quinta-feira, 10 de julho de 2014

 
SER PERMANENTE DISCÍPULO QUE SE SABE AMADO POR DEUS

Sábado da XIV Semana Comum
12 de Julho de 2014
 

Evangelho: Mt 10,24-33

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 24 “O discípulo não está acima do mestre, nem o servo acima do seu senhor. 25 Para o discípulo, basta ser como o seu mestre, e para o servo, ser como o seu senhor. Se ao dono da casa eles chamaram de Belzebu, quanto mais aos seus familiares! 26 Não tenhais medo deles, pois nada há de encoberto que não seja revelado, e nada há de escondido que não seja conhecido. 27 O que vos digo na escuridão, dizei-o à luz do dia; o que escutais ao pé do ouvido, proclamai-o sobre os telhados! 28 Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma! Pelo contrário, temei aquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno! 29 Não se vendem dois pardais por algumas moedas? No entanto, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do vosso Pai. 30 Quanto a vós, até os cabelos da cabeça estão todos contados. 31 Não tenhais medo! Vós valeis mais do que muitos pardais. 32 Portanto, todo aquele que se declarar a meu favor diante dos homens, também eu me declararei em favor dele diante do meu Pai que está nos céus. 33 Aquele, porém, que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante do meu Pai que está nos céus.
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Continuamos ainda a acompanhar o discurso de Jesus sobre a missão. O evangelista Mateus tem plena consciência de que cada discípulo é missionário. E para ser missionário tem que ser discípulo. É preciso estar com o Senhor para, depois, ser seu missionário. Ser cristão é ser discípulo-missionário do Senhor.


Na passagem do Evangelho deste dia, como as do anterior dentro contexto do discurso, Jesus continua dando Suas instruções sobre a maneira com que os discípulos-missionários devem se comportar na missão.


1. Ser Cristão é Ser Eterno Discípulo do Mestre Jesus


“O discípulo não está acima do mestre, nem o servo acima do seu senhor”. 


Mestre e discípulos estão relacionados entre si pela função de ensinar e de aprender. Diante de Jesus seu Mestre, os seguidores são discípulos. Os discípulos têm que viver a doutrina de Jesus e cumprir as Suas ordens. O cristão basta ser discípulo, mas o seu ser deve ser o do Mestre Jesus, isto é, viver o modo de viver de Jesus, optar por aquilo que Jesus optou, lutar pela causa de Jesus. Isto requer uma aprendizagem contínua, pois Jesus como a própria Palavra de Deus sabe mais do que qualquer seguidor dele. Cada cristão, como discípulo do Senhor deve estar com o espírito aberto para qualquer ensinamento ou revelação do seu Mestre, Jesus. Cada cristão deve pôr-se para a escuta, seguir a escola do Mestre Jesus e escutar Sua palavra. Um discípulo jamais deixará de aprender do seu mestre. Em relação a Jesus, seu grande Mestre, os cristãos jamais poderão ser considerados como “formados”, mas permanentes discípulos, sempre aprenderão, sempre encontrarão novidades no seu discipulado. O Mestre Jesus ressuscitado continua ensinando os cristãos através de Seu Santo Espírito (cf. Jo 16,12-13).


2. A fé firme em Deus, Nosso Pai, Expulsa o Medo e Mantém-nos Prudentes


Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma! Pelo contrário, temei aquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno!”.


Aqui Jesus nos relembra que o poder dos homens é limitado: “Podem matar o corpo, mas não podem matar a alma!”. O poder do homem não vai além, jamais além da vida terrena (o corpo). O que representa propriamente o valor, a esperança da vida eterna (a alma), nenhum poder humana é capaz de destruí-lo. A perda da vida terrena não tem comparação com a perda da vida eterna. Mas quem tem poder para ambas as coisas (corpo e alma, terreno e eterno): Deus Nosso Senhor. É Deus quem devemos ter temor. O temor de Deus nos torna livres, pois o temor gera confiança em Deus.


A fé expulsa o medo, ao mesmo tempo ensina o fiel a ser prudente (cf. Mt 10,16). A consciência de estar nas mãos do Senhor e de participar de Seu destino torna o discípulo corajoso, mas prudente: a prudência para conhecer o inimigo e a avaliação prática de sua periculosidade para agir sabiamente, mas sem perder a simplicidade.


