SEGUIR A JESUS
INCONDICIONALMENTE PARA ALCANÇAR A LIBERDADE
Quarta-Feira Da XXVI Semana Comum
01 de Outubro de 2014
FESTA DE SANTA TERESINHA
Evangelho: Lc 9,57-62
Naquele tempo, 57 enquanto Jesus e seus discípulos
caminhavam, alguém na estrada disse a Jesus: “Eu te seguirei para onde quer que
fores”. 58 Jesus lhe respondeu: “As raposas têm
tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a
cabeça”. 59 Jesus disse a outro:
“Segue-me”. Este respondeu: “Deixe-me primeiro ir enterrar meu pai”. 60 Jesus respondeu: “Deixa
que os mortos enterrem os seus mortos; mas tu, vai anunciar o Reino de Deus”. 61 Um outro ainda lhe disse: “Eu te seguirei, Senhor, mas
deixa-me primeiro despedir-me dos meus familiares”. 62 Jesus, porém,
respondeu-lhe: “Quem põe a mão no arado e olha para trás não está apto para o
Reino de Deus”.
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SANTA TERESINHA DO
MENINO JESUS E DA SAGRADA FACE
Santa
Teresinha viveu uma vida que não foi fácil. Mas ela sabe aproveitar o que é
sofrido para seu crescimento na santidade e no amor ao próximo, expressão de
seu amor para Deus.
Nos primeiros anos de sua infância,
Santa Teresinha era uma alegria só para sua família. A tristeza começou a
invadir sua vida quando sua mãe morreu de câncer e Teresinha tinha apenas 4
anos de idade. Ela escolheu, então, Paulina, sua irmã, como sua “Segunda mãe”.
Teresinha começou a se fechar sobre si mesma e sobre seu ambiente familiar. Mas
recebeu uma boa formação de sua irmã, Paulina. Na procissão do Corpus Christi,
em junho de 1878, aos 5 anos de idade, começou a se intensificar o seu amor à
Eucaristia: ela gostava de jogar as pétalas de rosas na direção do ostensório
durante a procissão. Quando tinha 9 anos de idade sua irmã, que é sua “segunda
mãe” entrou no Carmelo de Lisieux. Teresa sofre com a perda de sua “segunda
mãe”. Teresa começa a ter dores de cabeça, quase contínuas e sofre o
desequilíbrio afetivo. Mas cura milagrosamente pelo sorriso da virgem Maria.
Teresa assume, então, a Nossa Senhora
como Mãe ( aos 10 anos de idade). Aos 14 anos de idade, ela pede ao pai
para ela entrar no Carmelo aos 15 anos de idade. Eles fazem, então, a viagem
para Roma para pedir ao Papa Leão XIII para entrar no Carmelo com 15 anos. Foi
aceito o pedido. Aos 15 anos Teresa começa uma das grandes purificações
espirituais de sua vida. Aos 16 anos, estando no Carmelo, seu pai, Sr. Martin,
tem uma crise de alucinação e é internado num hospício da cidade. Mas Teresa
recebe uma graça de união à Santa Virgem Maria na ermida de Santa madalena. Aos
17 anos Teresa faz sua profissão religiosa e acrescenta “Sagrada Face” ao seu
nome religioso e começou a ler as obras de São João da Cruz. Sua irmã, Paulina,
foi eleita priora e Teresa é nomeada auxiliar da mestra de noviças aos 20 aos
de idade. Quando Teresa tinha 21 anos de idade, seu pai morreu. Ela recebe sua
irmã o caderno com citações bíblicas sobre “pequena via”. Aos 22 anos Teresa
começa a ter as iluminações sobre Deus como Amor misericordioso. Um dos anos
mais felizes de Teresa. No dia 30 de julho de 1897 recebeu a Unção dos
Enfermos. E recebeu pela ultima vez a sagrada comunhão no dia 19 de agosto de
1897. E às 19h do dia 30 de setembro de 1897, aos 24 anos de idade, soltou o
ultimo suspiro num êxtase de amor e partiu para junto do Deus de amor. Por isso
ela escreveu: “Eu não morro, entro na vida”. Um ano antes de sua morte ela
escreveu este poema:
“Divino Salvador, no fim de minha vida,
Vem me buscar, sem sombra de atraso.Ah! Mostra-me a tua infinita ternura
E do teu divino olhar, a doçura.
Com amor, oh, que tua voz me chame,
Dizendo-me: Vem, tudo está perdoado.
Fica tranqüila, minha fiel esposa.
Vem ao meu coração; tu muito me amaste.
Quando recebeu o retrato de Santa
Teresinha de um bispo missionário, o Papa Pio X escreveu-lhe essa frase: “Ela é
a maior santa dos tempos modernos”. Ela
é a maior santa porque sabe fazer-se pequena por amor de seu amado Jesus
Cristo. É um amor que busca agradar a
Deus através da vivência em plenitude da vida cotidiana, procurando os seus
sinais na cotidianidade da vida. É um amor que se manifesta na abertura aos
irmãos e na delicadeza dos pequenos gestos no interior da comunidade.
Depois que ela leu os capítulos 12
(que fala da Igreja como corpo composto por vários órgãos, no entanto trabalham
em harmonia) e 13 da Primeira Carta de São Paulo aos corintians (que fala do
amor sem o qual tudo se tornaria nada), ela escreveu ou comentou:
·
“Por fim, encontrei o descanso... A caridade me deu a
chave da minha vocação. Se a Igreja possui um corpo composto de diferentes
membros, não pode faltar o mais necessário, o mais excelente de todos os
órgãos: penso que ela tem um coração e que este coração arde em chamas de amor.
