SER
PERMANENTE DISCÍPULO QUE SE SABE AMADO POR DEUS
Sábado da XIV Semana Comum
12 de Julho de 2014
Evangelho: Mt 10,24-33
Naquele tempo, disse
Jesus a seus discípulos: 24 “O discípulo não está acima do mestre, nem o servo
acima do seu senhor. 25 Para o discípulo, basta ser como o seu mestre, e para o
servo, ser como o seu senhor. Se ao dono da casa eles chamaram de Belzebu,
quanto mais aos seus familiares! 26 Não tenhais medo deles, pois nada há de
encoberto que não seja revelado, e nada há de escondido que não seja conhecido.
27 O que vos digo na escuridão, dizei-o à luz do dia; o que escutais ao pé do
ouvido, proclamai-o sobre os telhados! 28 Não tenhais medo daqueles que matam o
corpo, mas não podem matar a alma! Pelo contrário, temei aquele que pode
destruir a alma e o corpo no inferno! 29 Não se vendem dois pardais por algumas
moedas? No entanto, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do vosso Pai.
30 Quanto a vós, até os cabelos da cabeça estão todos contados. 31 Não tenhais
medo! Vós valeis mais do que muitos pardais. 32 Portanto, todo aquele que se
declarar a meu favor diante dos homens, também eu me declararei em favor dele
diante do meu Pai que está nos céus. 33 Aquele, porém, que me negar diante dos
homens, também eu o negarei diante do meu Pai que está nos céus.
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Continuamos ainda a acompanhar o
discurso de Jesus sobre a missão. O evangelista Mateus tem plena consciência de
que cada discípulo é missionário. E para ser missionário tem que ser discípulo.
É preciso estar com o Senhor para, depois, ser seu missionário. Ser cristão é
ser discípulo-missionário do Senhor.
Na passagem do Evangelho deste dia,
como as do anterior dentro contexto do discurso, Jesus continua dando Suas
instruções sobre a maneira com que os discípulos-missionários devem se
comportar na missão.
1. Ser Cristão é Ser Eterno Discípulo do
Mestre Jesus
“O discípulo não está
acima do mestre, nem o servo acima do seu senhor”.
Mestre e discípulos estão
relacionados entre si pela função de ensinar e de aprender. Diante de Jesus seu
Mestre, os seguidores são discípulos. Os discípulos têm que viver a doutrina de
Jesus e cumprir as Suas ordens. O cristão basta ser discípulo, mas o seu ser
deve ser o do Mestre Jesus, isto é, viver o modo de viver de Jesus, optar por
aquilo que Jesus optou, lutar pela causa de Jesus. Isto requer uma aprendizagem
contínua, pois Jesus como a própria Palavra de Deus sabe mais do que qualquer
seguidor dele. Cada cristão, como discípulo do Senhor deve estar com o espírito
aberto para qualquer ensinamento ou revelação do seu Mestre, Jesus. Cada
cristão deve pôr-se para a escuta, seguir a escola do Mestre Jesus e escutar
Sua palavra. Um discípulo jamais deixará de aprender do seu mestre. Em relação
a Jesus, seu grande Mestre, os cristãos jamais poderão ser considerados como
“formados”, mas permanentes discípulos, sempre aprenderão, sempre encontrarão
novidades no seu discipulado. O Mestre Jesus ressuscitado continua ensinando os
cristãos através de Seu Santo Espírito (cf. Jo 16,12-13).
2. A fé firme em Deus, Nosso Pai,
Expulsa o Medo e Mantém-nos Prudentes
“Não tenhais medo daqueles que
matam o corpo, mas não podem matar a alma! Pelo contrário, temei aquele que
pode destruir a alma e o corpo no inferno!”.
Aqui Jesus nos relembra que o poder
dos homens é limitado: “Podem matar o corpo, mas não podem matar a alma!”.
O poder do homem não vai além, jamais além da vida terrena (o corpo). O que
representa propriamente o valor, a esperança da vida eterna (a alma), nenhum
poder humana é capaz de destruí-lo. A perda da vida terrena não tem comparação
com a perda da vida eterna. Mas quem tem poder para ambas as coisas (corpo e
alma, terreno e eterno): Deus Nosso Senhor. É Deus quem devemos ter temor. O
temor de Deus nos torna livres, pois o temor gera confiança em Deus.
