SER MISSIONÁRIO É SER SIMPLES, PRUDENTE E
PERSEVERANTE
Sexta-Feira
Da XIV Semana Comum
11 de Julho de 2014
Evangelho: Mt 10, 16-23
Naquele tempo, disse Jesus aos seus
discípulos: 16 “Eis que eu vos envio como ovelhas no meio de lobos. Sede, portanto,
prudentes
como as serpentes e simples como as pombas. 17 Cuidado com os homens, porque
eles vos entregarão aos tribunais e vos açoitarão nas suas sinagogas. 18 Vós
sereis levados diante de governadores e reis, por minha causa, para dar
testemunho diante deles e das nações. 19 Quando vos entregarem, não fiqueis
preocupados como falar ou o que dizer. Então naquele momento vos será indicado
o que deveis dizer. 20 Com efeito, não sereis vós que havereis de falar, mas
sim o Espírito do vosso Pai é que falará através de vós. 21 O irmão entregará à
morte o próprio irmão; o pai entregará o filho; os filhos se levantarão contra
seus pais, e os matarão. 22 Vós sereis odiados por todos, por causa de meu nome.
Mas quem perseverar até o fim, esse será
salvo. 23 Quando vos perseguirem numa cidade, fugi para outra. Em verdade vos
digo, vós não acabareis de percorrer as cidades de Israel, antes que venha o
Filho do Homem.
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Estamos ainda no discurso de Jesus
sobre a missão (Mt 9,36-11,1). No texto
do evangelho de hoje Jesus nos recorda que a luta do discípulo na missão contra
o mal está em desvantagem: “Eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos”.
“Ovelha” é a presa fácil para o lobo. Ovelha é mansa, indefesa para qualquer
ataque. Lobo é feroz, forte e persistente. Os discípulos estão bem advertidos:
parecem ser entregues, mansos e sem defesa (como ovelhas) para a brutalidade e
a força de seus adversários (como lobos). Jesus não esconde a verdade aos
cristãos: o evangelho provoca, muitas vezes, a oposição e perseguição. Isto não
espanta Jesus. Ele pede aos cristãos para se manterem valentes como Ele até o
fim. Jesus salvou a humanidade comportando-se como ovelha ou na linguagem do
evangelista João (Jo 1,29.36) como cordeiro: simples e manso (cf. Mt
11,28-30), e não como lobo.
1. Ser Missionário É Ser Prudente
Os cristãos estão no meio do mundo
feroz como o lobo pronto para pegar sua presa (ovelha). Por isso, Jesus alerta
aos cristãos para que sejam prudentes: “Sede, portanto, prudentes como as serpentes”.
A palavra “prudente” vem do latim “prudens-prudentis”
que significa “precavido, competente”. A prudência é a capacidade de ver, de
compenetrar-se e de ajustar-se à realidade. Uma “ovelha prudente” precisa saber
como ela deve se comportar no meio de lobos para não virar uma presa fácil. A prudência
oferece a possibilidade ou a capacidade de discernir o correto do incorreto, o
bom do mau, o verdadeiro do falso, o medo paralisante do medo prudente, o sensato
do insensato para que se tenha uma guia correta para cada ação. A prudência é a
faculdade que nos permite vermos e aprendermos a realidade como ela é para que
possamos nos comportar corretamente ou precisamente. Todo homem sábio vive de
acordo com a prudência. Seus pensamentos e atos são guiados pela prudência. A prudência
nos mantém na nossa integridade.
2. Ser Missionário É Ser Simples
Jesus também quer que cada cristão
seja simples: ”Sede simples como as
pombas”.
O simples não se louva nem se
despreza. Ele é o que é, simplesmente, sem desvios, sem afetação. É a vida sem
frases e sem exageros. O simples não simula nada, pois simular a humildade e a
simplicidade significa arrogância de quem puxa tudo para seu lado. Santo
Agostinho dizia: “Simular humildade é a maior das
soberbas” (De sanc. vir. 43,44). O simples é capaz de reduzir
o mais complexo ao mais simples. O presente é sua eternidade, e o satisfaz.
A simplicidade aprende a se
desprender, acolher o que vem sem nada guardar como coisa sua. Simplicidade é
nudez, despojamento, pobreza. Simplicidade é liberdade, leveza, transparência. A
simplicidade é a transparência do olhar, pureza do coração, sinceridade do
discurso, retidão da alma e do comportamento. A simplicidade é a
espontaneidade, a improvisação alegre, desprendimento, desprezo do prevalecer.
A simplicidade é o esquecimento de si, é nisso que ele é uma virtude. A simplicidade
é a virtude dos sábios e a sabedoria dos santos. Não é por acaso que Jesus faz
o seguinte convite: “Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina,
porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas
almas” (Mt 11,29). Através da simplicidade alcançaremos o repouso para
nosso coração ou para nossa vida.
O Reino de Deus se revela na
debilidade de Jesus e de seus mensageiros. São Paulo dirá também que “é na
fraqueza que se revela totalmente a minha força. Portanto, prefiro gloriar-me
das minhas fraquezas, para que habite em mim a força de Cristo. Eis por
que sinto alegria nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas
perseguições, no profundo desgosto sofrido por amor de Cristo. Porque quando me
sinto fraco, então é que sou forte.” (2Cor 12,9-10). Toda a historia da
Igreja confirma esta verdade. São os pequenos e humildes que fizeram as maiores
obras. Por essa razão, vem a pergunta para cada um de nós: “Será que creio
verdadeiramente que a força de Deus é capaz de fazer grandes coisas na minha
debilidade e através da minha fraqueza?