Não é o êxito imediato diante dos homens que conta e sim o êxito de nossa missão diante dos olhos de Deus que vê, não somente as aparências, e sim o interior e o esforço que fazemos. Quando nos sentimos filhos do Pai celeste e irmãos dos demais filhos de Deus e testemunhas de Jesus, nada nem ninguém podem nos destruir, nem sequer as perseguições e a morte. Todos nós estamos nas mãos de Deus!


3. Diante Dos Olhos De Deus Somos Valiosos


Não tenhais medo! Vós valeis mais do que muitos pardais. Até os cabelos da cabeça estão todos contados.


Por três vezes Jesus nos repete para não termos medo. Para Jesus, Deus está presente nos menores acontecimentos de nossa vida de cada dia. Deus está por dentro de tudo. Deus sabe de tudo e se interessa por todas as Suas criaturas e ama todas as criaturas. Com muita mais razão Deus se interessa por todos os homens e mulheres que são Sua imagem e semelhança e seus filhos e filhas muito amados razão pela qual Ele enviou seu Filho unigênito para salvá-los (cf. Jo 3,16). Por isso, Jesus afirma: “Vós valeis mais do que muitos pardais”. Até os detalhes de nossa vida Deus sabe: até os cabelos de nossa cabeça estão todos contados por Deus. Todos nós estamos nas mãos de Deus. Se Deus cuida até dos pardais, os pequenos animais e o lírio no campo, quanto mais seus fiéis que somos nós todos. Eu estou sob a providência divina, eu estou nas mãos de Deus, eu estou com Deus em todos os momentos da minha vida, aconteça o que acontecer.


4. Somos Chamados e Enviados Como Voz do Senhor


“O que vos digo na escuridão, dizei-o à luz do dia; o que vós escutais ao pé do ouvido, proclamai-o sobre os telhados!”.  


Estas imagens evocam a idéia de confidência: Jesus nos fala baixo, a meia voz, junto ao ouvido. É preciso escutar Jesus que fala ao nosso ouvido, que fala em silêncio. Ele fala no nosso ouvido porque quer confiar algo valioso para nós. E tudo que Ele fala e nos ensina temos que proclamar para os outros. Somos a voz do Senhor para os outros. Devemos ser praticantes do bem nos tempos oportunos e inoportunos.


Não podemos continuar calados diante da dor, diante da injustiça e da opressão que vivem nossos irmãos. Não podemos deixar-nos silenciar nem ser diferentes diante da situação da pobreza, do empobrecimento e da exploração, diante da desonestidade e corrupção que sofrem nossas comunidades. Jesus foi crucificado para nos salvar. Somos chamados a salvar nossos irmãos, inclusive os que não têm consciência ainda de que os outros os quais eles exploram são seus irmãos, filhos e filhas do mesmo Pai do céu.


Mas ser voz do Senhor tem seus riscos fatais. A comunidade cristã leva uma mensagem que, às vezes ou muitas vezes, choca contra os interesses de certas pessoas e de certos setores. Mas com a força do Espírito de Deus que nos assiste, não nos cansemos nem podemos ter vergonha de dar testemunho de Cristo e continuemos a anunciar a Boa Nova da salvação que Deus nos ofereceu.


Jesus foi objeto de contradições (cf. Lc 2,34-35) e acabou sua vida na Cruz. Mas nunca cedeu, não desanimou e continuou a fazer ouvir Sua voz profética, anunciando e denunciando apesar de que sabia que incomodava os poderosos por causa de seus interesses afetados. Desta maneira Jesus salvou a humanidade e foi elevado à glória da ressurreição. “O discípulo não está acima do mestre, nem o servo acima do seu senhor”. Se vivermos piedosamente todos os ensinamentos de Jesus não tem como sermos perseguidos. Mas o bem que fazemos, a honestidade que praticamos, a partilha que vivemos tem a marca divina. “Temei aquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno!”, isto é, o próprio Deus que nos ama até nos detalhes.
 
P. Vitus Gustama,svd

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