A fé expulsa o medo, ao mesmo tempo
ensina o fiel a ser prudente (cf. Mt 10,16). A consciência de estar nas mãos do
Senhor e de participar de Seu destino torna o discípulo corajoso, mas prudente:
a prudência para conhecer o inimigo e a avaliação prática de sua periculosidade
para agir sabiamente, mas sem perder a simplicidade.
Não é o êxito imediato diante dos
homens que conta e sim o êxito de nossa missão diante dos olhos de Deus que vê,
não somente as aparências, e sim o interior e o esforço que fazemos. Quando nos
sentimos filhos do Pai celeste e irmãos dos demais filhos de Deus e testemunhas
de Jesus, nada nem ninguém podem nos destruir, nem sequer as perseguições e a
morte. Todos nós estamos nas mãos de Deus!
3. Diante Dos Olhos De Deus Somos
Valiosos
Não tenhais medo! Vós
valeis mais do que muitos pardais. Até os cabelos da cabeça estão todos
contados.
Por três vezes Jesus nos repete para
não termos medo. Para Jesus, Deus está presente nos menores acontecimentos de
nossa vida de cada dia. Deus está por dentro de tudo. Deus sabe de tudo e se
interessa por todas as Suas criaturas e ama todas as criaturas. Com muita mais
razão Deus se interessa por todos os homens e mulheres que são Sua imagem e
semelhança e seus filhos e filhas muito amados razão pela qual Ele enviou seu
Filho unigênito para salvá-los (cf. Jo 3,16). Por isso, Jesus afirma: “Vós
valeis mais do que muitos pardais”. Até os detalhes de nossa vida Deus
sabe: até os cabelos de nossa cabeça estão todos contados por Deus. Todos nós
estamos nas mãos de Deus. Se Deus cuida até dos pardais, os pequenos animais e
o lírio no campo, quanto mais seus fiéis que somos nós todos. Eu estou sob a
providência divina, eu estou nas mãos de Deus, eu estou com Deus em todos os
momentos da minha vida, aconteça o que acontecer.
4. Somos Chamados e Enviados Como Voz do
Senhor
“O que vos digo na escuridão,
dizei-o à luz do dia; o que vós escutais ao pé do ouvido, proclamai-o sobre os
telhados!”.
Estas imagens evocam a idéia de
confidência: Jesus nos fala baixo, a meia voz, junto ao ouvido. É preciso
escutar Jesus que fala ao nosso ouvido, que fala em silêncio. Ele fala no nosso
ouvido porque quer confiar algo valioso para nós. E tudo que Ele fala e nos
ensina temos que proclamar para os outros. Somos a voz do Senhor para os
outros. Devemos ser praticantes do bem nos tempos oportunos e inoportunos.
Não podemos continuar calados diante
da dor, diante da injustiça e da opressão que vivem nossos irmãos. Não podemos
deixar-nos silenciar nem ser diferentes diante da situação da pobreza, do
empobrecimento e da exploração, diante da desonestidade e corrupção que sofrem
nossas comunidades. Jesus foi crucificado para nos salvar. Somos chamados a
salvar nossos irmãos, inclusive os que não têm consciência ainda de que os
outros os quais eles exploram são seus irmãos, filhos e filhas do mesmo Pai do
céu.
Mas ser voz do Senhor tem seus
riscos fatais. A comunidade cristã leva uma mensagem que, às vezes ou muitas
vezes, choca contra os interesses de certas pessoas e de certos setores. Mas
com a força do Espírito de Deus que nos assiste, não nos cansemos nem podemos
ter vergonha de dar testemunho de Cristo e continuemos a anunciar a Boa Nova da
salvação que Deus nos ofereceu.
Jesus foi objeto de contradições
(cf. Lc 2,34-35) e acabou sua vida na Cruz. Mas nunca cedeu, não desanimou e
continuou a fazer ouvir Sua voz profética, anunciando e denunciando apesar de
que sabia que incomodava os poderosos por causa de seus interesses afetados.
Desta maneira Jesus salvou a humanidade e foi elevado à glória da ressurreição.
“O discípulo não está acima do mestre, nem o servo acima do seu senhor”.
Se vivermos piedosamente todos os ensinamentos de Jesus não tem como sermos
perseguidos. Mas o bem que fazemos, a honestidade que praticamos, a partilha
que vivemos tem a marca divina. “Temei aquele que pode destruir a alma e
o corpo no inferno!”, isto é, o próprio Deus que nos ama até nos
detalhes.
P. Vitus Gustama,svd
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