VIVER NA NOVIDADE RADICAL
DE JESUS
Sábado da XIII Semana Comum
05 de Julho de 2014
Evangelho: Mt
9,14-17
Naquele tempo, 14 os
discípulos de João aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Por que razão nós e
os fariseus praticamos jejuns, mas os teus discípulos não?” 15 Disse-lhes
Jesus: “Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está
com eles? Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles
jejuarão. 16 Ninguém põe remendo de pano novo em roupa velha, porque o remendo
repuxa a roupa e o rasgão fica maior ainda. 17 Também não se põe vinho novo em
odres velhos, senão os odres se arrebentam, o vinho se derrama e os odres se
perdem. Mas vinho novo se põe em odres novos, e assim os dois se conservam”.
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O texto do Evangelho de hoje fala
sobre o jejum. Mas, no contexto do evangelho deste dia, não
deveríamos entender a polemica sobre o jejum dentro do contexto da prática
ascética, isto é, privar-se da comida e da bebida com uma finalidade de penitência
ou de solidariedade com os necessitados, repartindo o que temos com eles. Jejuar
consiste essencialmente em nos privar de alimento, pelo sentido da palavra, mas
em geral é referido a qualquer tipo de privação. O jejum começa a reentrar na
nossa cultura atual por razões de dieta e de estética, ou aconselhado por
certas formas de religiosidade, com origem no Oriente.
É evidente que o jejum continua
tendo sentido para os cristãos. Jejum é um melhor meio para expressar nossa humildade
e nossa conversão aos valores essenciais diante de uma sociedade dominada pelo
consumismo desenfreado. Até os judeus piedosos jejuavam duas vezes na semana
(segunda-feira e quinta-feira), como também os seguidores de João. O próprio
Jesus jejuou no deserto (cf. Mt 4,2). A Igreja, como sempre, também
recomenda o jejum, particularmente na Quaresma e pelo menos, uma hora antes da
comunhão eucarística, como está escrito no Código de Direito Canônico (CIC): “Quem
vai receber a santíssima Eucaristia abstenha-se de qualquer comida ou bebida,
excetuando-s somente água e remédio no espaço de ao menos uma hora antes da
sagrada comunhão” (Cân. 919). Fala-se de ao menos uma hora antes da sagrada
comunhão e não uma hora antes da missa.
Nós, cristãos, jejuamos porque
ainda não nos deixamos invadir completamente pelo amor de Cristo Jesus. Jejuamos
para Lhe dar lugar em nós, para que o Senhor possa ocupar toda a nossa
existência a fim de que sejamos reflexos d’Ele neste mundo. Jejuamos para nos
unirmos à sua Paixão-Ressurreição.
Mas podemos entender mal as
motivações do jejum ou até cair no egoísmo e no orgulho. Por isso, a mesma
Igreja, nos alerta para duas dimensões essenciais do jejum: a sua referência a
Cristo e a sua dimensão de solidariedade. Além disso, nós jejuamos para nos tornarmos sensíveis à
fome e à sede de tantos irmãos, e para assumirmos a nossa responsabilidade na
resolução dos problemas dos pobres e carentes. O verdadeiro jejum é dividir o
que temos para oferecer a quem nada tem para viver. É dar nossas roupas para
cobrir quem está sem nada para se vestir, comida para quem não a tem, bebida
para quem não tem nada para saciar sua sede e assim por diante (cf. Mt
25,31-46). Sabemos que jamais podemos arrancar totalmente o sofrimento alheio,
mas uma parte dele pode ser aliviada com nossa solidariedade e compaixão.
Ninguém pode entrar no céu feliz deixando o irmão passando fome e outras
necessidades básicas para um ser humano viver dignamente.
O jejum verdadeiro consiste em
quebrar todas as cadeias injustas, em repartir o pão com o faminto. Segundo o
profeta Isaias (Is 58,6-9), o culto deve estar unido à solidariedade com os
necessitados. Caso contrário, não agrada a Deus e é estéril. As manifestações exteriores
de conversão têm a sua prova real na caridade e na misericórdia com os
necessitados, com os pobres, com os carentes do essencial como um ser humano
para viver.
