ARCANJOS: MIGUEL, GABRIEL
E RAFAEL
29
de Setembro
Evangelho: Jo 1,47-51
Naquele tempo, 47Jesus viu Natanael que vinha para
ele e comentou: “Aí vem um israelita de verdade, um homem sem falsidade”. 48 Natanael perguntou: “De onde me
conheces?” Jesus respondeu: “Antes que Filipe te chamasse, enquanto estavas
debaixo da figueira, eu te vi”. 49 Natanael respondeu: “Rabi, tu és o
Filho de Deus, tu és o Rei de Israel”. 50 Jesus disse: “Tu crês porque te
disse: “Eu te vi debaixo da figueira? Coisas maiores que esta verás!” 51 E Jesus continuou: “Em verdade, em
verdade eu vos digo: Vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo
sobre o Filho do Homem”.
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O texto do evangelho deste dia é
escolhido em função da festa dos Arcanjos: Miguel, Gabriel e Rafael. No
evangelho de hoje Jesus descreve Natanael como modelo de israelita: “Eis um
verdadeiro israelita, em quem não há fraude” (Jo 1,47). Natanael representa
precisamente Israel eleito que conservou a fidelidade a Deus. E Jesus renova a
eleição.
“Antes que Filipe te chamasse, eu
te vi quando estavas de baixo da figueira”, disse Jesus a Natanael. A
menção da figueira alude ao Livro do profeta Oseías 9,10: “Encontrei Israel
como cachos de uvas no deserto; vi os vossos pais como os primeiros frutos da
figueira”.
Natanael reage com entusiasmo e diz
a Jesus: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel”. Natanael
chama Jesus de “Rabi”, isto é, Mestre fiel à tradição, e “Rei”, interpretado
como rei de Israel, o Ungido, o prometido sucessor de Davi (Sl 2,26s; 2Sam 7,14;
Sl 89,4s.27) que restaurará a grandeza do povo.
Diante da reação de Natanael Jesus
disse aos discípulos: “Em verdade, em verdade vos digo: vereis o céu aberto
e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem” (Jo 1,51). A
obra do Messias não se limita à eleição de Israel (figueira). Jesus faz a
primeira declaração sobre si mesmo e alude à visão de Jacó em Betel (Gn 28,11-27)
fazendo uma promessa (“vereis”), a comunicação permanente com Deus em Jesus (“o
céu aberto”). Este céu aberto acontece no “batismo” de Jesus no Jordão (cf. Mc
1,10; Mt 3,16; Lc 3,21). A promessa se realizará na cruz na qual a glória ou o
amor brilhará (cf. Jo 19,34).
“Em verdade, em verdade vos digo:
vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e
descendo sobre o Filho do Homem”, disse Jesus (Jo 1,51). Neste dia
celebramos a festa dos Arcanjos: Miguel, Gabriel e Rafael.
Na Bíblia se evita apresentar Deus
atuando em forma direta na história, pois isto ameaçaria a transcendência de
Deus. Por isso, aparece um anjo (=mensageiro) que na verdade é Deus mesmo que
atua na história. E a história não é somente o que se vê e se toca. Há uma
dimensão transcendente, oculta e invisível da história. A revelação é um
desocultamento dessa realidade, que é o fundamento de nossa esperança. Os anjos
(mensageiros) são os que nos recordam e os que nos fazem visível essa dimensão
transcendente. Por isso, o mundo dos anjos não é outro mundo e sim a dimensão
transcendente de nossa história. Crer nos anjos significa crer na presença
transcendente de Deus na história. Atrás de cada pessoa e de cada sucesso
libertador há sempre um anjo, isto é, há sempre uma realidade divina
transcendente.
Os Arcanjos: Miguel, Gabriel e
Rafael são símbolos dessa comunicação entre Deus e os homens, um Deus que em
Jesus infunde força (Gabriel significa Deus é forte), cura (Rafael significa
Deus cura) e se mostra totalmente diferente (Miguel significa quem como Deus?),
como Pai de todos. A presença dos anjos que são mensageiros é uma forma de Deus
estar sempre com seu povo. Deus jamais abandona seu povo fiel.
1. São Miguel (hebraico “mikael” significa “Quem é como Deus?”).
Na bíblia ele é mencionado somente
em Dn, em Epístola de Judas (Jd 9) e em Apocalipse. No AT o nome encontra-se
apenas em Dn 10,13.21;12,1 onde Miguel é chamado “um dos primeiros príncipes” e
“o grande príncipe” representante e defensor de Israel. Miguel é concebido como
um espírito celeste que vela pelos judeus. Em Ap 12,7 Miguel é o chefe dos
Anjos na batalha contra o Dragão e seus anjos. Na liturgia cristã, Miguel é o
protetor da Igreja e o Anjo que acompanha as almas dos mortos ao céu.
Miguel sempre foi considerado como o
Anjo que luta por nós. Ele derrota o Dragão. É corajoso lutador de Deus. Por
isso, Miguel não é nenhum anjo bonitinho, e sim um Anjo de muita força. E esta
força de Deus envia a cada pessoa para que não seja vencida pelos poderes deste
mundo. Ao nosso lado está um anjo que luta por nós. Ele nos defende quando
pessoas lutam contra nós.
2. Gabriel (hebraico “gabriel” significa “homem de Deus” ou “Deus é
forte”).
“Gabriel” é nome próprio de um anjo,
não arcanjo. Só na literatura posterior é chamado arcanjo. No AT ele aparece
pela primeira vez em Dn, explicando a Daniel a visão do carneiro e do bode (Dn 8,16-26),
e o sentido dos setenta anos de Jr 25,11;29,10 (Dn 9,21-27). No NT Gabriel
aparece a Zacarias, anunciando-lhe o nascimento de João Batista (Lc 1,11-20). Ele
chama-se a si mesmo Gabriel, que está diante da face de Deus (cf. Tb 12,15). Ele
é quem leva a Boa Nova a Maria (Lc 1,26-38). A figura de Gabriel é a de
embaixador de Deus.
Como aconteceu com Daniel, Gabriel
nos interpreta as nossas visões. Ele nos faz compreender o que já intuímos em
nosso coração. Mas precisamos compreender também o que Deus deseja operar em
nós. Gabriel nos faz compreender o que Deus realiza em nós.
3. Rafael (hebraico “refael” significa “Deus cura/curou”)
Segundo o livro de Tobias (Tb 12,15)
Rafael é um dos sete anjos ou arcanjos que estão diante do Senhor. Ele
desempenha papel importante na história de Tobias. Rafael é o companheiro de
viagem (Tb 5-6), aquele que cura (Tb 6; 11,1-15), aquele que expulsa demônios (Tb
6,15-17;8,1-13). É um dos sete anjos que oferecem as orações do povo de Deus e
são admitidos na presença do Senhor (Tb 12,15). Peçamos a ele que cure nossas
doenças e males que fazem ninhos em nosso coração.
Rafael não é somente o Anjo que cura
as feridas nossas ou aquele que expulsa os demônios ou o companheiro, mas
também é o Anjo que possibilita as relações sadias. Através de Rafael Tobias
torna-se capaz de amar sua mulher sem ser morto por ela. E aprende a amar seu
pai sem ser determinado por ele.
Tudo isso quer nos dizer que Deus
está sempre ao nosso lado. Ele é providente para quem se abre a ele. Deus nunca
abandona os seus nesta terra (Mt 28,20) desde que sejamos fiéis a Ele
eternamente. E somos chamados a ser “anjos” para os outros, isto é, ser mensageiros
de Deus que leva somente coisas boas (evangelizar).
P. Vitus Gustama,svd
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