Ef 5,2;1Jo 2,6 etc.);
é ser misericordioso como Ele. Assim, seguir a Jesus não é apenas aderir a um
ensinamento moral e espiritual, mas compartilhar sua sorte. Por isso, Jesus
exige o desapego total: renunciar às riquezas e à segurança, deixar os
familiares (Mt 8,19-22;10,37;19,16-22), sem esperar o retorno (troca ou
retribuição). Ao exigir de seus discípulos um tal sacrifício, Jesus se revela
como Deus, única garantia, e revela integralmente até que ponto vão as
exigências de Deus. Pode ser que seja até o sacrifício da cruz e até se sentir
abandonado pelos outros, como Jesus sentiu (Mt 26,56).
A partir deste sentido, somos
convidados a refletir sobre o nosso seguimento de Cristo. Até que ponto nós estamos
dentro deste padrão? Em outras palavras, o que significa para nós hoje seguir a
Jesus? Para responder esta pergunta, devemos responder outra pergunta: quem é
Jesus a quem seguimos?
“Segue-me!” é a voz do Senhor
chamando o publicano Mateus para ser seu discípulo. Podemos também nos
encontrar numa situação moral, vocacional ou profissionalmente difícil como a
de Mateus ou poder ser pior do que isso. Precisamos parar para ouvir a voz do
Senhor que nos chama: “Segue-me!”. Esta voz deve ressoar em todas as situações
de nossa vida. Jesus nos chama para a liberdade de filhos e filhas de Deus a
fim de sermos instrumentos da misericórdia divina para os demais. Mateus seguiu
a Jesus não para dar adeus a seus amigos e sim para que seus amigos se
encontrassem também com Jesus que veio chamar os pecadores. Mateus é chamado
para que os outros o sigam seguindo o Senhor que liberta.
Seguir a Jesus é viver a sua vida.
E a vida de Jesus foi marcada particularmente por amor ao Pai e aos homens,
especialmente aos mais necessitados. Seu relacionamento profundo com o Pai se
traduz na prática da solidariedade e da misericórdia com os marginalizados e
pecadores. Seguir Jesus é não condenar e sim salvar; não excluir os outros e
sim integrá-los na comunidade de irmãos. Seguir a Jesus é viver segundo o seu
projeto. Ele quer que as relações humanas e sociais se baseiem sobre a justiça,
o amor, a fraternidade e o perdão. Tudo isso se tornará realidade, se o homem
se descobrir como filho de um Pai amoroso. Seguir a Jesus é estar pronto para
viver o seu destino. Viver segundo o projeto de Jesus leva o seguidor a viver o
martírio. O martírio é o preço a pagar pela fidelidade à causa jamais traída.
Quem se propõe a seguir a Jesus deve estar pronto também para viver a
bem-aventurança das perseguições (Mt 5,10s).
“Eu quero misericórdia e não
sacrifício”. Esta é a vontade de Jesus para todos os cristãos. Misericórdia
é amar até aquele que não merece ser amado. O verdadeiro amor é querer o bem do
outro, inclusive daquele que errou até gravemente na vida, moral e eticamente.
P. Vitus Gustama,svd
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