Vejo com clareza que somente o amor põe em movimento seus membros, porque, se o
amor se apagasse, os apóstolos não anunciariam o Evangelho, os mártires
recusariam derramar seu sangue... Compreendi que o amor abarca todas as
vocações, que o amor é tudo, que o amor transcende todos os tempos e lugares
porque é eterno...”.
·
“Compreendi que, sem o amor, todas as obras são nada,
mesmo as mais brilhantes, como ressuscitar os mortos ou converter os povos. Um
só ato de amor nos fará conhecer melhor Jesus. O amor nos aproximará dele
durante toda a eternidade”.
·
“Quanto a mim, não conheço outro meio para chegar à
perfeição a não ser o amor. viver de amor é navegar sem cessar, semeando a paz,
a alegria em todos os corações. Viver de amor é dar sem medida, banir todo
temor, toda lembrança das faltas passadas. Façamos de nossa vida um sacrifício
contínuo, um martírio de amor. Só o amor conta. O fogo do amor é mais
santificante do que o fogo do purgatório. Eu não morro, entro na vida”.
Que Santa Teresinha interceda por
nós para que possamos viver no amor e na simplicidade para que possamos
alcançar o céu que é o próprio Deus de amor .
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O texto do evangelho lido neste dia
se encontra no conjunto d o texto que fala da ultima viagem de Jesus para
Jerusalém, pois lá ele será crucificado e morto. Durante a viagem para
Jerusalém Jesus vai dando suas ultimas lições para seus discípulos e para os
cristãos de todos os tempos e lugares. Trata-se das lições do caminho.
No evangelho deste dia Jesus põe
outras três exigências. O primeiro diálogo sugere que o discípulo deve
despojar-se das preocupações materiais exageradamente: para o discípulo, o
Reino tem de ser infinitamente mais importante do que as comodidades e o
bem-estar material. O segundo diálogo sugere que o discípulo deve despegar-se
dos deveres e obrigações que, apesar da sua relativa importância impedem uma
resposta imediata e radical ao Reino. O terceiro diálogo sugere que o discípulo
deve despegar-se de tudo para fazer do Reino a sua prioridade fundamental. Em
outras palavras, seguir a Jesus exige disponibilidade, radicalidade de entrega
e coerência. Quem quiser seguir a Jesus,
não pode deter-se a pensar nas vantagens ou desvantagens materiais que isso lhe
traz, nem nos interesses que deixou para trás, nem nas pessoas a quem tem de
dizer adeus. Muitas vezes a exigência do “ter” não serve mais para encobrir e
dissimular a pobreza do “ser”. O que se deve viver é ser pobre no espírito e
não ser pobre do espírito. A pobreza no espírito tem o amor como ponto de
partida e como ponto de chagada. Por isso, pode-se dizer que a pobreza no
espírito é mais do que uma renúncia, é uma conquista.
Muitas das vezes temos tentação de
estar dispostos a seguir a Jesus apenas durante umas horas de nossa vida, ou em
uns aspectos de nossa vida. Muitas das vezes temos tentação de colocar
condições a Jesus para segui-Lo, apresentando supostamente boas desculpas, como
narra o evangelho de hoje: “Deixa-me primeiro ir enterrar meu pai” ou “Deixa-me
primeiro despedir-me dos meus familiares”.
O que dizemos parece sensato, mas na verdade é um modo de não aceitar a
radicalidade da exigência que nos arrancaria de nossa mediocridade. Não se pode
perder o tempo em enterrar tantos mortos que estão dentro de nós mesmos e que
nos aprisionam sutilmente: valores mundanos, práticas religiosas sem
compromisso e assim por diante. Tudo isto tem que morrer em nós para que possa
surgir o espírito de liberdade e de vida nova. Jesus não anula o que tem de bom
e de verdadeiro no nosso passado ou do nosso passado, mas nos exige que
aprendamos a olhar a vida a partir de um critério absoluto.
“Segue-me” é o convite de Jesus hoje
para cada um de nós. Vamos nos fazendo cristãos na medida em que nos atrevermos
a seguir a Jesus. Vamos nos abrindo ao Espírito de Jesus para viver como ele
viveu e passar por onde ele passou. O
cristão não é somente aquele que evita o mal e sim aquele que luta contra o mal
e a injustiça como fez Jesus. O cristão não é somente aquele que faz o bem e
sim aquele que luta por um mundo melhor adotando a postura de Jesus e tomando
suas mesmas opções. “Segue-me” é o convite de Jesus para caminhar, para avançar
e não para ficar parado e paralisado. Pessoas que tem coragem de caminhar são
pessoas que fazem a diferença. “Pessoas que fazem diferença não desistem antes de começar, não dão
moradia ao desânimo. Pessoas que fazem a diferença sabem que os problemas são
relativos, transformam fracassos em aprendizados. Pessoas que fazem a diferença
não se deixam amedrontar, alimentam sonhos possíveis. Pessoas que fazem a
diferença começam cada dia com convicção, confiam que a vitória é dos
persistentes no amor” (Canísio Mayer). “Não é porque certas coisas
são difíceis que nós não ousamos; é justamente porque não ousamos que tais
coisas são difíceis”, dizia Sêneca.
P. Vitus Gustama,svd
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