DEUS ESTÁ EM NÓS E
ENTRE NÓS
Quinta-Feira da XXXII
Semana Comum
13 de Novembro de 2014
Evangelho: Lc 17,20-25
Naquele tempo, 20os
fariseus perguntaram a Jesus sobre o momento em que chegaria o Reino de Deus.
Jesus respondeu: “O Reino de Deus não vem ostensivamente. 21Nem se
poderá dizer: ‘Está aqui’ ou ‘Está ali’, porque o Reino de Deus está entre
vós”. 22E Jesus disse aos discípulos: “Dias virão em que desejareis ver um
só dia do Filho do Homem e não podereis ver. 23As pessoas vos dirão:
‘Ele está ali’ ou ‘Ele está aqui’. Não deveis ir, nem correr atrás. 24Pois,
como o relâmpago brilha de um lado até o outro do céu, assim também será o
Filho do Homem, no seu dia. 25Antes, porém, ele deverá sofrer muito
e ser rejeitado por esta geração”.
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Continuamos escutando as últimas e
importantes lições de Jesus para todos os cristãos dadas na sua ultima viagem
para Jerusalém (Lc 9,51-19,28). Na passagem do evangelho deste dia Jesus quer
que abramos o coração e os olhos para perceber a presença do Reino de Deus em
nós e entre nós.
Os fariseus voltaram a fazer sua
pergunta para Jesus, e desta vez sobre o quando da vinda do Reino de Deus (eles
perguntam sobre o momento exato da vinda do Reino de Deus). Quais são seus
sinais? Trata-se de uma pergunta apocalíptica. Este tipo de pergunta
normalmente surge no momento de crise como no da perseguição ou no momento da
ocupação estrangeira ou em outras situações semelhantes em que o povo local ou
as pessoas sofrem bastante.
Era assim a experiência do povo
eleito. No tempo de perseguição e de domínio estrangeiro na Palestina o povo
começou a se interessar sobre a chegada do Reino de Deus para acabar com a
perseguição e o domínio do poder estrangeiro que era considerado como um poder
pagão (impuro). Em outras palavras, dentro desta perspectiva, para os judeus na
época os sinais do Reino de Deus seriam uma força espetacular e um poder
avassalador que eliminaria o poder estrangeiro (poder romano) a fim de restabelecer
o reino esplendor do rei Davi.
Na mente dos fariseus estava viva a
memória da libertação da escravidão do Egito que despertava a esperança de
acontecer a mesma libertação, que desta vez, do poder estrangeiro (romano)
instalado na Palestina.
A memória nos ajuda a encurtarmos a
distância e o tempo. A memória nos leva, mentalmente, para os acontecimentos
passados. A memória, se for usada corretamente, nos ajuda a renovarmos as
forças para continuar nossa luta ou para melhorar a qualidade de nossa vida.
Dizia o filósofo Sören Kiekergaard: “A vida só pode ser compreendida
olhando-se para trás, mas só pode ser vivida olhando-se para frente”.
Muitas vezes começamos a entender o sentido de uma experiência depois que nos
distanciamos do seu acontecimento e depois que criamos um momento de silêncio e
de reflexão. Para quem acredita em Deus não há coincidência, e sim a
providência. Por incrível que pareça, Deus nos fala sobre muitas coisas de
nossa vida em todos os momentos. A vida e o universo são o livro divino em
que Deus escreveu algo sobre nós e obviamente sobre Ele próprio. Basta
termos tempo para reler nossas experiências
na tranqüilidade de nossa meditação a fim de encontrar seu sentido.
Cada dia é uma página onde Deus escreve sua mensagem para nós e sobre nós.
nenhum dia pode nos atrapalhar na leitura da mensagem de Deus. Cada dia é uma
página nova de nossa vida.
Jesus respondeu aos fariseus com as
seguintes palavras: “O Reino de Deus não vem ostensivamente. Nem se poderá
dizer: ‘Está aqui’ ou ‘Está ali’, porque o Reino de Deus está entre vós”.
As palavras de Jesus são muito
profundas. O Reino de Deus é o Reino de amor, de corações, de sentimentos
fraternos, de fé, de fidelidade, de igualdade, de mútuo respeito, de comunhão
como irmãos, de entrega pelo bem de todos a exemplo do próprio Jesus e por
isso, está ao alcance de todos. Em Jesus se realiza o Reino de Deus: “O Reino
de Deus está entre vós”. Jesus é o Rei de amor, de fraternidade, de dignidade,
de igualdade, de compaixão, de reconciliação, de esperança e assim por diante.
Vivendo como Jesus viveu será cumprido em nós o que o Senhor nos disse hoje: “O
Reino de Deus está entre vós”. Se não vivermos como Jesus viveu, o Senhor e os
outros vão nos dizer: “O Reino de Deus não está entre vós”, pois “Não existem
sinais premonitórios extraordinários, externos à historia humana, que possam
dispensar o homem da liberdade e da responsabilidade pessoal. O Reino de Deus diz respeito à história
humana confrontada com a ação e a presença de Deus, como revelado naquilo que
Jesus faz e diz [cf. Lc 11,20]” (Rinaldo Fabris). O Reino de Deus está dentro
daqueles que vivem segundo a vontade de Deus que se resume no amor fraterno
como concretização do amor a Deus. Eles são sinais da presença de Deus neste
mundo.
Além disso, através de Sua Palavra
de hoje Jesus nos faz um apelo à responsabilidade humana de nos prepararmos,
com toda a liberdade e seriedade para o encontro com o Senhor diariamente, pois
“O Reino de Deus está entre vós”. A consciência da presença do Reino de Deus
entre nós muda nossa maneira de viver e conviver, nos coloca na ordem das
coisas e da escala de valores e de prioridades, nos serena apesar de tudo, nos
tira de qualquer desespero. Essa consciência não nos faz corrermos, de cá para
lá, em busca de fatos extraordinários ou milagres. Observando as palavras de
Jesus e sua maneira de viver teremos capacidade de perceber o senhorio absoluto
de Deus na história humana. Quem deixar Deus como Senhor de sua vida, será
transformado em manifestação de Deus neste mundo e todos vão perceber e dizer:
“O reino de Deus está nele”. Se o Reino de Deus está entre nós, não devemos
ficar desesperados quando aparecer alguma dificuldade, pois quando se fala do
Reino inclui o próprio Rei que é Deus. “O Reino de Deus está entre vós”
equivale a nos dizer “Deus está entre vós. Deus está convosco” (cf. Mt 28,20).
P. Vitus Gustama, svd
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