Tendo presentes estas dimensões, entendemos
melhor o sentido do jejum que nos é recomendado e pedido pela Igreja, e mais
facilmente evitamos cair na busca de uma perfeição individualista e fechada, sem
nos preocuparmos com Cristo presentes nos outros (Mt 25,40.45).
Por isso, o jejum cristão não
consiste apenas em abster-se de alimentos. Consiste, sobretudo, em desejar o
encontro com Jesus salvador e o encontro com irmão, especialmente com irmão
carente do básico para viver e sobreviver como um ser humano.
Mas no contexto do evangelho de
hoje o jejum deve ser entendido como sinal da espera messiânica. É uma
controvérsia que os discípulos de João provocam, e que essa polêmica se refere
à aceitação ou não de Jesus Cristo como o enviado de Deus. Essa polêmica tem
como fundo a queixa de Jesus. Os discípulos de João e os fariseus não
reconhecem Jesus como o enviado de Deus e, por isso, não mudam de vida. Por
esta razão Jesus põe três comparações sobre si próprio: Primeiro,
Jesus é o noivo ou esposo e, portanto, todos deveriam estar de festa e na festa
e não de luto. Segundo, Jesus é o traje novo que não admite
qualquer remendo ou algo de coisa velha posto no novo. Terceiro,
Jesus é o vinho novo que não pode ser colocado nos os odres velhos. Os
discípulos de João deveriam aprender a lição porque João chama a si mesmo de “o
amigo do noivo” (Jo 3,29).
O código do mundo em desenvolvimento é a renovação e a transformação. Se não há nada que mude fora de nós é porque nada mudou dentro de nós. "Se procuras algo bom, procura-o em ti mesmo até que o encontres" (Epicteto). Para que possamos alcançar nossos objetivos em tempo recorde, precisamos ser pessoas que renovam sua mente. Renovar significa colocar algo novo na mente. Uma pessoa que alcança o sucesso dos seus sonhos renova continuamente os seus pensamentos e avalia permanentemente suas atividades.
O código do mundo em desenvolvimento é a renovação e a transformação. Se não há nada que mude fora de nós é porque nada mudou dentro de nós. "Se procuras algo bom, procura-o em ti mesmo até que o encontres" (Epicteto). Para que possamos alcançar nossos objetivos em tempo recorde, precisamos ser pessoas que renovam sua mente. Renovar significa colocar algo novo na mente. Uma pessoa que alcança o sucesso dos seus sonhos renova continuamente os seus pensamentos e avalia permanentemente suas atividades.
O que Jesus quer ensinar através do
texto do Evangelho de hoje é a atitude que os seus seguidores devem ter: a
festa e a novidade radical. Estando com Cristo e sabendo que Cristo está com
eles, os cristãos não devem viver tristes. O cristianismo é, sobretudo, festa
porque se baseia no amor de Deus, na salvação que nos oferece em Cristo Jesus,
na vida que não termina com a morte, pois Cristo Jesus venceu a morte através
de sua ressurreição. Todos nós cristãos devemos ter consciência de que Deus nos ama incondicionalmente e acreditamos nesse amor. Jesus veio nos salvar porque Deus nos ama (cf. Jo 3,16). Esse mesmo Cristo Jesus nos comunica sua vida e sua graça
na Eucaristia que nos faz vivermos a vida na alegria e na graça apesar de suas
dificuldades, pois nosso Deus é o Deus-Conosco.
Por isso, viver em Cristo e viver
com Cristo significa viver na novidade radical. Crer em Jesus Cristo e segui-Lo
não significa mudar apenas alguns pequenos detalhes, ou por uns remendos novos
para um traje velho ou guardar o vinho novo da fé nas estruturas caducas do
pecado. Seguir Jesus significa mudar o vestido inteiro, é mudar de mentalidade
para enxergar além das aparências, para ampliar o horizonte. É ter um coração
novo que prefere a misericórdia ao sacrifício (Mt 9,13) . Seguir Cristo
significa que os seus ensinamentos devem afetar toda a nossa vida e não somente
umas orações ou práticas piedosas. As praticas religiosas isoladas do
compromisso com a vida e com os necessitados não nos levam para Deus.
P. Vitus Gustama,svd
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