O discípulo deve ser pobre em
espírito, e deve estar desarmado para possibilitar qualquer diálogo. Ele é
somente rico na fé e na validez do anuncio, pois trata-se da Palavra de Deus
que tem por objetivo salvar os homens e será a ultima palavra para a
humanidade. A missão exige um ambiente de debilidade para forçar o discípulo a
ter fé permanentemente em Deus e para tirar qualquer tipo de ilusão como
discípulo. É Deus quem opera e não os homens. Os homens são instrumentos nas
mãos de Deus.
Mas a debilidade não é presunção
nem superficialidade nem ingenuidade. “Sejam simples e prudentes”, são
as palavras de Jesus. A simplicidade é lealdade, transparência, confiança na
verdade e, portanto, é uma recusa de qualquer meio de violência. A prudência é
a capacidade e a humildade de valorizar e de levar em consideração as situações
concretas. Mas trata-se sempre, por suposto, da prudência de Cristo, não da
prudência do mundo baseada em cálculos cínicos, em diplomacia interesseira e de
compromisso sempre em busca de uma salvação própria, que é uma manifestação do
egoísmo. O egoísmo não convive com o amor, pois o amor leva o homem ao encontro
do outro para oferecer-lhe ajuda. O egoísmo devora tudo o que o outro tem.
A oposição e a perseguição vêem,
muitas vezes, da própria família: “O irmão entregará seu irmão à morte. O
pai, seu filho. Os filhos levantar-se-ão contra seus pais e os matarão”. O
ódio pode nascer em qualquer pessoa e em qualquer lugar. Jesus nos sugere uma
só solução: “Permanecei fieis!”. É conservar a firmeza e o valor, contra toda
decepção, contra toda oposição e contra todo fracasso. O que conta é a salvação
eterna. Precisamos saber que Jesus está conosco. Na obscuridade do fracasso
estamos seguros de que Jesus, com toda certeza, virá e salvará os seus. Mas
Jesus nos alerta e nos afirma: “Aquele que perseverar até o fim, será salvo”.
Será que sou perseverante em tudo como cristão? Perseverança é a capacidade de
resistir até o fim por causa da meta (nobre) a ser alcançada.
3. Ser Missionário É Ser Perseverante
“Mas quem perseverar até o fim, esse
será salvo”.
Perseverar significa a capacidade
de resistir diante de cada dificuldade, porque acreditamos que Deus nos
sustenta e nos levanta em qualquer situação. Quando você somente acredita na
sua própria força, em pouco tempo você vai cair no desespero, pois sua força
tem seu limite. Mas se você se apoiar em Deus, a sua força nunca vai ter o fim,
pois Deus o abastece com sua graça: “Quando me sinto fraco, na verdade sou
forte pois a graça de Deus me sustenta e me levanta”, dizia São Paulo(cf. 2Cor
12,10). Aquele que estiver aberto à graça de Deus para ter a capacidade de
resistir e rezar com perseverança para a alcançar, poderá dizer com o Apóstolo
Paulo: “Tudo posso nAquele que me dá
força”(Fl 4,13). Com esta fé Deus nos convida a remetermos para nossas forças
interiores, como dizia o filósofo romano, Epicteto(55 d.C-135 d.C):
· “Cada dificuldade
na vida nos oferece uma oportunidade para nos voltarmos para dentro de nós
mesmos e recorrermos aos nossos recursos interiores escondidos ou mesmo
desconhecidos. As provações que suportamos podem e devem revelar-nos quais são
as nossas forças. As pessoas prudentes enxergam além do incidente em si e
procuram criar o hábito de utilizá-lo da maneira mais saudável. Você possui
forças que provavelmente desconhece. Encontre a que necessita nesse momento.
Use-a” (cf. A Arte de Viver, Editora
Sextante).
Esta capacidade não é só para
utilizar em casos alarmantes. Ao contrário, só conseguiremos avançar no nosso
caminho, se procurarmos aproveitar plenamente as diferentes oportunidades de
momento, tendo os olhos sempre postos na meta. Só assim, a nossa capacidade de
resistir pode e deve fortalecer-se, mesmo no meio das dificuldades. É aí que
ela se torna mais necessária.
A capacidade de resistir precisa
ser sempre renovada na oração. Como cristãos rezamos sem cessar, pedindo a
graça da perseverança final. Estamos, todavia, conscientes de que isto leva
consigo a disponibilidade para mudar/ se converter, porque estamos conscientes
de que a nossa fidelidade é continuamente posta à prova e de que está exposta a
contínuas tentações.
“Aquele que perseverar até o fim, será salvo”.
Será que sou perseverante em tudo como cristão? Perseverança é a capacidade de
resistir até o fim por causa da meta (nobre) a ser alcançada. Mas será que
tenho metas claras para minha vida e minha salvação? Será que eu vivo com
objetivo claro? Em tudo que eu fizer e falar deve ter objetivo claro para não fazer
por fazer ou falar por falar.
P.Vitus Gustama, SVD
Um comentário:
"Em verdade vos digo, vós não acabareis de percorrer as cidades de Israel, antes que venha o Filho do Homem."
E o que estas palavras significam exatamente?
Bom dia e Paz!
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